Vitória monumental – Bomboneraço façanhoso – Boca JRS 0 x Defensor Sporting 1

Na 50ª edição só quatro países vão ter a chance de arvorar o caneco histórico e sendo que argentinos, brasileiros e uruguaios poderão repetir a conquista.

Passaram seis anos para que o extremamente famoso Boca Juniors perdesse mais um jogo no Estádio «La Bombonera» no ambiente internacional.

A experiência do ex centroavante e treinador uruguaio Jorge «Traça» Da Silvia vestindo a camisa do River Plate argentino a meados do decênio de 1980 e tendo «agüentado» alguns clássicos perante o Boca Junior em «La Bombonera» fez com que pedisse para os jogadores do «torto» que ficassem no túnel antes do início do jogo até que o Boca Juniors desse o primeiro mergulho no gramado do estádio. Não é psicologista mas sabe de futebol e bem mais de estratégias pois ele tinha certeza que entrar em campo antes do Boca ia encaminhar o olhar dos jogadores para as arquibancadas lotadas, coloridas e barulhentas em um instante de paixão extrema, assunto marcante para o rival dos «xeneizes».

Além disso, pediu para os seus jogadores que na hora que entrassem em campo, ficassem de olho no gramado sem tentar sequer olhar para as arquibancadas pois ele sabe que esse estádio parece mesmo que tremesse na hora que a torcida chamada de Número 12 começa pular e gritar no cimento azul e amarelo. Ele também sabe que com arbitragem honesta daquele que apita e os que braceiam as bandeirinhas nas faixas laterais são apenas onze contra onze e vai depender deles o sucesso em um jogo.

«Pau que nasce torto mais nunca se endireita»....assim fala uma música que fez sucesso alguns anos atrás. Será mesmo que o «torto» uruguaio não enfiou para o gol da história nesta Taça Libertadores encaminhando mesmo o rumo de um time que montou esquema com a lógica empresarial, os planos financeiros sossegados e de grão em grão vai devorando os canecos no futebol uruguaio, tentando progredir até fora da divisa uruguaia.

Ficou na quinta vaga da Libertadores e da Sul-Americana 2007 vencendo times como o Mengão 3 x 0 e o Grêmio Porto-Alegrense 2 x 0 no Estádio Centenario de Montevidéu começando desse jeito a ser respeitado pelos rivais.

Foi a primeira partida perdida pelo Boca Juniors em «La Bombonera» pela Taça Libertadores perante um rival uruguaio e passaram 50 anos.

Assim que conquistou o Torneio Uruguaio 2008, o treinador do Defensor Sporting, Jorge Da Silva, foi seduzido desde á Colômbia (país no qual ele jogou como artilheiro) por uma proposta que ia engrossar bastante o volume do seu bolso mas o pedido dos jogadores que hoje continuam sendo os alunos dele fez que o «Traça» desse uma analisada para ficar mais um tempão no clube na procura do primeiro Bi-Campeonato Uruguaio de um time fora os grandões, Nacional e Peñarol. Porém, tentando ficar na história do futebol uruguaio e no coração da torcida.

Um 600 torcedores «violetas» (apelido ganho pelo clube pela cor da camisa) acompanharam os time até Buenos Aires.

No dicionário charrua, façanha escreve se com tinta «violeta» e na hora que o escritor uruguaio Mario Benedetti parou de escrever poemas o domingo 17 de Maio, o Defensor Sporting escreve sua página mais façanhosa no Estádio «La Bombonera» na quinta 21 de Maio á partir das 19:50 h mudando o rumo «lógico» de um dos confrontos das Quartas desta edição da Libertadores cinqüentenária que iam manter os argentinos.

Lógica ou azar, quem sabe...

Uma sugestão para aqueles que no futuro pudessem ficar na frente de um time uruguaio e nunca conviveram se quer alguns minutos numa concentração charrua. Poderíamos dizer que veiculizados até á própria imprensa do país rival que talvez tente estimular os compatriotas com manchetes e comentários elogiosos.

Não «chutem» os resultados das partidas perante times ou seleções uruguaias antes do apito final do árbitro pois este pequeno país tem estragado muitas festas planejadas com antecedência e os investimentos dos que faltam o respeito á histórica do futebol uruguaio ficam carimbados como perdas nos balanços financeiros das empresas. Uma peninha né?

Amostras há inúmeras... a última esta do Defensor Sporting sem tantos craques quanto o Boca Juniors, sem tantos milhões nas contas-correntes do jogadores, sem um estádio que treme ou bate como «La Bombonera» mas com um pequeno Estádio «Luis Franzini» que debruça no Rio da Prata e olha as ondas acariciar com ternura a areia da Praia Ramírez e sabendo de cor que «camarão que se dorme, a onda leva».

Alejandro Sabella, treinador adito do Daniel Alberto Passarela na seleção uruguaia na Classificatória para Coréia-Japão 2002 é o atual treinador do Estudiantes da Prata, próximo rival do Defensor Sporting nas Quartas, sabe disso e respeita muito o histórico charrua. Ele conhece a garra dos jogadores uruguaios e antes do jogo Boca x Defensor Sporting de ontem, quando os jornalistas argentinos perguntavam qual era o time que gostaria escolher como rival, ele respondia que «tanto faz» pois sabe quanto é difícil o Defensor Sporting, time que já teve na frente sendo treinador do River Plate argentino o ano retrasado e empatando em Montevidéu 2 x 2 e em Buenos Aires, 0 x 0.

Façanhas não foram propriedade de qualquer um: Elas vão de mãos dadas com o próprio histórico dos países que faz muito tempo carimbaram uma primeira e logo repetiram-nas em cachoeira uma e mil vezes. Do jeito que no final de uma emissão da tevê, acabei ouvindo um grande comentarista do futebol brasileiro, «A lenda continua», agora tingida de «violeta». Na hora que a lógica pula pra fora do capacete, assim que o raciocínio pega a faixa errada da rodovia e entra no trevo criando confusão na cabeça do motorista, eis aí os uruguaios, malucos, irresponsáveis mas com sangue celeste nas veias dessa que não traz leucócitos nem coisa semelhante, apenas raça que provoca inveja dos que tentam a vida toda sem atingir os alvos.

Um sentimento apenas, o camisa sete do Defensor Sporting, o canhoto Diego de Souza, homem da cidade de Melo (fronteira com o Brasil) vai ser um dos «celestes» no jogo Uruguai x Brasil ao sábado 06 de Junho no Estádio Centenario agora de olho na África do Sul 2010. Tem feito muito para conquistar além de alegrias, um vaga na seleção uruguaia do Maestro Oscar Washington Tabárez perante o Tetra verde-amarelo.

Foto: De esq: á dir: Julio Marchant (19) – Pablo «Bochita» Pintos (21) e Diego De Souza (07). A partir da metade da campo de Boca, esses três destaques começaram um pingue-pongue pela faixa direita do ataque que acabou no falcão direito do Diego de Souza dentro da área pequena no minuto 28 do Primeiro Tempo vencendo o Roberto «Pato» Abbondancieri e colocando a bola beijando o teto da cidadela do Boca Juniors.

Correspondente PRAVDA.ru

Gustavo Espiñeira

Montevidéu – Uruguai

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey
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