Há 129 anos, Marx está mais próximo que nunca

Escrito por Bianka de Jesus  

Há 129 anos, Marx está mais próximo que nunca. 16623.jpegHavana (Prensa Latina) Em 14 de março de 1883 faleceu Carlos Marx, filósofo e economista alemão, cuja obra e influência transcendem até hoje, como previu ante sua tumba Federico Engels, fiel amigo e cofundador do socialismo e do comunismo científicos. Vítima há meses de uma doença pulmonar, sua morte ocorreu em Londres, serenamente como se estivesse dormindo, e foi enterrado em 17 de março junto a sua esposa Jenny, falecida de câncer em 2 de dezembro de 1881.

Marx nasceu em 5 de maio de 1818 em Tréveris (cidade da Prússia renana); estudou nas universidades de Bonn e Berlin, Direito, História e Filosofia; escreveu em vários meios de imprensa, e submeteu sua análise e crítica às ideias filosóficas, econômicas e políticas precedentes.

Sua concepção materialista e dialética, quanto à filosofia e a sociedade, levam-no a fundar junto a Federico Engels (1820-1895) uma nova doutrina ideológica.

Marx era, antes de mais nada e, sobretudo, afirmou Engels, um revolucionário; o homem mais odiado e mais caluniado de seu tempo...e morre venerado, amado, chorado por milhões de operários semeados por toda a órbita, desde as minas da Sibéria até a ponta da Califórnia.

E bem posso dizer com orgulho -asseverou- que, se teve muitos adversários, não conheceu seguramente um só inimigo pessoal.

Assim continua até nossos dias tudo o referente a Carlos Marx, venerado por milhões e repudiado por outros que tratam de minimizar seu prestígio para além dos tempos e da lógica.

Sua vida esteve intimamente unida ao movimento operário e à criação da doutrina denominada marxista, a que mais prevaleceu desde então, incluídas suas variantes, não só no proletariado, senão entre as forças de esquerda e socialistas em geral.

Uma boa parte de seus esforços dedicou-os à ciência econômica e a demonstração de sua descoberta a respeito da mais-valia.

É autor de numerosas obras, algumas em colaboração com Engels, como A sagrada família, A ideologia alemã e o Manifesto Comunista.

Entre as mais notáveis suas estão, Contribuição à crítica da economia política (1859) e O Capital (tomo I, 1867); outros textos neste campo foram publicados postumamente.

Marx e Engels fundaram sua amizade em 1844, em Paris, onde residia o primeiro, e depois de afiliar-se à sociedade secreta Liga dos Comunistas e assistir a seu II Congresso (1847), redigiram a petição do agrupamento o Manifesto (1848), sem dúvida um importante documento.

"Um fantasma percorre a Europa: o fantasma do comunismo. Todas as forças da velha Europa se uniram em santa cruzada para acossar a esse fantasma...", começa o texto e termina com a exortação "Proletários de todos os países, uni-vos!"

Foi também o mentor da Associação Internacional dos Trabalhadores (1864-1872), a I Internacional, criada em Londres em 28 de setembro de 1864; escreveu seu primeiro Manifesto e diversos acordos, declarações e apelos.

Suas maiores contribuições radicaram no campo teórico, segundo expressou Engels ante sua tumba.

Bem como Darwin descobriu a lei da evolução da natureza orgânica, Marx, a lei pela qual se rege o processo da natureza humana e a especial que preside a dinâmica do regime capitalista de produção e da sociedade burguesa engendrada por ele (a lei da mais-valia).

A primeira explica-a Engels com palavras singelas: até ele aparecia soterrado baixo uma fumaça ideológica que o homem precisa acima de tudo, comer, beber, ter onde habitar e com que se vestir, antes de dedicar à política, à ciência, à arte, à religião.

Ou, seja, a produção dos meios materiais e imediatos de vida, o grau de progresso econômico da cada povo ou da cada época -destaca-, é a base sobre a que depois se desenvolvem as instituições do Estado, as concepções jurídicas, a arte e inclusive as ideias religiosas das pessoas desse povo ou dessa época.

À luz de seu método, denominado materialismo histórico, escreveu três obras com respeito à história francesa: As lutas de classes na França de 1848 a 1850, O 18 Brumário de Luis Bonaparte e A guerra civil na França (1870-1871).

Não obstante o desaparecimento da União Soviética e do chamado Campo Socialista no final do passado século, milhões de pessoas estão convencidas que "um fantasma percorre o Mundo: o fantasma de Carlos Marx", parafraseando o Manifesto Comunista.

Desde 2003, Havana foi sede de várias conferências internacionais com o título Carlos Marx e os Desafios do Século XXI, com a participação de numerosos cientistas sociais de diversa procedência.

"Hoje Marx e Engels estão mais próximos que nunca, porque nunca como agora tem sido o capitalismo tão voraz e destruidor", sustenta a professora cubana Isabel Monal, uma das organizadoras do foro e da revitalização de suas ideias.

Prêmio Nacional de Ciências Sociais (1998), Monal é Doutora em Ciências Filosóficas, diretora da Cátedra de Estudos Marxistas, do Instituto de Filosofia, e diretora da revista Marx Agora.

Conta em seu aval os estudos realizados na Universidade de Havana, cursos em Educação e em Filosofia, no San Francisco State College e em Harvard, Estados Unidos; bem como trabalhos de investigação na Universidade de Humboldt, da Alemanha.

*Historiadora, jornalista e colaboradora da Prensa Latina

http://www.patrialatina.com.br/editorias.php?idprog=6f4b7fd3eea0af87f9990faa8e3287f1&cod=9480

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey
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