Porto de Santos em expansão

 

Milton Lourenço (*)

No primeiro semestre de 2007, o porto de Santos movimentou 38,88 milhões de toneladas, registrando um incremento de 10,48% em comparação com o mesmo espaço de tempo do ano passado, o que representou um novo recorde no período. Levando-se em conta o resultado, as projeções indicam que o porto deverá fechar o ano com a marca de 81 milhões de toneladas movimentadas, o que significará um aumento de 6,17% em relação a 2006.

As exportações chegaram a 25,8 milhões de toneladas, o que representa uma participação de 66,3% no comércio exterior do País e um crescimento de 6,3%. Já as importações atingiram um aumento de 19,6% no período com 13 milhões de toneladas e uma participação global de 33,6%. Mais: no primeiro semestre, Santos recebeu a atracação de 2.763 navios, o que representou um aumento de 4,6% no período.

A movimentação de contêineres alcançou 13,1 milhões de toneladas, o que significou 33,6% do total do porto no período assinalado, registrando aumento de 6,40% no número de unidades operadas. Hoje, dos 4 milhões de contêineres movimentados pelo comércio exterior por ano, 1,6 milhão passam por Santos. E esses números crescem a cada ano.

Isso indica que o porto está em franca expansão, apesar das dificuldades já conhecidas. Há, portanto, uma necessidade urgente de o porto receber investimentos públicos que venham a aumentar a sua infra-estrutura, desde a ampliação de seus acessos rodoviários e ferroviários à necessidade de alargamento do estuário e ao aprofundamento do calado.

Embora os investimentos públicos não venham na velocidade ideal, o que faz prever para breve um agravamento dos gargalos logísticos, a iniciativa privada não pára de investir na expansão de novas tecnologias, equipamentos e gerenciamento de suas atividades. O que deixa claro que maiores investimentos poderiam ser feitos se houvesse infra-estrutura adequada, acesso aquaviário, aumento de calado, manutenção e uma gestão de administração portuária empresarial.

É o que se espera a partir da execução das obras previstas no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), que, entre outras providências, deverão concluir os acessos rodoviário (Rodoanel), ferroviário (Ferroanel) e marítimo, bem como a adequação do porto de Santos às normas do Código Internacional de Proteção de Navios e Instalações Portuárias (ISPS Code). Para tanto, o governo federal pretende destinar R$ 100 milhões para as rodovias que contornam os municípios de Santos e Guarujá, que dão acesso ao porto. É de lembrar que as obras de uma das avenidas perimetrais já estão em execução, enquanto as da outra margem continuam à espera de uma licença ambiental, que, tradicionalmente, demora para ser concedida.

Apesar da turbulência provocada pela momentânea crise no mercado financeiro mundial, não se prevê maiores abalos para o comércio exterior, pois parece irreversível a tendência de aumento na demanda de commodities, especialmente minério de ferro, açúcar e soja, o que reserva um papel importante para o Brasil no cenário internacional. É um dos fatores que justificam as fusões ou aquisições que vêm ocorrendo no mundo na área de navegação. E por que algumas grandes empresas multinacionais vêm investindo no porto de Santos, cada qual procurando garantir um terminal no complexo portuário, equipamento imprescindível diante da necessidade de se desviar maior número de navios para o Hemisfério Sul.

A médio prazo, o porto de Santos poderá quadruplicar sua capacidade de movimentação de carga. É o que se prevê para o começo da década de 20 deste século, quando deverá estar em atividade o complexo Barnabé-Bagres, que tem a perspectiva de ampliar em 120 milhões de toneladas a capacidade do porto. São duas ilhas junto ao estuário, a primeira já em grande parte ocupada por terminais de líquidos, enquanto a segunda continua inexplorada. Por enquanto, a Codesp pretende investir cerca de R$ 3 milhões para iniciar os estudos de viabilidade técnica, financeira, econômica e ambiental do projeto. No total, as obras de infra-estrutura estão avaliadas em U$ 680 milhões e as de superestrutura em US$ 1 bilhão.

O que conspira contra o tempo é o excesso de burocracia, que sempre atrasa a execução de obras públicas. Por isso, é inadiável a discussão de mecanismos que facilitem e atraiam a participação da iniciativa privada em obras de infra-estrutura, já que a chamada Parceria Público-Privada (PPP) nos moldes atuais não tem sido esse instrumento indutor. Como a experiência tem mostrado, a participação da iniciativa privada sempre oferece mais competitividade e permite melhores serviços à população. Aliás, se o governo entregasse tudo à iniciativa privada, concentrando-se em projetos sociais, como saúde e educação, em pouco tempo, o Brasil estaria às portas do Primeiro Mundo.

(*) Milton Lourenço é diretor-presidente da Fiorde Logística Internacional, de São Paulo-SP (www.fiorde.com.br). E-mail: [email protected]

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