Papos e papados

Papos e papados

Papos e papados

 

Adilson Roberto Gonçalves

 

            O mundo da extrema direita torce pelo pior, pois é no caos, na fragilização institucional e nas dúvidas que levam a conflitos que esses neofascistas se mantêm no poder.

            Boa parte dos autocratas foi eleita em base democrática, mas rapidamente eles subverteram seus parlamentos e cortes de justiça para fazer valer a tese popularesca da necessidade de concentração de poder porque o “sistema” está todo corrompido e precisa ser consertado e voltar ao eixo do “bem”. A base religiosa é importante para tais intentos e assim o fazem Donald Trump, Recep Tayyip Erdogan, Benjamim Netanyahu, cada qual com seus dogmas e religiões, que foram acompanhados por aqueles que atentaram contra a democracia e querem voltar ao poder, como Jair Bolsonaro no Brasil.

            Na sucessão do papa Francisco, líder religioso e político que é, a questão não é diferente. Ainda que a Igreja Católica seja uma instituição retrógrada e conservadora por natureza, houve elementos de evolução e aproximação com a Humanidade no papado de Francisco. Ele montou um futuro conclave próximo a essa corrente mais progressista, mas tudo pode acontecer lá no Vaticano, fechado na chave e no conchavo. Já recebi material de propaganda de fiéis católicos defendendo a eleição do extremista conservador africano Robert Sarah, com o slogan “não vote em branco”. É, o diabo está nas entrelinhas do WhatsApp!

 

Adilson Roberto Gonçalves, pesquisador da Unesp – Rio Claro-SP