Carioca, capa de playboy, sofreu anorexia mas se recuperou

A carioca Andréa Lopes já está mais do que acostumada a surfar em ondas para lá de radicais. Aos 17 anos, tornou-se a primeira surfista profissional a viver do esporte no Brasil. Aos 25, a primeira brasileira a vencer uma etapa do WCT, o cobiçado campeonato mundial. Hoje, aos 33, a única tetracampeã brasileira no surfe conquista outro título: o de primeira portadora de anorexia nervosa a enfeitar a capa da "Playboy". Andréa sofreu da doença por dois anos - 1994 e 1995 -, e chegou a pesar 38 quilos.

"Essa foi a onda mais difícil que eu já dropei na vida. Aquela Andréa Lopes não existe mais, já morreu. O corpo é o reflexo da cabeça e eu sempre procurei ser a saúde em pessoa. Mas, naquela época, cheguei a ter ojeriza à comida. Vivia recusando convites para almoçar e jantar. Hoje em dia, eu me sinto não uma sobrevivente, mas uma vitoriosa", orgulha-se ela, já ostentando 58 quilos harmoniosamente distribuídos em 1,68 metro de altura.

Andréa começou a parar de comer na África do Sul, no começo da década de 90, em uma das muitas viagens internacionais que fez por causa do surfe. Hospedada na casa de amigos, recusava toda comida de que não gostava. Na rua, também não se alimentava direito porque não encontrava nada que fosse do seu agrado. Perfeccionista, encontrava tempo apenas para surfar. Nessa época, chegava a surfar por até seis horas ininterruptas com apenas uma fruta no estômago.

"Tinha verdadeira obsessão com o meu corpo e, naquele momento, só conseguia pensar em ser campeã mundial. Todo mundo que vinha me oferecer comida representava uma ameaça para mim. Com a anorexia, você se fecha no seu mundo e não ouve ninguém. Se olha no espelho e acha que está tudo bem. Mas, na verdade, não estava tudo bem. Tanto que parei de menstruar por quase dois anos. Na praia , as pessoas viviam me perguntando se eu estava sofrendo de aids", relata.

Em 1994, Andréa embarcou para a Austrália, onde competiria nas primeiras etapas do circuito mundial. Uma forte crise estomacal, porém, fez com que ela fosse internada às pressas. Meses depois, Andréa ainda participou das etapas francesa e norte-americana, mas não teve forças para continuar e se viu obrigada a parar. No dia 1° de dezembro de 1994, data de seu aniversário, finalmente se convenceu de que estava doente. Com a ajuda da família e da terapia, escapou ilesa da doença, comunicou Terra Notícias.

"Tive que abrir mão das competições para me recuperar. Felizmente, minha mãe tomou a frente de tudo. Fiquei louca quando me proibiram de fazer o que eu mais gostava, mas foi justamente isso o que fez com que eu resgatasse a minha força. Hoje, sinto que estou no melhor da minha forma técnica e psicológica. Costumo brincar dizendo que só vou pensar em aposentadoria quando igualar, como surfista profissional, os cinco títulos brasileiros que conquistei como amadora", afirma.

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Author`s name Ekaterina Spitcina
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