Peñarol 3 x Goiás 2 em Montevidéu. Verdão perde e avança nas quartas da sul-americana

A vitória conquistada semana retrasada no Serra Dourada de Goiânia sem gols na cidadela, fez com que o Goiás Esporte Clube avançasse nas Quartas da Sul-Americana 2010 ainda com derrota de 3 x 2 num Estádio Centenario de Montevidéu fervente e tingido jalde-negro.

Estádio Centenario de Montevidéu.

Quarta, 20 de Outubro de 2010 – Hora: 19:30 (horário uruguaio de verão).

Lotação: 42 mil pessoas. Clima: Claro – 20ºC.

Árbitro: Carlos Amarilla; Bandeirinhas: Nicolás Yegros e Rodney Aquino (paraguaios); 4º. Árbitro: Advogado Líber Prudente. (uniforme: camisa, calção e meias vermelhas).

Controle Antidopagem: Dres. José Veloso e Gonzalo Gaiero Genta (uruguaios internacionais).

GOIÁS ESPORTE CLUBE

Escalação: (01) Harlei (goleiro), (20) Douglas, (13) Valmir Lucas, (04) Hernando, (19) Marcão, (06) W. Saci, (08) Amaral, (15) W. Monteiro, (10) Bernardo, (09) Rafael Moura, (11) Felipe.

Plantão: (24) Fábio (goleiro), (05) Jonilson, (03) Rafael Toloi, (02) Carlos Alberto, (07) Everton, (17) Marcelo Costa, (18) Jones, (14) Wendel Santos.

Treinador: Jorginho; Preparador Físico: Joelton Urtiga, Médico: Dr. Marco Antonio, Massagista: José Carlos Bury.

CLUB ATLÉTICO PEÑAROL

Escalação: (01) Sebastián Sosa (goleiro), (17) Matías Corujo, (06) Guillermo Rodríguez, (03) Gerardo Alcoba, (22) Darío Rodríguez, (05) Egídio Arévalo Ríos, (18) Marcelo Sosa, (16) Santiago Solari, (19). Jonathan Ramis, (08) Antonio Pacheco e (10). Alejandro Martinuccio.

Treinador: Manuel Keosseián

Plantão: (12) Ernesto Hernández (goleiro), (04) Alejandro González, (25) Nicolás Domingos, (07) Mejía, (09) Diego Alonso, (20) Palacios e Emiliano Albín (24),

ALTERAÇÕES:

PEÑAROL: 46´(07 Mejía x 19 J. Ramis); 64´ (09 Diego Alonso x 17 Matías Corujo); 75´ (20 Palacio x 16 Santiago Solari).

GOIÁS: 46´(07 Everton x 10 Bernardo); 64´ (02 Carlos Alberto x 11 Felipe); 85´ (05 Jonilson x 08 Amaral).

GOLS: 16´ (09 Rafael Moura – Goiás); 38´ (17 Matías Corujo – Peñarol); 42´ (18 Marcelo «Pato» Sosa – Peñarol); 75´(02 Carlos Alberto – Goiás) e 85´ (10 Alejandro Martinuccio – Peñarol).

CARTÕES AMARELOS: 44´ (05 Egídio Arévalo Ríos – Peñarol); 46´ (07 Everton – Goiás); 56´(07 Everton – Goiás); 80´(09 Rafael Moura – Goiás)

CARTÕES VERMELHOS: 56´(07 Everton - Goiás).

O jogo com reviravoltas no decorrer dos 95 minutos acabou sendo com emoção até o apito final do árbitro paraguaio Carlos Amarilla.

É bom salientar que além do horário do início do jogo, 19:30 h, com muitos torcedores ainda sem a camisa jalde-negra e vestindo terno, gravata e camisa social nos escritórios, a lotação do Estádio Centenario foi evoluindo desde uns 35 mil na hora da bola começar rodar acima do relvado até 42 mil que ficaram até o último apito do Amarilla.

A torcida do Peñarol teve confiança e sem completar todas as poltronazinhas plásticas do Centenario acabam vestindo o Estádio num 75%.

Do jeito que sempre acontece nesses mata-mata, aquele que conquistou vantagem de 1 x 0 em casa fica feliz pois acabou não levando furadas nas malhas imaginando um panorama atraente para o segundo jogo como visitante e caso der uma furada fora de casa, a vantagem de um gol vira mesmo interessante pois o anfitrião vai ter que conquistar três gols para classificar. Por enquanto, com esse resultado de 1 x 0 para o visitante, também fica feliz pois dos resultados fora da divisa é um dos melhores. Não voltar com as malas lotadas de gols é sempre cativante. Nessa hipótese dá para imaginar uma viagem de avião tranqüila pois conquistando um gol em casa, negócio muito provável que pode acontecer até o último instante garantindo no mínimo pênaltis, a vantagem do rival fica zero. Se por acaso conquistasse o gol no início, imaginar mais um gol nas malhas do rival não é maluquice nenhuma. Aliás, já teria vencido nesse mata-mata.

Na prévia, cada um dos times planeja, imagina e saboreia o cardápio segundo o paladar dele e nós parabenizamos essa atitude que com certeza tem muito a ver o olhar do psicologista do time.

Nesse sobe e desce de batidas de corações dos torcedores do Peñarol no Estádio Centenario e os do Goiás assistindo ao jogo pela tevê, os minutos começaram escorregar nos painéis eletrônicos montevideanos e goianos.

Peñarol tentando progredir em campo sempre mas sem aquele jogo bem organizado que precisa jogar no gramado para evoluir fluentemente e fazer tremer as malhas do Goiás. Nesse panorama, o Goiás garantiu vaga numa poltrona super confortável no Cinema Centenario. Os primeiros quinze minutos do jogo são sempre marcantes para o local e nada tinha acontecido ainda com o Peñarol. Um minuto depois, bola de longa distância que cai na grande área do jalde-negro, o artilheiro Rafael Moura do Goiás, que pula junto com o raspado Guillermo Rodríguez conquistando a bola; o outro Rodríguez, Darío, não consegue sobrar e o Moura, com o goleiro Sebastián Sosa tentando dar o último mergulho e fazer uma grande defesa, encaminha a melindrosa nas malhas com chute canhoto preciso e extrema qualidade. Na cabeça de alguns dos torcedores do Peñarol poderia ter caído a ficha. Puxa droga, o Peñarol fora da Sul-Americana 2010!!

O time uruguaio ia ser perdendono gramado como se a relva tivesse florescido até dois metros de altura num piscar de olhos. Só aquela «garra» uruguaia poderia dar uma virada nessa realidade e andando o minuto 38, o Antonio «Toni» Pacheco, chuta a bola desde a divisa da grande área, rebotando no Alejandro Martinuccio (10) que tenta pular para não atrapalhar a bola que ia bem encaminhada para o gol e faz que o Harlei consiga fazer uma defesa maravilhosa dando mais um rebote que foi para o Matías Corujo (17) que com chute forte machucou as malhas do verdão goiano.

O Peñarol continuou sitiando a grande área do Goiás e apenas 4 minutos depois a bola sai da área pela faixa central do campo encontrando a chuteira direita do «Pato» Marcelo Sosa (18) engatilhada. Chute raso, coluna esquerda do Harlei e bola dentro. As malhas viraram uma bolha de fios. Engatilhou um grande sorriso do Estádio Centenario todo.

De novo como no início...nem tanto no mas empatados.

Os onze uruguaios no gramado tentaram matar o verdão com a ajuda da torcida que pulou e gritou quase de jeito constante até o final do primeiro tempo por mais um gol que acabasse garantindo a classificação daí para frente. Embora, não conseguiram. As cabeças desses torcedores jalde-negros que acharam o Peñarol fora da Sul-Americana atingindo os 16 minutos da primeira metade, com certeza terá mudado 29 minutos depois.

A bola começou rodar de novo no Estádio aos 46 minutos. O quarto árbitro uruguaio, advogado Líber Prudente mostrou o painelzinho eletrônico do lado do retângulo com o número verde (07) do Goiás (Everton) que ganhou vaga na turma e o vermelho (10) do Bernardo que ficou nos vestiários.

No segundo tempo aquele sufoco do final da primeira metade tinha se acabado para o Goiás. Peñarol tentou sempre mas sem aquela estratégia que desse para imaginar que o terceiro gol ia cair do céu daí á pouco. A torcida continuava tentando furar as nuvens tecidas de gols com a gritaria sem o sucesso desejado.

Apenas um minuto e na faixa direita do ataque do Goiás, quase na linha média do gramado, o Everton ganhou cartão amarelo.

A partida ficou adormecida. Peñarol tinha quase certeza que o terceiro gol ia chegar no decorrer dos 45 minutos e a história ia se acabar na hora e os verdões também tinha certeza que com mais um gol nessa metade o Peñarol já não ia ter chance de se enfiar para a classificação.

Onze minutos dessa metade, pertinho do epicentro do campo, um outro cartão amarelo para o Everton. Um mais um do primeiro minuto...cartão vermelho para ele.

34´ na frente, Peñarol com um jogador a mais no gramado, uma torcida que a cada instante ficava mais fervente. Dava para acreditar que tudo ia dar certinho para o Peñarol nesse esquema.

19 minutos e o Carlos Alberto (02) pula em campo na vaga do Felipe (11). O Jorginho procurava o quê com o Carlos Alberto? Peñarol querendo e não conseguindo...Com extrema lógica, o Goiás progride muito pouco até que a bola cai na faixa esquerda do ataque do verdão e Carlos Alberto começa decolar rumo á pista retangular. Entrando na grande área chute canhoto que o guardião Sebastián Sosa não consegue segurar nem nada e a bola que dá de novo naquela coluna que foi parceira do «Pato» Sosa no finalzinho da primeira metade. Desta vez montou parceria com o Goiás e Carlos Alberto. Carícia na coluna, beijoca nas malhas. O jogo de novo 2 x 2.

Passe de magia e o silêncio foi parte do ambiente no Centenario. Mais uma vez o Peñarol na procura do terceiro gol que já não ia garantir classificação, ia ser o penúltimo degrau da escada nesse objetivo.

85´ a bola sempre nas redondezas da grande área do Goiás e o canhoto argentino Alejandro Martinuccio dá uma sacudida com a perna direita encaçapando a super melindrosa nas malhas. Mais 5 minutos para o sufoco do verdão e as prezes dos jalde-negros.

Nada ia mudar. Vitória triste do Peñarol, derrota feliz do Goiás que continua com vida na Taça Sul-Americana, agora nas Quartas. Penúltimo no Brasileirão ainda em faixa de rebaixamento mas com aquele sorriso pois já é um dos oito melhores da versão 2010 da Sul-Americana.

Após a comemoração da turma do Goiás por ter garantido a classificação nas Quartas no vestiário visitante da Arquibancada América do mítico Centenario tivemos o privilégio de ser o único meio de imprensa, fora os brasileiros da gema em ter participado da rodada coletiva do treinador Jorginho junto com os repórteres brasileiros André Rodrigues da Rádio 730 AM e Humberto Castro da Rádio 820 AM de Goiânia.

O Estádio Centenario, além da derrota, cai bem para o Jorginho que seja como jogador, treinador ou treinador adito, teve sucessos nesse gramado glorioso.

A camisa 10 do Goiás Esporte Clube é mais uma dos times brasileiros conosco de olho nesse projeto pioneiro que continuamos tentando fazer progredir no Uruguai. Obrigado Sres. Marcelo Segurado – Superintendente e Márcio Bacalhau – Assessoria de Imprensa pelo presente e a confiança. Daqui para frente o «verdão» goiano sabe que acabou ganhando um amigo em Montevidéu que fica ao dispor sempre e nada tem a ver o presente.

Na coletiva lusófona, o Jorginho salientou que o que foi importante a classificação, aquilo que conseguiu a equipe, principalmente no segundo tempo, ligada, guerreira mesmo com um jogador a menos conseguiu o seu objetivo.

Logo veio a pergunta do André Rodrígues:

RODRIGUES: Jorginho, no golaço do Rafael Moura todo o time foi até o banco e abraçou o Jorginho. Aquele abraço, aquele momento, representou o que para você?

JORGINHO: Acho que, em primeiro lugar, o grupo está feliz com o trabalho, está satisfeito com o que está acontecendo, eles confiam na gente e da tranqüilidade de parte deles com relação á condução técnica. Eu estou muito feliz.

RODRIGUES: Se imaginava uma classificação difícil? Ela foi mais difícil porque o próprio Goiás tornou isso?. O jogo estava sob controle uno a cero Jorginho!!

JORGINHO: O time estava muito bem, muito bem posicionado táticamente sem dar nenhuma oportunidade e em dois lances, num caso perdêramos uma bola pela direita veio o primeiro gol, não sei se estava impedido mas percebi estava impedido e o segundo gol numa arremetida, claro não dá...não pode aliviar uma jogada pelo meio, tem que jogar pelo lateral, chuta pro lado. Acho que a nossa equipe dificultou no primeiro tempo, já no segundo tempo a equipo foi bastante guerreiro.

CASTRO: Será interessante o Avaí também seguir na Copa Sul-Americana ou é indiferentes essa situação?

JORGINHO: Se a gente pensar em termos de logística, né? Acho que seria melhor. A gente não pode escolher equipes, são duas boas equipes, tanto o Avaí quanto o Emelec e agora...a gente ir para o Equador seria terrível, a logística é ruim, você não tem bons horários de vôo, é muito longe, então, ideal seria permanecer no Brasil porque a gente tem outras pretensões também além da Sul-Americana.

RODRIGUES: Jorginho você viu aqui como é que é o Centenario, ficamos na zona mista no intervalo e vimos como foi a rapaziada ir para o vestiário e também vimos o clima do vestiário. Um clima de cobrança, um clima um cobrando do outro. Esse clima foi decisivo para o Goiás conseguir a classificação na próxima fase. O que aconteceu no intervalo, no vestiário, a cobrança tua, a cobrança do Ailton também.

JORGINHO: Quer escutar um pouquinho, dá? (todos sorridentes). Não tem momentos que você tem que chegar juntos, porque o jogo deu muita raça, não da para jogar este tipo de jogos a gente achando que vai dar um toquinho e que a gente vai conseguir escapar. Não tem jeito, os caras vão chegar juntos, vão bater e essa foi minha cobrança porque nos tomamos dois gols que não poderíamos tomar, principalmente o primeiro gol que originou aí numa bobeira que a gente poderia ter chegado, o volante, não sei o nome do volante meio carequinha, chegando juntos, chegando com força, chegando com vontade, com ânsia e a gente botar no pé, rasgando a bola, não pode ser assim. Então houve uma cobrança forte realmente, se quisermos continuar nessa competição a gente precisa atuar como um macho, senão não tem jeito.

RODRIGUES: Agora você vê condição do Goiás ir mais longe na Sul-Americana? Já está indo? Já foi longe? Nunca tinha feito isso antes. Você vê condição do Goiás de repente chegar na Final da Sul-Americana? E ao mesmo tempo pode se manter na Série A?

JORGINHO: Eu acho que a classificação aqui naturalmente traz uma motivação maior, uma alegria maior para o grupo, e demonstrar que não é fácil. Você conseguir uma classificação aqui em Montevidéu...joguei aqui várias vezes, já consegui vencer aqui do próprio Peñarol pelo Vasco, na seleção brasileira mesmo o ano passado mas não é fácil. É uma pressão muito grande, a torcida o tempo todo incentivando tanto que eles terminaram o jogo mesmo perdendo a classificação eles estavam juntos apoiando...então acredito sinceramente que a gente da para ir mais longe, acredito sim, se a gente estiver firme, estiver ligado, a gente pode chegar a ser Campeão.

Logo mais uma pergunta do Castro fazendo refletir ao Jorginho quanto á raça do grupo a partir do jogo que fim de semana retrasado o Goiás perdeu pelo Brasileirão perante o Atlético Mineiro.

JORGINHO: Não, não é verdade isso aí. Conheço bem esse grupo. Levo um tempo aqui, aproximadamente uns 50 dias mas o grupo é muito forte, o grupo tem reação, já tem mostrado em alguns jogos a reação que tem agido, foi um momento que nós vacilamos logo no início do jogo, foi muito falado, foi batido em várias vezes, eu sempre procuro colocar alguns detalhes importantes para os jogadores e esse era um dos detalhes que eu havia avisado para eles, o início do jogo do Atlético é muito forte, e a equipe deixou assim se envolver por aquele clima e foi pressionado e acabou tomando gol muito rápido mas a equipe soube reagir e temos todas as capacidades e condições também no Campeonato Brasileiro,

Os colegas o fizeram refletir quanto á vinda desses torcedores do Goiás na Arquibancada América, quase do lado do túnel do time.

JORGINHO: A presença deles aqui, a Força Jovem aqui, isso foi fundamental, a gente ficou muito feliz, porque batemos papo com eles, não tenha dúvida que foi muito importante. Quando a gente chegou aqui, já havia faixa em girada, já eles gritando «Goiás», isso aí naturalmente motiva e é o que esperamos do torcedor lá em Goiás, quem dera se a gente pudesse ser recebido por vários torcedores seria muito bom e precisar a entender esse momento pois a gente precisa apoio total.

Pérolas – A pintura do exterior do estádio Centenario tem mudado e fica bem mais bonita; cor cinza escuro com detalhes celestes intensos.

Fotos: 1) Jorginho – Treinador do Goiás Esporte Clube e 2) Marcelo Segurado – Superintendente do clube.

Gustavo Espiñeira

Correspondente PRAVDA.ru

Montevidéu – Uruguai

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey
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