Estatuto reúne ações que garantem direitos à população negra

Em continuidade à série “Promovendo a Igualdade”, que será publicada durante todo o mês de novembro em homenagem ao dia da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro, hoje o tema apresentado pelo Em Questão é o “Estatuto da Igualdade Racial”. O projeto de Lei 6.264 de 2005, do senador Paulo Paim (PT-RS), que institui a medida, tramita na Câmara dos Deputados e será um importante passo no combate à discriminação racial.

Apesar dos avanços trazidos pela Constituição de 1988, e de outras medidas legais importantes aprovadas posteriormente, ainda há muito a ser feito para eliminar a discriminação racial no Brasil. O projeto de lei vai condensar a maior parte da legislação brasileira voltada à temática da igualdade e reunir um conjunto de ações e medidas especiais que vão assegurar direitos fundamentais à população negra.

Entre estas medidas, a implantação de políticas de saúde e educação, o respeito à liberdade de crença e livre exercício dos cultos e religiões de matrizes africanas e a garantia aos remanescentes de quilombos da propriedade definitiva das terras que ocupam.

Para o ministro Edson Santos, da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (seppir), a aprovação representará um marco na luta contra o racismo. "Ele é um divisor de águas na nossa história. O Estatuto da Igualdade será a consolidação dos direitos da população negra no Brasil e das responsabilidades do Estado, no sentido mais amplo da palavra, para com a promoção da igualdade e a erradicação das desigualdades e discriminações”, afirma.

Em março deste ano a Câmara dos Deputados instalou uma comissão especial encarregada de analisar o projeto. A metodologia adotada pela Comissão Especial permite que os parlamentares tenham foco no debate, oferece condição à Câmara de ouvir segmentos da sociedade civil, lideranças e intelectuais sobre o conteúdo do projeto, além de permitir uma mobilização ampla em torno de um tema.

“É importante frisar que essa luta não é apenas dos movimentos negros, mas de todo movimento democrático e anti-racista deste país, de todos os inconformados com o quadro de desigualdade que ainda há no Brasil", ressalta o ministro.


Saúde - O Estatuto cria os marcos legais para a implantação de políticas de saúde voltadas às especificidades da população negra, e para a garantia do acesso igualitário ao Sistema Único de Saúde (SUS).


Educação - A iniciativa também estabelece parâmetros para a aplicação de ações afirmativas voltadas à população negra, como o sistema de cotas raciais - política já adotada do processo seletivo de 60 instituições públicas de ensino técnico e superior em vários estados brasileiros - e a inclusão da disciplina "História Geral da África e do Negro no Brasil" no currículo do ensino fundamental e médio, público e privado. Também reconhece e valoriza os clubes negros, incentiva a celebração das datas comemorativas ligadas à herança cultural e cria salvaguardas para a capoeira, inclusive enquanto ferramenta de inclusão social.


Religião – O Estatuto induz o respeito à liberdade de consciência, de crença e o livre exercício dos cultos e religiões de matrizes africanas praticadas no Brasil.


Quilombolas - Em relação às comunidades remanescentes de quilombos, mantém os dispositivos já existentes sem alterações.


Trabalho - O projeto valoriza o trabalho da mulher negra e dos empregados domésticos, majoritariamente negros, estimula o turismo étnico, cria penalidades para o trabalho escravo e estimula o setor produtivo a adotar ações afirmativas. De acordo com estatísticas do IBGE, existem aproximadamente seis milhões de trabalhadoras e trabalhadores domésticos assalariados no Brasil, sendo 95% mulheres. Entre estas, 76% recebem até um salário mínimo. Vale também destacar que 93,2% dessas mulheres são negras, apenas 27,8% possuem carteira assinada e a maioria, 58%, tem o ensino fundamental incompleto.

Na próxima quarta-feira (19), a série “Promovendo a Igualdade” abordará o tema "Dia da Consciência Negra", data dedicada à reflexão sobe a inserção do negro na sociedade brasileira

Fonte: Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey
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