Brasil Tornou-Se a "Venezuela" das Lendas Reacionárias

Brasil Tornou-Se a "Venezuela" das Lendas Reacionárias

Enquanto nunca importou que a Venezuela sofre boicote econômico e invasão de capangas colombianos devidamente pagos, atual tragédia brasilera tem contra si amplo apoio popular, nanificado moralmente na ridícula "Ponte para o Futuro". Mas em terras tupiniuins, cinismo ilimitado é sempre a ordem do dia

 

Edu Montesanti

 

A Venezuela vive guerra econômica - nada nova na história - que inclui comprovado contrabando e armazenamento ilegal de toneladas e mais toneladas de produtos básicos a fim de gerar escassez no país caribenho; não fosse assim, não teria ao longo de todos esses anos acumulado vitórias eleitorais,com maciço apoio social através de pleitos elogiados internacionalmente, inclusive pelo ex-presidente estadunidense Jimmy Carter: "mais seguro sistema eleitoral dos 96 paises que observei. Os EUA têm muitas lições a tirar da Venezuela".

 

Além disso, capangas especialmente da Colômbia têm cruzado a fronteira a fim de assassinar não apenas políticos bolivarianos, como também eleitores do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) - ou "suspeitos" de serem tais, ou seja, cidadãos venezuelanos de pele mais escura. Tudo isso, apoiado pela oposição e mídia locais.

 

Mesmo assim, o presidente Nicolás Marudo, favorito para vencer as eleições de abril, atingiu o número de 2 milhões de casas populares de alto padrão que incluem centros de lazer e de saúde, construídas em quinze anos, e com os ganhos da critpomoeda atrelada ao petróleo venezuelano, já promete mais 236 mil casas para este ano (nunca tanto Maduro quanto Chávez, dexaram de cumprir tais promessas, daí os números que têm recebido elogios de diversos organismos internacionais). E até 2019, serão contruídas mais residências populares que totalizarão 3 milhões entregues pelo governo bolivariano. 

 

Não sem razão, não há páreo contra ele entre uma oposição, lá, semelhante à direita brasileira no que diz respeito à baixeza intelectual e moral, e à agressividade.

 

Enquanto isso, ao longo desse tempo todo foi impossível dialogar, tentar levar aos reacionários brasileiros uma outra narrativa envolvendo essa questão: a da artificialidade comprovada da crise econômica - não tão grave quanto se diz, mas uma crise, sim -, e de uma violência em grande parte programada, e completamente invertida pelos meios de comunicação - tanto quanto têm sido difundida diversas imagens de supermercados vazios que não são venezuelanos, sendo um deles até nova-iorquino travestido pela mídia, sabidamente manipuladora, de venezuelano. 

 

Diante do boicote econômico, por algum período chegou a faltar papel higiênico porém não em escala alardeada pela grande mídia: foi o suficiente para seres sequer capazes de localizar no mapa o país caribenho, apresentarem mais um festival da ignorância e do ódio, sem aceitação de nenhuma vírgula que fugisse do que lhes impõe meios como Rede GloboVejaEstadão etc.

 

Se quando, recentemente, faltou papel no Brasil, por razoavemente longo perído, a fim de se emitir passaportes questionamos emPravda Brasil esses setores da sociedade brasileira(calada), e agora que o Brasil, descontente com as taxas anuais de 60 mil mortes violentas, tem ido além e assassinado semanalmente políticos, a resposta que se recebe dos conservadores em geral é se trata de "mais um(a), vítima da violência", indiferença com o objetivo de "deixar passar".

 

Enfim, acusavam e acusam equivocadamente a Venezuela de viver uma ditadura, algo não dito por todo o país sequer entre cidadãos locais que não votam no PSUV, enquanto muitos destes advogam dentro de casa (Brasil)... regime ditatorial! Isso vai muito além da contradição: é idiotice ou mesmo patologia, acusar (equivocadamente sem margem ao contraditório) no outro o que aprova para si. Há algo mais enfermante?

 

Há sete dias da morte da Marielle no Rio, em uma missa de "Ipanema" o padre tentou lembrar e rezar por esta que foi brutalmente assassinada, tendo sido interrompido e xingado por dois "católicos" que tiveram que ser retirados do encontro de "paz" e "oração". 

 

Além da severa crise econômica, e crescente (o buraco será ainda mais fundo) pós-Ponte para o Futuro de Temer que, com meia dúzia de palavras de péssimo gosto capazes de enganar apenas um perfeito ignorante, nunca aceitou contra-argumentaão de que, inevitavelemente, dar-se-ia com os burros n'água. 

 

Até porque mesmo hoje organismos como FMI condenam políticas neoliberais, as quais andam na contra-mão das políticas econômicas da grande maioria dos governos internacionais: tomemos como exemplo de rotundo fracasso das mesmas políticas adotadas pela marionete Temer hoje, os casos de Espanha, Portugal e Grécia - além de uma breve espiadinha na própria história do século XX. 

 

Contudo, essa discussão toda, sem dúvidas, foge das habilidades dos nervosos miolos de seus "defensores", outros tantos milhões de fantoches nas mãos da mídia predominante deste país - este setor sequer se interessa por isso... Folha de S. Paulo, Silvio Santos, Rede Record etc, são extremamente eficientes na arte de alienar (= emburrecer) as massas.

 

Na elitizada Santa Catarina brasileira (não por acaso, o estado em que menos se lê no Sul-Sudeste nacional), este jornalista tentou argumentar isso mesmo, e terminou ameaçado de sofrer e agressão para, semanas depois, acabar agredido verbal e fisicamente na mesma época em que capas da revista Caros Amigos eram atacadas diariamente nas bancas de jornal da cidade de São Paulo, em julho do ano passado.

 

Tudo isso, para nem mencionar a corrupção indiscriminada, encrustrada na política brasileira a qual, até antes de ontem, era motivo do profundamente histérico berreiro entre brazucas mais "moralistas"... hoje substituído por coisas como vídeos de Ronald Golias nas redes sociais (exatamente como se deu nas primeiras horas pós-assassinato da Marielle por este setor doentio), e nenhuma manifestação popular desde que esta cumpriu, em 2013 e 2016, a agenda claramente politiqueira. 

 

Pois não é que o Brasil tornou-se a "Venezuela" do imagináio midiático e reacionário tupiniuim?

 

A diferença é que se na Venezuela o grosso da população, cerca de 90% constantemente se opõe ao jogo violento da direita e à sua (falta de) proposta econômica ao país, no Brasil desavergonhado essa tragédia tem se dado exatamente sob a Presidência de um fantoche escolhido pelo segmento reacionário nacional, e todo esse cenário tem também o apoio, ou ao menos a cumplicidade, de uma das sociedades mais ignorantes do planeta.

 

E agora, onde está a indignação contra o próprio umbigo? O pedestal imaginário era hiperdimensionado para si mesmo, que agora não há condição de se fazer auto-crítica neste sentido.

 

É estranho que durante todos esses anos tenha-se apontado canhões tão agressivos contra um país que, repita-se, o grosso dessa gente mal sabe localizar em um mapa, nação pela qual nunca teve o menor interesse nenhum antes na história, e que essa mesma gente esteja, agora, em silêncio diante do que o Brasil acabou sendo transformado - e transformado por eles mesmos, os quais sabem bem disso.

 

Eis o Brasil do MBL, de Bolsonaro, de Doria "gestor e não político", Alckmin, Temer, suas multidões que os seguem como rebamho entre outros diversos subprodutos do pior nível da parte dos colonizadores mentais do brasileiro médio, os grandes meios de imbecilização em massa. 

 

Uma sociedade que, em geral, insiste em não tomar lições da história - e bem antes da Venezuela, muitos sequer são capazes de localizar no mapa nacional a própria capital Brasília. Alguma dúvida?

Foto: Por Durval Jr. - Obra do próprio, CC BY-SA 3.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=8719038

 

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey
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