Angola, ou mais concretamente, o Governo do País, anda a ver se mostra uma face mais Humanizada e mais de condicente com os Direitos Humanos. Só que o que se tem visto, ultimamente, não faz muito bem à "imagem bem lavada" que o governo tenta transmitir interna e externamente.
Como à mulher de César não lhe basta parecer séria...
É certo que nos casos do desalojamento, poderá - e talvez haja - alguma verdade jurídica nos actos praticados. Mas quando esses actos ultrapassam os mais elementares valores Humanos e ferem as mais primárias normas dos Direitos Humanos então tudo está mal.
E isso, infelizmente, tem acontecido.
Ainda, recentemente, se verificou no bairro do Mayombe, ao Cacuaco, ao ponto de tudo estar a ser noticiado nas páginas sociais com uma profusão de vídeos que mostram os mais fundamentais Direitos serem quase que menosprezados colocando o Governo e as demais autoridades numa situação pouco abonatória. Até a Amnistia Internacional já fez valer da sua posição externa para criticar estes actos.
E se a situação já começa a ser, diria, diariamente, abordada nas páginas sociais (Facebook e Twitter - mais aquela) pior fica quando o líder da Oposição, Isaías Samakuva, presidente da UNITA e uma delegação, tentam entrar em Mayombe e se vêem impedidos por uma força policial descomunal (barreira da polícia antimotim, militares da UGP e polícia da ordem pública, apoiados por helicópteros) sob a pretensão de impedir eventuais actos hostis contra a figura de Samakuva.
Ou seja, o Governo ou alguém em seu nome - directa ou indirectamente - procuraram impedir que Samakuva chegasse junto das populações e confrontasse e soubesse in loco as razões dos despejos e se estes são ou não válidos e razoáveis.
E, o mais grave, foi o facto de, segundo algumas fontes no local, um deputado da UNITA ter, eventualmente, sido agredido no pleno direito das suas funções institucionais, por forças que se dizem policiais. Não creio que algum dirigente inteligente de um Governo democrático - ou que seja, supostamente, democrático - mandasse forças policiais sovar um deputado, seja da Oposição, seja do partido afecto ao Governo. Era uma imbecilidade enorme que contraria a inteligência que o Governo tenta apresentar ao Povo...
E se a estes actos pouco dignos se juntarmos algumas situações pouco claras nas relações interpessoais entre certos dirigentes com respeitabilidade nacional e terceiros ou eventuais situações jurídicas pouco abonatórias para a imagem do País, parece que é altura do Governo do senhor Presidente da República, engenheiro José Eduardo dos Santos, começar a tomar alguma posição institucional e afastar-se dos actos que vão se desenvolvendo por aí fora.
É que já não bastavam as denúncias de Rafael Marques e do Folha 8 como agora são órgãos de informação externas a fazê-lo...
Eugénio Costa Almeida, Ph.D
Investigador/Researcher do CEA (ISCTE-IUL)
http://elcalmeida.net