Despedida rumo á África do Sul 2010 - Uruguai vence israelenses 4 x 1 em Montevideu

Os jogos de despedida das seleções classificadas para ás Taças do Mundo em casa, tornam-se apenas treino com algumas exigências para o classificado, último teste oficial para o treinador decidir a turma final, e palco, na maioria das oportunidades para comemorar uma vitória apenas estadística. Foi a festa de 50 mil uruguaios na prévia da África do Sul 2010.

As comemorações organizadas pelas Diretorias das associações antes das Taças do Mundo nem sempre tornam-se festas mesmo. Antes do Mundial Alemanha 1974, Uruguai também no Estádio Centenario venceu o Atlético Mineiro, o time brasileiro do goleiro uruguaio dessa seleção nessa data Ladislao Mazurkiewicz, de 3 x 1.

Após a quarta vaga uruguaia no México 1970, os uruguaios acháramos que a «celeste» estava se encaminhando para continuar mergulhando nas Semis de uma Taça do Mundo até que a «Laranja Mecânica» do grandíssimo Johann Cruyff mostrou que a realidade ia ser uma outra. Alguns dias antes em um jogo perante a Austrália, um jogador «aussie» quebrou a perna do zagueiro uruguaio, que mais logo também ia ser do Atlético Mineiro, Walter «índio» Oliveira, deixando-o fora da maior festa do futebol mundial.

Mais uma vez no Centenario de Montevidéu, em uma tarde ensolarada, a seleção uruguaia acabou jogando duas partidas de treino perante os dois grandões uruguaios, o Nacional e o Peñarol, que fora os resultados que acabaram ocorrendo, houve uma lesão importante para o esquema do treinador Professor Omar Borrás, pois o guardião que foi destaque no Santos de Pelé, Rodolfo Rodríguez ficou sem cuidar a cidadela «celeste» nos quatro jogos do Mundial perante Alemanha 1 x 1, Dinamarca 1 x 6, Escócia 0 x 0 e Argentina 0 x 1. Nessa oportunidade, o lateral-esquerdo José «Charli» Batista tentando proteger a bola na área pequena uruguaia, esticou sua perna e com a bico da chuteira bateu no abdômen do Rodolfo, lesando-o até precisar de cirurgia. O goleiro foi parte da turma final mas como prêmio a sua contribuição na classificação e ao percurso internacional nos gramados do mundo mas ficou sempre no plantão e o titular foi Fernando Alvez. Mesmo que pareça incrível, o pessoal na arquibancada torceu bem mais pelos times do peito que pela própria seleção.

Quase decolando para Itália 1990, numa tarde cinza, o rival uruguaio na despedida mais uma vez no mítico Estádio Centenario foi o Guarani de Assunção de Paraguai, com camisa quase idêntica a do Peñarol de Montevidéu, vencendo os paraguaios de 4 x 3.

As despedidas nem sempre foram festa para os organizadores das partidas, pelo resultado do jogo, ou até pior ainda, por ter deixado alguns ferimentos graves nessas turmas que quase no apito final, mudaram alguns jogadores e próprio planejamento do treinador como acabou de acontecer com o Michael Balack na Alemanha faz poucos dias.

Refletir detalhes de tudo quanto aconteceu no relvado do Estádio Centenario de Montevidéu á partir das 20:30 h da Quarta 26 de Maio de 2010 não ia ser interessante pois felizmente foi mesmo treino de confraternização.

O mais importante para o treinador uruguaio Tabárez é que vai ter a chance de escolher 23 dos 26 futebolistas sem a «ajuda» de uma lesão que tivesse desclassificado um dos jogadores. Uma responsabilidade ruim, bem mais na hora que se percebe que o ambiente na seleção uruguaia é de amizade ou coisa semelhante.

Uruguai que é o nosso destaque de hoje, jogou em campo ao goleiro (01) Fernando Muslera, (02) Diego Lugano (Capitão), (03) Diego Godín, (19) Andrés Scotti, (05) Walter Gargano, (15) Diego «russo» Pérez, (11) Álvaro «palito» Pereira, (16) Maximiliano «macaco» Pereira, (10) Diego Martín Forlán, (09) Luis Suárez e (18) Ignacio González.

Desde o início da segunda metade, pularam no gramado juntos o (8) Sebastián Eguren, (13) Sebastián «Louco» Abreu e (14) Nicolás Lodeiro nas vagas que deixaram (10) Diego Forlán, (05) Walter Gargano e o capitão (02) Diego Lugano.

No eixo dos 63 minutos, pousaram as traves no gramado os uruguaios (07) Edinson Cavani e (17) Egidio Arévalo «cacha» Ríos, saindo rumo ao túnel dos vestiários (09) Luis Suárez e (11) Álvaro Pereira.

Os artilheiros uruguaios na partida foram: (10) Diego Forlán (14´), (11) Álvaro Pereira (37´) e (13) Sebastián Abreu (75´) e (81´). Tinha empatado a partida o camisa (02) israelense. Houve subida pela faixa direita do ataque, fizeram cruzamento até a grande área para ele, quem driblou para fora e chutou forte vencendo o goleiro uruguaio Muslera, tudo andando quase 30 minutos da primeira metade.

Passaram mais oito minutos e a nova cara uruguaia em campo foi o (22) Martín «careca» Cáceres, que aproveitando os seus cabelos compridos montou carrapicho na cabeça. Na hora de pular na quadra o beijão na bochecha foi para o colega (18) Ignacio «nacho» González.

Cartões amarelos, nem vermelhos saíram do bolso do calção preto do árbitro chileno Osses. Foi confraternização, não é?

Uruguai mostrou o novo desenho «Puma» com a logomarca cor vermelho no peito. Camisa celeste, calção, meias e números pretos. O goleiro Muslera vestido da cor cinza escuro. Israel camisa, calção e meias brancas; números azuis. O goleiro israelense com camisa amarela fluo e manga direita preta, além do calção.

Como descrição dos movimentos tácticos da seleção uruguaia, foi fundamental o sobe e desce constante dos laterais, direito, Maximiliano Pereira e esquerdo, Álvaro Pereira. Subiram com decisão e bom senso sendo importantes para aumentar o fluxo do ataque uruguaio contribuindo com os meias e pontas celestes.

Quanto aos artilheiros, Diego Forlán é o grande herói uruguaio e referência no mundo bem mais após a Quarta 12 de Maio com duas furadas suas perante o Fulham da Inglaterra conseguindo o caneco de Campeão da Europa League na Alemanha. No mínimo, os torcedores do Atlético de Madrid o valorizam demais e os que planejam os jogos na seleção francesa, sul-africana e mexicana, continuam imaginando estratégias para contê-lo dentro da grande área que é a região do campo no qual o loiro uruguaio se desenvolve de jeito único.

O centro avante do Ajax da Holanda, Luis Suárez é o maior artilheiro da Europa na temporada que acabou de encerrar e isso já é extremamente importante para atrair zagueiros rivais na África do Sul 2010. Bem o Suárez quanto o Forlán são muito difíceis de imaginar o agir deles nas redondezas da grande área pois são «visitantes» apenas que dão uma olhada no ambiente e caso houver situação propícia, cativam a bola com os imãs das chuteiras. O resultado, tudo mundo já conhece, o uruguaio goza, os rivais perecem.

Um comentário especial para o Ignacio «Nacho» González, tal vez sem aquele cabeçalho brilhante nos jornais mas um meia-armador diferente ao resto. Um cara que galga o gramado de jeito devagar mas com qualidade na hora de apertar uma bola com as traves da chuteira na procura de um lance preciso, de chutar, de tocar, de fazer tabelas com os colegas do ataque, de gerar descontrole nos rivais. A melhor partida dele com a seleção foi no jogo Brasil 2 x Uruguai 1 nas classificatórias rumo á África do Sul 2010, em Sampa.

O Presidente da República, José «Pepe» Mujica, sua esposa, Primeira Dama e Primeira Senadora no Congresso participaram da prévia do jogo dentro do gramado, entregando para os dois capitães, Diego Lugano e Diego Forlán, a flâmula uruguaia que vai beijar a aragem sul-africana na concentração do Hotel Protea em Kimberley.

Mesmo que essa cerimônia aconteceu contornados pelo Ministro de Turismo e Esporte, Dr. Héctor Lescano, a Vice- Ministra desse Ministério, Lilián Kechichián, os Ministros Enrique Pintado e Eduardo Bonomi, o grande destaque da noitada montevideana é como sempre até o dia da despedida final, o ponta-direito uruguaio no Maracanaço 1950 e artilheiro da dor dos 200 mil torcedores brasileiros naquele 16 de Julho, o Alcides Edgardo Ghiggia.

Uma trilha sonora militar tocou os hinos uruguaio e israelense alguns minutos antes do apito do chileno Osses e logo deixou o gramado tocando a «Marcha da Bandeira Uruguaia».

Após o segundo gol uruguaio, mostrando o ambiente super descontraído que houve nas arquibancadas além dos 15º C e o frio, os torcedores tiveram tempo para tudo, fazendo a famosa «onda» que surgiu no México 1986 e acompanhou a gritaria e os sorrisos dos uruguaios.

O maestro vai conseguir descansar tranqüilo até o início do torneio pois a turma é boa e mesmo que Uruguai pode perder de qualquer um dos 31 participantes do Mundial, também pode estragar a festa deles até daqueles que são candidatos para arvorar o caneco de Campeão.

Uruguai acabou conquistando a Taça BROU (doada pelo Banco da República Oriental do Uruguai) mas caso tivesse ocorrido empate, houvesse viajado para Israel refletindo confraternização mesmo do lado uruguaio.

A seleção uruguaia acabou «negociando» uma vitória perante os israelenses sem lesões e com alegria para o povão uruguaio que vestiu celeste as arquibancadas.

Fotos:

1 - Professor Ricardo Piñeyrúa, comentarista da Rádio CX 14 – El Espectador de Montevidéu - junto com três dos quatro netos que pularam, cantaram e torceram os noventa minutos do jogo perante Israel na Bancada de Imprensa. De esq. á dir. Leandro Piñeyrúa, Ignacio Monfort e Matías Piñeyrúa (gêmeo do Leandro); acima deles, o Professor se preparando para viajar no avião da seleção uruguaia na Sexta 04 de Junho rumo á África do Sul 2010. A estréia uruguaia é perante a França, no segundo jogo do Mundial sendo que pode acompanhar os palpites do Professor pela net mergulhando no site: www.espectador.com

2 – Dois ícones uruguaio na África do Sul 2010, de esq. á dir. Diego «Tota» Lugano , ex são-paulino e um dos dois capitães da seleção uruguaia e Sebastián «Louco» Abreu, artilheiro campeão botafoguense.

Gustavo Espiñeira

Correspondente PRAVDA.ru

Montevidéu – Uruguai

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey
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