IBGE mede aumento de casais com mulheres mais velhas do que o marido

Embora esse comportamento continue mais freqüente entre os homens, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística verificou um aumento do número das uniões nas quais as mulheres têm idade superior a do homem. De 1996 a 2006, essas uniões passaram de 5,6 milhões para 7,6 milhões, que representa um crescimento de 36%, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – Pnad. Cresceram menos (25,3%), no mesmo período, as uniões de homens mais velhos que as mulheres, passando de 22,3milhões para 27,9 milhões.

O estudo do IBGE revela, ainda, informações curiosas como, por exemplo, a escolaridade da mulher chefe de domicílio casada com homem pelo menos 19 anos mais novo é em média um ano inferior a do homem. E também, as chefes de domicílio com diferença de idade de 30 anos ou mais em relação ao cônjuge, ganham em média três vezes mais o que eles ganham. Essas e outras informações podem ser encontradas em Diferenciais de idade entre os casais nas famílias brasileiras: um estudo com base nas Pnads 1996 e 2006 divulgado hoje pelo IBGE.

Os dados da Pnad 2006 revelaram que no caso dos homens com idade superior a das mulheres (27,9 milhões de uniões) a diferença de idade está concentrada nos grupos de até 4 anos de diferença (45,8% das famílias) e entre 5 a 9 anos (34,4% das famílias). No caso das mulheres mais velhas que os homens (7,6 milhões de uniões), a diferença de idade é na sua maioria, inferior a cinco anos (64,7%). Entre 1996 e 2006, houve uma mudança gradual de comportamento com um aumento de famílias onde a mulher tem idade superior à do seu companheiro. A maior variação ocorreu em arranjos familiares onde a diferença de idade da mulher para o homem era de 10 a 14 anos (0,9 ponto percentual), que representavam, em 2006, 592 mil uniões.

Nas famílias onde a mulher tem idade superior à do homem e essa diferença ultrapassa 10 anos (927 mil famílias) constatou-se que, entre 1996 e 2006, a proporção de arranjos familiares variou de 10,4% para 12,1%; em termos absolutos esse crescimento foi superior ao observado para os arranjos familiares onde a diferença de idade é inferior a 10 anos (59,5% contra 33,7%).Para as famílias onde a idade do homem é superior a da mulher em mais de 10 anos, a variação da proporção no período foi de 19,3% para 19,8%.

As uniões de homens mais velhos com mulheres bem mais novas de acordo com os dados da Pnad não é um modelo em extinção. Os arranjos familiares onde a diferença de idade do homem para a mulher era de 15 a 29 aumentaram de 6,6 % para 7,2 %, passando de 1,4 milhão para 2,0 milhões. Vale lembrar que, em todo o país, a idade média das mulheres no primeiro casamento, apontada pelas Estatísticas do Registro Civil,´e três anos inferior a dos homens ( 25 anos, enquanto a dos homens é 28 anos).

Ao analisar a escolaridade média do homem e da mulher de acordo com o diferencial de idade entre eles, o estudo observou que este não é um aspecto determinante entre as uniões. No entanto, chamaram a atenção dois casos específicos: no primeiro, em que o homem tinha de 15 a 19 anos a mais que a mulher, e ocupava a posição de cônjuge (a mulher era chefe), verificou-se a maior diferença de escolaridade entre o casal, pois a mulher possuía em média 1,4 ano de estudo a mais. No segundo caso, para as mulheres chefes com idade pelo menos 19 anos superior a dos homens, a média de anos de estudo da mulher era inferior à do homem em média 1 ano. A análise da escolaridade média do casal também revelou que os casais com maior diferença de idade possuem uma menor média de anos de estudo.

Quanto ao rendimento, em média as mulheres recebem cerca de 70% do rendimento auferido pelos homens. No caso das famílias onde o homem tem idade superior à da mulher (73% dos arranjos compostos por casal), se o homem é o chefe da família as mulheres recebem em média cerca de 33% do rendimento do homem 1. Considerando este mesmo tipo de arranjo, mas onde o homem é cônjuge (a mulher é chefe), esta ainda percebe menos que o homem, em média 65%. A única exceção foi observada nas famílias onde a diferença de idade entre o casal era de 20 a 29 anos, onde a mulher chefe com idade inferior a do marido, tinha um rendimento 18% maior.

Nos arranjos familiares onde a mulher tem idade superior à do homem se a mulher é chefe, ela apresenta um rendimento superior ao do cônjuge em quase todos os arranjos de acordo com os diferencias de idade, exceto na faixa de 1 a 4 anos de diferença etária, em que os homens recebem cerca de 9% mais que a mulher. Por outro lado, chama a atenção que no caso das mulheres com mais idade que o cônjuge, o diferencial de rendimento entre o casal aumenta de acordo que avança a diferença de idade. Para as mulheres com uma diferença de idade de 30 anos ou mais em relação ao cônjuge, o rendimento deste representa apenas 25% do rendimento da mulher.

Nos casos onde a mulher tem idade superior à do homem, mas na família ela assume a posição de cônjuge, as mulheres apresentam um rendimento médio menor. Diferença esta que diminui à medida que avança o diferencial de idade entre o casal, o que permite verificar quanto o rendimento é importante na determinação da pessoa de referência na família.

Com relação aos níveis de ocupação do casal, pôde-se observar que os resultados estavam bem próximos ao padrão observado parahomens e mulheres no mercado de trabalho como um todo (em média cerca de 70% para os homens e 50% para as mulheres). À medida que aumentaram os diferenciais de idade diminuíram o nível de ocupação, o que era de se esperar pois um integrante do casal possuía uma idade mais avançada. Outro aspecto observado é a relação direta entre a posição de chefe e os níveis de ocupação (tais níveis tendem a ser maiores quando a pessoa é chefe).

Dois outros aspectos chamaram a atenção: nos arranjos onde o homem tinha idade superior à da mulher e o diferencial de idade entre o casal era de 30 anos ou mais, o nível de ocupação da mulher era de cerca de 42%, abaixo do observado para o conjunto da população. Uma hipótese para explicar tal resultado pode ser o fato de que nas famílias onde a mulher cônjuge é bem mais jovem, haja uma pressão no âmbito familiar para que se dedique apenas à família e aos afazeres domésticos. Por outro lado, no caso onde a mulher possuía uma idade bem mais avançada que o homem, o baixo nível de ocupação pode estar refletindo a redução de atividade desta com a idade, bem como uma maior dificuldade de inserção no mercado de trabalho ou a inatividade decorrente da aposentadoria.

No Brasil, as desigualdades entre as áreas urbana e rural são expressivas, no entanto, este estudo não apresentou comportamento tão desigual. Com relação aos arranjos familiares formados por casal de acordo com o diferencial de idade, verificou-se que na área rural a proporção de arranjos em que a mulher tem idade superior à do homem é menor (16,7%). Com efeito, nos arranjos onde a idade do homem é maior que a idade da mulher, nas faixas de maior diferença de idade (acima de 9 anos), a proporção de arranjos é de 22,2%, enquanto que para o conjunto do país a proporção é de 19,8%.

Fonte

http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=1098&id_pagina=1

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey
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