Mídia: O poder da imagem sob suspeita

O poder da imagem e sua utilização como espetáculo para atrair a atenção do telespectador. É o que discute a monografia Os simulacros e a linguagem televisiva, trabalho de conclusão de curso que a jornalista recém-formada Maria Laura Conti Nunes apresentou à Faculdade de Comunicação Social do Centro Universitário Monte Serrat (Unimonte), de Santos-SP.

O trabalho, que teve a orientação do jornalista e professor Adelto Gonçalves, doutor em Letras pela Universidade de São Paulo, procurou analisar e discutir aspectos da mídia televisiva e do processo de formação da cultura de massa.

Partindo das idéias de autores como Jean Baudrillard, Umberto Eco, Michel Chossudovski, Martine Joly, Ignacio Ramonet, Marilena Chauí, Dênis de Moraes e outros, a jornalista, a partir de exemplos práticos, tratou de questionar o quanto a cobertura jornalística da TV brasileira e mundial tem se rendido à elaboração de simulacros para manipular e até envolver o imaginário da sociedade para explicar fatos do cotidiano. “Há um excesso de veiculação de notícias desprovidas de seu contexto histórico e sociológico que, aparentemente organizadas pela imprensa, são sugeridas à população como verdade absoluta e inquestionável”, constata Maria Laura.

Para ela, está claro que a TV absorverá cada vez mais “poder” assim que se digitalizar e tornar-se um veículo multimídia (TV, internet, rádio e, quem sabe, telefone). “Por isso, é fundamental denunciar os interesses que levam grandes corporações a disputar a propriedade de veículos de comunicação, especialmente redes de TV, examinando o papel que acabam por exercer na formação da opinião pública”, observa.

Para a estudiosa, a distorção de fatos ocorre por que há sempre grupos que se beneficiam dela. “Talvez a resposta esteja nas grandes fusões entre corporações detentoras de diferentes veículos de comunicação e na ávida procura por obtenção de concessões por empresas que nada têm a ver com o ramo da comunicação”, diz.

Maria Laura lembra que, nos Estados Unidos, a melhor parte da indústria cultural está nas mãos de algumas poucas megamultinacionais: AOL Time Warner, AT&T, Bertelsmann, Disney, NBC Universal (General Electric/Vivendi), News Co., Sony e Viacom. Ela cita o caso da rede NBC, que é propriedade de General Electric, um dos maiores conglomerados do mundo que mantém a GE Transportation, braço que produz armamentos e grande fornecedor do exército norte-americano em sua guerra no Iraque.

“É um tanto difícil acreditar que um jornalista da NBC News possa escrever um texto que venha a contrariar os interesses da GE em desovar seus artefatos bélicos numa guerra qualquer antes que fiquem obsoletos”, questiona.

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey
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