Novo dispositivo reduz risco da cirurgia de catarata

Novo dispositivo reduz risco da cirurgia de catarata

Plugue libera medicação dentro do olho na dosagem certa por 30 dias após remoção da catarata. Estudo mostra que o mau uso de colírio compromete 67% dos tratamentos oculares no Brasil.

Estudo multicêntrico que acaba de ser apresentado em Chicago durante a reunião 2014 da AAO (Academia Americana de Oftalmologia) comprova a segurança do primeiro implante no canal lacrimal de um dispositivo com dexametazona, corticóide indicado  para tratar inflamação e dor após a cirurgia de catarata.

De acordo com o oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, um dos maiores riscos da cirurgia é a contaminação do olho após o procedimento, relacionada a falhas na administração de  colírios. Por isso, na opinião dele o dispositivo vai garantir melhor visão a quem passa pelo procedimento. O médico explica que o olho contaminado pode perder células irrecuperáveis. A  medicação é essencial no tratamento e 67% dos brasileiros não sabem usar colírio.  É o que ficou comprovado por um estudo conduzido no hospital por Queiroz Neto com 2,7 mil pacientes.

Os erros mais comuns relatados pelos participantes foram:

  • A instilação de mais de uma gota de colírio em cada olho que leva ao desperdício de medicamento
  • A descontinuidade do tratamento por piscar repetidamente após a instilação.
  • A contaminação do bico dosador pelo contato com o dedo ou superfície ocular.

"Qualquer uma dessas falhas pode comprometer o resultado da cirurgia" afirma. 

Conclusões do estudo multicêntrico

O estudo apresentado em Chicago com o novo dispositivo reuniu 60 pacientes  divididos em 2 grupos de 30 pessoas. Em um dos grupos foi implantado no canal lacrimal o plugue que fornece uma liberação constante de dexametazona durante 30 dias. O outro recebeu um placebo. Já no primeiro dia, os pacientes que usavam o plugue com medicamento tiveram 3 vezes menos dor que o grupo do placebo. Depois de duas semanas. o grupo placebo relatou uma dor 11 vezes mais intensa que o grupo medicado. Os pesquisadores também avaliaram nos dois grupos o nível de inflamação através do número de células na câmara anterior do olho tratado. Depois de 30 dias só 13% do grupo placebo não tinha sinais de inflamação contra 60% dos que usaram o plugue com medicamento.

O implante

Queiroz Neto afirma que o implante do dispositivo é realizado no final da cirurgia de catarata. A doença torna o cristalino do olho opaco conforme envelhecemos. No Brasil são 350 mil novos casos/ano e o único tratamento é a cirurgia em que uma lente substitui o cristalino opaco. O dispositivo é implantado sob anestesia local e fixado no ducto lacrimal. O dispositivo libera uma dose constante de dexametazona na câmara posterior do olho. O paciente deve instilar lágrima artificial nos olhos após a cirurgia e usar lentes que filtrem 100% da radiação ultravioleta. Depois de 30 dias o dispositivo que é biodegradável dissolve e é absorvido pelo corpo sem necessidade de procedimento para ser retirado.  Segundo Queiroz Neto as principais vantagens do implante são: garantir a dosagem correta e constante da medicação e eliminar o risco de contaminação através do bico dosador do colírio. O dispositivo já foi aprovado nos EUA e Europa. No Brasil já tem similar para tratamento de  retinopatia diabética. Por isso, o médico acredita que em breve deve chegar ao país.

As principais recomendações do médico para o uso correto de colírios são:

  • Lave as mãos antes da aplicação.
  • Verifique no frasco se é recomendado agitar o produto antes de usar
  • Incline a cabeça para trás.
  • Flexione a pálpebra inferior com o indicador.
  • Com a outra mão segure o dosador
  • Coloque o medicamento sem relar no bico dosado, evitando a contaminação.
  • Feche os olhos por 3 minutos para garantir o efeito
  • Pressione com o polegar o canto interno do olho para reduzir efeitos colaterais
  • Se usar lentes de contato retire-as antes da aplicação
  • Recoloque as lentes de contato depois de 10 minutos da aplicação
  • Em caso de prescrição de mais de um colírio aguarde 15 minutos entre um e outro
  • Só aplicar medicação dentro do prazo de validade estipulado na embalagem

 

Eutrópia Turazzi

LDC Comunicação

 

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey
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