O que as mulheres querem?

Por Alessandro Lyra Braga

Será que eu sei o que as mulheres querem? Será que alguém sabe, já soube ou saberá? Poetas e artistas como Vinícius de Moraes, Pablo Picasso, Roberto Carlos e muitos outros não se cansaram de tentar desvendar este universo de emoções, sensações, ilusões e amores que a mulher representa e personifica. Mas, o que será que tornou este ser, a "mulher", algo tão difícil de ser entendido pelos homens? Vá saber!

Os homens (e até as mulheres) dirão que as mulheres são complicadas demais, e que não são para ser entendidas e sim admiradas e amadas. Até pode ser, sob alguns aspectos. No geral, acreditem ou não, as mulheres são seres de comportamento completamente normal, embora possa ser enigmático às vezes, mas que aceitam expor suas fraquezas e sentimentos, coisa que os homens pouco fazem. Além de já nascerem conhecendo seu poder de sedução sobre os homens de forma inquestionável, que parece estar entranhado no próprio DNA feminino.

Uma das coisas que mais assusta um homem é o choro de uma mulher, embora os homens também chorem, principalmente nas vitórias e derrotas de seus times preferidos e hoje saibam usar seu choro como excelente peça de marketing. A mulher sabe chorar e expor suas emoções como ninguém, usando este choro até como uma interessante ferramenta de defesa e de adaptação ao meio em que estiver, se assim se fizer necessário. Se o Obama chorou ao discursar em sua segunda eleição para presidente, Hillary Clinton dificilmente o faria, pois estaria preparada para tal ocasião. Se fosse pega de surpresa por alguma situação, aí sim lágrimas correriam. Estou certo disso!

Eu tenho uma característica muito interessante: gosto das mulheres de gênio forte. É um desafio conviver com elas. Aquelas mulheres fraquinhas, do tipo "Maria-vai-com-as-outras" ou "mosca-morta" não me convencem, nem prendem minha atenção. O interessante é que quanto mais durona é a mulher, mais ela se dedica a quem ama, se respeitada e amada como ela considera que deveria ser. Esta mulher geralmente é crítica quanto às pessoas ao seu redor, e quase sempre se destaca em tudo o que faz, exercendo naturalmente sua liderança, que sempre acaba sendo naturalmente conquistada. Este tipo de mulher lê o título desse artigo e diz para si mesma: "que pretensão!". Já as mulheres "mosca-morta" pensam que se trata de um artigo de auto-ajuda.

As "mulheres-fortes" sabem o que querem, mas não costumam aceitar algumas de suas fraquezas, principalmente as emocionais ou sentimentais, geralmente sublimando estas carências com o estudo, o trabalho ou um zelo exacerbado à família, que pode acabar sufocando seus colegas, amigos ou seus parentes. Elas se mostram verdadeiras fortalezas, mas choram escondidas e depois põem a culpa nas alergias do dia-a-dia. Estas mulheres não costumam gostar de homens "meio-termo", ou seja, em cima do muro. Ou elas têm ao seu lado homens de temperamento forte e decidido, que sejam companheiros de fato, ou então têm um "banana", que acaba virando apenas um "assessor" para todos os assuntos, até os mais íntimos. Muitos homens têm medo dessas mulheres, pois elas exigem atitudes mais inteligentes e comportamento mais leal, e os homens ainda não se acostumaram a isto!

As mulheres "mosca-morta" querem que o mundo se molde aos seus caprichos e medos e que os homens sejam seus provedores e protetores, além de amantes únicos e perfeitos. Elas vivem um mundo de romantismos que hoje não existe mais, se é que existiu de fato um dia! Estas mulheres sempre se demonstram apáticas ao mundo, afirmando que política é coisa para os homens, por exemplo. Deixo aqui um alerta a estas mulheres: nos casamentos os homens geralmente não se intimidam em traí-las, pois com o tempo, muitas vezes não as percebem mais como suas companheiras, e nem mais têm diálogo ou interesse íntimo por elas. Para estes maridos, suas esposas acabam virando a "patroa" ou a "dona encrenca", e não mais a "mulher".

Antigamente, era comum ouvirmos que o mundo era dos homens. Hoje, por mais que nós homens nos assustemos, o mundo é das mulheres. Elas até podem, quando funcionárias, ganhar menos que os homens, mas já são reconhecidas como mais competentes e confiáveis. Assim, uma das coisas que as mulheres mais querem, que é o reconhecimento pelos seus méritos, já está sendo conquistado. Temos uma mulher presidente da república e outra presidindo a Petrobrás, temos algumas ministras, muitas juízas e promotoras, temos mulheres se destacando nas letras, no jornalismo, na engenharia, na aviação e em outras funções que antes eram dominados pelos homens. Estas conquistas são definitivas, e tendem a crescer cada vez mais, inclusive com a absurda diferença salarial que ainda existe entre homens e mulheres acabando. Também aquelas piadinhas cretinas quanto às capacidades femininas já estão perdendo a graça. Tem que ser muito idiota para continuar afirmando que mulher dirige mal, que não sabe fazer churrasco ou que não tem senso prático. Muito embora abrir vidros de palmito ainda seja um obstáculo a ser superado!

As mulheres de hoje também buscam uma vida sentimental bem diferente daquelas que as gerações anteriores tiveram. Elas buscam uma verdadeira liberdade sexual, por exemplo. Querem ter o direito de ter vários parceiros e não receber a pecha de "vagabundas" (lembrando que homens que têm em seus históricos de vida muitas mulheres são conhecidos como garanhões). Assim, enquanto este direito não for igualado, as mulheres de hoje não sossegarão. Até porque isto significa que elas passaram a ser realmente donas de seus corpos, desejos e vontades, podendo exercer como bem entender sua sexualidade e o homem que não souber entender isto terá que se acostumar a viver na "periferia" da vida. O tempo dos machões está se acabando....

É comum nós homens afirmarmos que as mulheres querem que adivinhemos seus pensamentos. E querem mesmo! Até exigem! E talvez estejam mesmo certas, já que elas procuram sempre adivinhar o que o homem está pensando, mesmo que geralmente não consigam. E não conseguem porque os homens tem um foco diferente de vida. São tão emocionais e/ou práticos quanto às mulheres, mas direcionam seu entendimento de forma diferente. E é assim que tem que ser, pois homens e mulheres não são seres opostos, e sim complementares. Quando percebemos que somos complementares, conseguimos conquistar uma afinidade e uma cumplicidade realmente especiais. Assim, numa perfeita sintonia, consegue-se perceber, não adivinhar, o que o outro deseja ou quer. As mulheres estão de parabéns por querer esta simbiose! Elas são sábias por essência!

A mulher de hoje ainda quer ser mãe. E quer mesmo! A maternidade continua importante para toda mulher. E nem precisa mais de pai para seu filho, pois ela sabe ser mãe e pai ao mesmo tempo. Ela exerce a maternidade com muito mais sabedoria que antigamente, quando eram as próprias mães que ensinavam aos filhos o que era coisa de homem e o que era coisa de mulher. Já as filhas, aprendiam a ser boa esposa e mãe zelosa! As mães de antigamente ensinavam aos seus filhos que chorar e ser sensível eram coisas de mulher. Hoje, as mães ensinam aos seus filhos o que são coisas civilizadas e o que não são. Assim, tenho certeza que teremos homens menos machistas e mais sensíveis, e provavelmente pais mais zelosos e carinhosos. E tudo isto, graças às mulheres, única e exclusivamente, pois aprenderam a se posicionar na vida e a não se sentir mais apenas um apêndice do homem ou uma mera atriz coadjuvante no filme da vida.

A grande verdade, é que as mulheres não querem mais um lugar ao sol, mas sim o lugar delas ao sol. E este lugar sempre existiu, mas parece que o tempo estava nublado. Mas, agora que as nuvens estão se dissipando, ninguém mais segura estes corpos que estão se bronzeando.

*Alessandro Lyra Braga é carioca, por engano. De formação é historiador e publicitário, radialista por acidente e jornalista por necessidade de informação. Vive vários dilemas religiosos, filosóficos e sociológicos. Ama o questionamento.

http://www.debatesculturais.com.br/o-que-as-mulheres-querem/

Foto: eniusc.blogspot.com

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey
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