São Paulo e seu genial prefeito

São Paulo e seu genial prefeito

Como sabido, alguns articulistas adeptos das proposições e opiniões petistas têm criticado duramente o governo federal encabeçado pelo presidente Michel Temer por acreditarem que suas propostas de saneamento das contas nacionais levarão ao corte das verbas destinadas à educação e à saúde. 

Iraci del Nero da Costa *

O atual prefeito da cidade de São Paulo, Fernando Haddad - o qual não conseguiu reeleger-se, mas cujo nome já foi proposto como novo presidente do PT e lembrado como eventual candidato à presidência da República em 2018 -, antecipando-se aos fatos vislumbrados pelos cronistas seus parceiros resolveu mostrar-nos, em termos reais, o que acontecerá caso as aludidas críticas a Temer venham a concretizar-se. Trata-se de uma ação heróica e de profundo sentido político e ideológico a qual, obviamente, só pode ser referida a um indivíduo que foi levado ao poder por indicação de seu padrinho Luiz Inácio da Silva.

Assim, como divulgado pela imprensa, a prefeitura de São Paulo comunicou aos interessados que receberiam tão somente um quarto do leite distribuído gratuitamente aos alunos de escolas municipais cuja frequência chegue a 90%. Tal aviso, enviado aos pais dos alunos, informou que os beneficiados pelo programa Leve Leite receberiam apenas um quilo de leite em pó na recente remessa; a qual deveria corresponder aos quatro litros que vinham sendo distribuídos a cada dois meses. Segundo a prefeitura tal corte deve-se "às restrições orçamentárias pontuais surgidas com a queda de arrecadação fiscal, fruto da crise econômica pela qual passa nosso país, com impacto em todos os Estados e municípios." (Cf. "Em fim de gestão, Haddad reduz entrega de leite para crianças", Folha de S.Paulo, Cotidiano, p. B6, 25/10/2016). Conforme afirmações da gestão municipal o corte deu-se ao final do quinto e penúltimo ciclo da entrega anual e se "trabalha para normalizar os serviços" (Cf. Folha de S.Paulo, idem, ibidem). 

Como avançado, esta magistral antecipação foi efetuada por um petista ao qual, evidentemente, não ocorreu anotar a quem devemos a crise na qual nos vemos imersos. Quais governantes a ela nos levaram? A presidente da República defenestrada operou de sorte a promover tal situação? Quais as medidas implementadas por uma prefeitura falida que "trabalha para normalizar os serviços"?

Enfim, um salutar pedido de demissão, ainda que tardio, não seria uma honesta autocrítica e uma medida aconselhável a fim de se trabalhar positivamente para a normalização dos serviços?

 

 

* Professor Universitário aposentado. 

 

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey
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