Fazendeiro foi um dos mandantes do assassinato da missionária

O fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o ´Bida´, foi um dos mandantes e mentor intelectual do assassinato da missionária Dorothy Stang, em fevereiro de 2005, em Anapu, no oeste do Pará, segundo a sentença que saiu  ontem (15). Foi condenado a 30 anos de prisão pelo jurí popular.

O julgamento teve início na segunda-feira (14) em Belém (PA). Ontem, a sessão começou com as explanações do Ministério Público, representado pelo promotor de Justiça Edson Cardoso, com auxílio de advogados. Depois, os advogados Américo Leal e Eduardo Imbiriba fizeram a defesa de ´Bida´. Às 16 horas terminaram as réplicas e tréplicas e os jurados foram para a sala secreta.

No primeiro dia de júri, ´Bida´ negou envolvimento no caso e disse que não conhecia a missionária americana. A declaração foi reforçada por um dos acusados de executar o crime: Rayfran das Neves, condenado a 27 anos por ter efetuado os disparos que mataram a religiosa, mudou a versão dos 12 depoimentos que havia feito à Justiça - e também em seu julgamento - e inocentou ´Bida´ como um dos mandantes do crime.

O crime  foi encomendado a  R$ 50 mil, segundo informações do Último Segundo. A freira americana tentava implantar na região um Projeto de Desenvolvimento Sustentado. Isso contrariava os interesses de grandes fazendeiros, alguns deles acusados de grilagem e desmatamento de terras públicas em Anapu, além de fraudes contra a extinta Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam).

 Bida tinha razões para encomendar o crime - uma vez que ele havia sido denunciado pela irmã Dorothy em cartas enviadas às autoridades paraenses. A religiosa acusava o fazendeiro de ter praticado queimada ilegal e destruição de roças de agricultores. Por causa do crime ambiental, Bida sofreu uma multa de R$ 3 milhões lavrada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). “Não teremos paz nestas terras de Anapu enquanto alguém não matar aquela velha”, teriam comentado Bida e Galvão, de acordo com a denúncia do Ministério Público.

Segundo o jornal O Povo , os gêmeos David e Thomas Stang, irmãos da missionária, afirmam que mesmo a condenação de todos os envolvidos no processo não encerrará o caso. Para eles, fica faltando investigar com maior profundidade o "consórcio" de fazendeiros e madeireiros que nunca aceitou o projeto de desenvolvimento sustentado do Governo Federal que Dorothy abraçou como se fosse dela.

"Pouca gente lembra, inclusive a polícia, do relatório feito por uma comissão do Senado brasileiro a respeito das circunstâncias do crime, inclusive a descoberta do consórcio para matar a nossa irmã", disse David. Dessa comissão fazia parte a atual governadora do Pará, Ana Júlia Carepa (PT), que ontem recebeu David e Thomas em seu gabinete.

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Author`s name Lulko Luba
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