O Porto de Santos em 2015

Milton Lourenço (*)

Com 110 milhões de toneladas de capacidade instalada, o Porto de Santos, se forem confirmadas as previsões, deverá movimentar até o final de 2007 cerca de 81 milhões de toneladas. Até 2012, se saírem do papel todos os planos de investimentos em infra-estrutura e super-estrutura, o Porto deverá, praticamente, dobrar a sua capacidade instalada para 194 milhões de toneladas. Como, porém, os investimentos estatais nunca acompanham o ritmo dos investimentos privados, já há quem se satisfaça se essa marca for alcançada em 2015.

Entre os projetos em andamento, está o trabalho de dragagem para o aprofundamento do canal do estuário para 17 metros, o que permitirá a entrada de navios de maior calado. Esse trabalho de dragagem prevê não só a contenção dos deslizamentos que ocorrem nas duas margens do estuário como a derrocagem de pedras no fundo do canal que impedem a livre circulação de navios de maior porte. Isso deverá redundar num crescimento de 30% na oferta de capacidade do Porto.

Na verdade, o calado do porto hoje está ao redor de 12 metros, mas, numa primeira fase dos serviços, deverá ser ampliado para 15 metros. Numa segunda fase, haverá um acréscimo para 16 metros e, numa terceira etapa, a ampliação para 17 metros.

Ainda a cargo da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), está a construção da avenida perimetral da margem direita e esquerda do estuário, uma das prioridades da recém-criada Secretaria Especial dos Portos (SEP). A perimetral da margem direita, que fica no centro histórico de Santos, já está em obras, com previsão de entrega em agosto de 2008 e um custo aproximado de R$ 57 milhões.

Já a perimetral da margem esquerda, no município do Guarujá, está em fase de licenciamento ambiental pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama), depois que a Codesp concluiu os estudos de impacto da vizinhança e fez o acompanhamento arqueológico. A previsão é que, em janeiro de 2008, a Codesp já tenha feito a licitação e expedido a ordem de serviço à empresa ganhadora. A obra está orçada em R$ 60 milhões.

Tudo isso, porém, dependerá da intensidade com que a União deverá liberar os recursos previstos no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). A levar-se em conta a morosidade que tem caracterizado o poder público, é preciso olhar com certa cautela determinados prazos.

Já pelo lado da iniciativa privada, para os próximos cinco anos, está prevista a conclusão da segunda fase do Terminal de Granéis do Guarujá (TGG), liderado pelos grupos Bunge, Amaggi e ALL, responsáveis por um investimento de R$ 270 milhões. A expectativa é que o TGG acrescente à capacidade do Porto mais 9 milhões de toneladas.

Outro novo terminal, o Embraport, do grupo Coimex, vai ocupar uma área construída de 800 mil metros quadrados, com um cais de 1.100 metros. Resultado de um investimento de R$ 500 milhões, o terminal deverá movimentar inicialmente 460 mil contêineres, mas a sua capacidade instalada será de 1,2 milhão de unidades. Para granéis líquidos, o terminal apresentará um píer exclusivo, começando a operação com uma movimentação de 2 milhões de metros cúbicos, cujo teto é de 5 milhões de metros cúbicos. Apenas o terminal Embraport deverá movimentar cerca de 18 milhões de toneladas por ano.

Na margem direita, no bairro da Alemoa, a Brasil Terminais está recuperando uma área degradada, que funcionava como depósito dos resíduos produzidos pelo cais, o chamado lixão da Alemoa. Em funcionamento, o terminal deverá movimentar 3,6 milhões de toneladas.

Também faz parte dos planos da Codesp transformar em área de operação portuária terrenos de Conceiçãozinha (413 mil metros quadrados) e da Prainha (200 mil metros quadrados), em Guarujá, hoje ocupados em grande parte por moradias precárias. Em conjunto, as duas áreas deverão agregar cerca de 9 milhões de toneladas à capacidade instalada do Porto.

Ainda na margem esquerda, está prevista a ampliação do terminal da Santos Brasil, o maior da América Latina, em mais 120 mil metros quadrados, o que deverá acrescentar 8,6 milhões de toneladas na capacidade de movimentação do Porto.

Por fim, há o projeto Barnabé-Bagres, que deverá ampliar em 120 milhões de toneladas a capacidade do Porto. São duas ilhas junto ao estuário: a ilha Barnabé já está em grande parte ocupada por terminais de líquidos, mas a de Bagres continua inexplorada.

Por enquanto, a Codesp pretende investir cerca de R$ 3 milhões em estudos de viabilidade técnica, financeira, econômica e ambiental. As obras de infra-estrutura estão avaliadas em US$ 680 milhões e as de super-estrutura em US$ 1 bilhão. Mas esse é um investimento extremamente vultoso e a longo prazo, mas que, quando concluído – talvez por volta de 2022 –, deverá quadruplicar a atual capacidade de carga do Porto.

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(*) Milton Lourenço é diretor-presidente da Fiorde Logística Internacional, de São Paulo-SP (www.fiorde.com.br). E-mail: [email protected]

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