Assassínios do padre e da missionária vingaram a morte do seu companheiro

Segundo uma fonte policial de Moçambique , os assassínios da  missionária portuguesa, Idalina Neto Gomes, 30  e do padre brasileiro, Waldír dos Santos, 69, na madrugada de ontem terão sido motivados por um ajuste de contas.

 “O padre foi morto a tiro e, de seguida, picado com uma faca e a missionária foi morta por asfixia e picada na bexiga, mas não roubaram nada, pelo que achamos que devem ter vindo vingar o morto do outro assalto”, comunica Lusa, citando uma representante da ONG moçambicana.

Segundo o padre brasileiro Carlos Giovanni Salomão, superior imediato de Waldír dos Santos e responsável pelos jesuítas em Moçambique, o ataque ocorreu só аs casas dos padres e dos voluntários, distante 100 metros do restante da missão. Os criminosos aproveitaram a fragilidade do local, que não tem segurança e conta com luz por gerador a diesel apenas até as 21 horas. Estavam, diz Salomão, em quatro grupos de duas a três pessoas.

O padre Waldír Santos foi o primeiro a ser atacado. Ele estava no andar de cima da casa, um sobrado. Ao ouvir o tiro dado contra ele, os três missionários que dormiam no andar inferior fugiram. Dois conseguiram se esconder. A voluntária, Idalina Neto Gomes, a terceira do grupo, tentou correr em direção а frente da casa, mas foi capturada e morta.

  Os assaltantes seriam provenientes do país vizinho e que se faziam transportar em quatro viaturas «todo-o-terreno».

Segundo a Lusa, as autoridades provinciais de Tete falam na possibilidade de o ataque à Missão Fonte Boa ter sido um ajuste de contas, como resposta à morte de um dos assaltantes durante uma anterior tentativa de roubo à Missão. Mas a cúria moçambicana da Companhia de Jesus (que lidera a Missão) desconfia de que o assalto que vitimou Idalina Gomes insere-se uma acção concertada contra missões católicas em Moçambique.

Um porta-voz da PIC, citado pela Rádio Moçambique, acrescentou que no ataque ficaram feridos ligeiramente mais dois «irmãos de caridade» - um português, de 50 anos, natural do Porto, e um moçambicano, de 65 anos, natural de Tete.

Os feridos e os cadáveres foram enviados para a cidade de Tete, capital da província moçambicana com o mesmo nome.

 O padre, fluminense de Nova Friburgo, estava em Moçambique havia dois anos. Por tradição dos jesuítas, deve ser enterrado lá.

 Idalina Gomes é a segunda de cinco irmãos de um casal de agricultores. O pai é tractorista e figura estimada em Aguiar da Beira. A jovem missionária estudou sempre nas escolas locais, antes de rumar a Coimbra para cursar Direito.

 Formou-se em 2002, "sempre com boas notas que lhe permitiam aceder às bolsas e poupar os encargos dos estudos aos pais", conta Rosa Prazeres, avó da missionária, que faria 31 anos no dia de Natal. Fez o estágio de advocacia e trabalhou durante algum tempo num gabinete jurídico. Mas o serviço humanitário falou mais alto.

 
Em 2005, tornou-se voluntária na Leigos para o Desenvolvimento e em Outubro desse mesmo ano partiu para a sua primeira missão de um ano em Moçambique, onde coordenava um projecto na área agrícola. "Estava previsto que a Lina regressasse a Portugal em Novembro. Mas voltaria a Moçambique em Janeiro porque pediu que a missão fosse renovada mais um ano, o que foi aceite", adiantou António Hilário David.

Com agências

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Author`s name Lulko Luba
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