Religiosos se preparam para Terceira Caminhada em Copacabana

Cerca de 150 mil pessoas são esperadas na orla

Esquentem os tambores! Está chegando a “3ª Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa”. Umbandistas, católicos, espíritas, evangélicos, judeus, muçulmanos, ciganos, wiccanos, hare krishnas e candomblecistas estarão reunidos pela fé no dia 19 de setembro (domingo), às 11h, no Posto Seis. O evento, organizado pela Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR), pretende agregar mais de 150 mil religiosos. A cada ano aumenta o número de público. Em 2009, segundo informações do 19º BPM, 80 mil pessoas participaram. Número quatro vezes maior que o da 1ª Caminhada.

Vários estados estão se mobilizando com caravanas coloridas, crianças, jovens e idosos. São brasileiros dos quatro cantos do país. Será um encontro da família brasileira. De cidadãos que veem na luta contra o preconceito a mola-mestra para uma sociedade mais justa. Para os participantes, não existe crença melhor ou pior, superior ou inferior; mas todos comungam com a ideia de que cada um tem o direito de exercer sua fé, com garantia de um estado laico.

A CCIR organiza todo o evento com trabalho voluntário. São cidadãos que dedicam parte do seu dia para luta pela liberdade religiosa. De acordo com o interlocutor da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa, babalawo Ivanir dos Santos, “o que nos move é a fé no Criador e o respeito aos nossos ancestrais”. O sacerdote ressalta que será uma festa da democracia e da liberdade de expressão e pensamento.

CCIR/RJ

O Eu Tenho Fé! é um movimento sem fins lucrativos, coordenado pela Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR), formado por diversas organizações, instituições estatais e vítimas de intolerância religiosa. Fundada em março de 2008, a CCIR se formou a partir da mobilização de religiosos em resposta a alguns acontecimentos sérios que ocorreram na cidade do Rio de Janeiro.

Entre os mais graves:

1. Traficantes de drogas invadiram barracões, quebraram imagens e ameaçaram de morte os religiosos que não se convertessem ao Evangelho;

2. Em comunidades dominadas pela milícia, os líderes começaram a perseguir os religiosos de matriz africana;

3. Uma mãe perdeu, provisoriamente, a guarda do filho caçula porque a juíza entendeu que ela não tinha condições morais de criar a criança por ser candomblecista;

4. Um terreiro, em plena Zona Sul da cidade, foi invadido e depredado por quatro fanáticos neopentecostais.

Seis meses depois, em 21 de setembro, a CCIR mobilizou 20 mil pessoas de todos os segmentos religiosos para uma caminhada na Orla de Copacabana. Foi a I Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa. A CCIR contou com o apoio da CNBB, Federação Israelita, Sociedade Muçulmana, Hare Krishnas, Budistas e Indígenas, entre outros.

Paralelamente às manifestações, a CCIR começou a entrar com representações na Justiça para garantir o direito das vítimas. A ONG Projeto Legal atende gratuitamente as vítimas de intolerância religiosa. O jurista Luiz Fernando Martins atua com ações coletivas, representando a Comissão em vários órgãos do país. Recentemente, Luiz Fernando conseguiu fazer com que a Comissão fosse a "defensora do feriado de São Jorge" na Suprema Côrte do país.

A CCIR conseguiu a proeza de fazer com que o coordenador da Inteligência da Polícia Civil do Rio de Janeiro se tornasse membro da Comissão. Em pouco tempo, a Polícia Civil transformou-se em modelo para o resto do Brasil, ao atualizar o sistema de registro de ocorrências com a Lei 7716/89 (Lei Caó), que prevê pena de 1 a 5 anos de reclusão para crimes praticados contra religiosos.

A CCIR construiu ainda o Fórum de Diálogo Inter-religioso, que conta com a CNBB, presbiterianos, batistas, kardecistas, umbandistas, candomblecistas, ciganos e minorias étnicas. A Comissão elaborou a base do Plano Nacional de Combate à Intolerância Religiosa e entregou as propostas ao presidente da República, no último dia 20/11/08, aqui no Rio de Janeiro. Neste momento, o plano de ação está sendo elaborado pelos religiosos.

Em março de 2009, ao completar um ano de trabalho, o desembargador Luiz Zveiter, presidente do Tribunal de Justiça RJ, passou a compor a Comissão de Combate à Intolerância Religiosa. Por seu intermédio, o Procurador-Geral do Estado, Cláudio Soares, também tornou-se membro. Hoje, o TJ e o MP acompanham de perto todos os processos encaminhados pela Comissão.

A Comissão de Combate à Intolerância Religiosa, por meio de seus membros, entende que a sociedade quer e precisa refletir sobre a intolerância religiosa. Ainda há muito a ser feito. Hoje, há cerca de 35 atendimentos jurídicos e Registros de Ocorrências (R.O's) acompanhados. E, infelizmente, todos os dias chegam novos casos.

A meta da CCIR é distribuir em todas as delegacias, igrejas, templos, centros e terreiros o Guia de Luta contra a Intolerância Religiosa e o Racismo. A cartilha é elaborada pelo professor e coronel da Reserva da PM Jorge da Silva, com a finalidade de orientar a sociedade civil diante de um caso de Intolerância Religiosa.

Todo o trabalho da Comissão e do Fórum Inter-religioso é desenvolvido voluntariamente por seus membros e participantes.

O evento conta com o apoio da Petrobrás, Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial – SEPPIR e da Secretaria Estadual de Assistência Social e Direitos Humanos, através da Superintendência de Direitos Individuais Coletivos e Difusos

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey
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