EUA x China: e o Brasil?

EUA x China: e o Brasil?
Milton Lourenço (*)
SÃO PAULO - Dados da consultoria multinacional Thomson Reuters mostram que a China é, hoje, o maior parceiro comercial do Brasil. Em 2017, a corrente de comércio entre os dois países chegou a quase US$ 74,8 bilhões, com exportações de US$ 47,4 bilhões, que representaram uma alta de 35,1% em relação a 2016, e importações de US$ 27,3 bilhões, com a China absorvendo 21,8% das exportações brasileiras e respondendo por 18,1% das importações feitas pelo Brasil. Em função disso, o País obteve um superávit de US$ 20,1 bilh&otil de;es. Com exceção do México e da Colômbia, a China é, de longe, o maior parceiro dos principais países latino-americanos.
Já os EUA são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, tendo o fluxo de comércio bilateral superado US$ 51,6 bilhões em 2017. Depois de oito anos de déficits, o maior deles no valor de US$ 11,3 bilhões em 2013, o Brasil em 2017 voltou a obter superávit no comércio com os EUA, com um saldo de US$ 2 bilhões. Os EUA têm sido o principal destino de exportação de produtos brasileiros manufaturados e semimanufaturados, que constituem 75% da pauta exportadora para aquele país.
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No entanto, as decisões protecionistas do presidente dos EUA, Donald Trump, podem impactar negativamente as trocas entre os dois países. Uma eventual sobretaxação dos EUA para o aço brasileiro poderá abalar o intercâmbio entre as duas nações, já que mais de 35% da produção nacional são exportados para os EUA. Além disso, o governo Trump já anunciou que colocará barreiras às importações de alumínio, com um acréscimo de 10% na tarifa.
Isso mostra que atitude dos EUA frente à crescente presença da China no Brasil e, de modo geral, na América Latina mudou e a região pode se transformar em cenário relevante na disputa estratégica entre as duas potências, ainda mais se o país asiático intensificar sua colaboração na área de defesa. Diante disso, parece claro que essa disputa, dificilmente, trará vantagens para o Brasil e para os demais países latino-americanos. Pelo contrário.
Obviamente, esse cenário preocupante é resultado de uma política externa equivocada que fez uma clara opção pelo comércio com a China, em detrimento daquele que se fazia com os EUA. Já o México fez uma opção oposta, aprofundando seu intercâmbio com o vizinho do Norte.
Resultado: em 2017, o intercâmbio do México com os norte-americanos foi, de longe, o maior entre todos registrados pelos países da região. As exportações mexicanas para o mercado norte--americano totalizaram US$ 327 bilhões, quase alcançando o fluxo total de comércio do Brasil, que no ano passado somou US$ 367 bilhões (exportações de US$ 217 bilhões e importações de US$ 150 bilhões).
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(*) Milton Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br