Trocar a cor dos olhos pode cegar

Procedimentos para ficar com olhos claros podem causar graves complicações.

A vaidade cega. Tanto que muitos brasileiros viajam a outros países para trocar a cor dos olhos. Segundo o oftalmologista do Instituto Pendo Burnier, Leôncio Queiroz Neto, os procedimentos para deixar os olhos claros podem trazer sérias complicações à saúde ocular. Um deles é a formação de edema e cicatrizes na córnea como foi o caso de uma paciente atendida pelo médico.

Ele diz que a técnica mais antiga é o implante de uma lente em frente à íris, parte colorida do olho. A mais recente é feita a laser. No Brasil nenhuma das duas está disponível porque não tem aprovação da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Os dois procedimentos também não são reconhecidos pelo CFM (Conselho Federal de Medicina). Isso porque, são considerados de alto risco por serem experimentais, ou seja, sem pesquisa prévia que comprove a segurança da aplicação.

Implante de lente

O oftalmologista afirma que o implante foi desenvolvido no Panamá (América Central).  Consiste na inserção de uma lente na frente da íris, conforme a cor escolhida pelo paciente, através de um corte feito na córnea.  Quem passa pela cirurgia sente a visão embaçar progressivamente.  Isso acontece porque a lente provoca lesão na face interna da córnea, além de poder desencadear a inflamação da íris e glaucoma secundário decorrente do traumatismo do implante.

Cirurgia a laser

Queiroz Neto conta que o procedimento a laser foi desenvolvido na Califórnia (EUA), por Gregg Homer. Consiste em retirar da íris a melanina, substância responsável pela cor escura dos olhos, para que a pessoa fique com os olhos azuis que correspondem à íris despigmentada. O problema é que esta melanina se desloca para o canal de escoamento do humor aquoso. Por isso, pode provocar o glaucoma de ângulo fechado caracterizado por dor súbita nos olhos, náusea e dor de cabeça que sinalizam uma emergência oftalmológica. Também pode causar o glaucoma pigmentar que tem como principal característica o aumento da pressão intraocular. O especialista ressalta que os colírios de prostaglandina indicados para tratar o glaucoma escurecem os olhos. Quer dizer, quem passa por este procedimento pode ganhar uma doença crônica que é a maior causa de cegueira definitiva no mundo e para não perder a visão volta a ter olhos castanhos.  

O médico observa que a exposição do olho ao laser também pode antecipar a formação da catarata, opacificação do cristalino que tem na cirurgia o único tratamento restaurador da visão.

Sinais de alerta

Para quem não resistiu à tentação de trocar a cor dos olhos ele ressalta que o primeiro sinal de alerta que indica necessidade de consultar um oftalmologista urgente são olhos vermelhos que podem estar associados a edema da córnea. "Quanto antes for feita a tomografia das duas faces da córnea e retirada da lente  menor é o risco de perda severa da visão", afirma. Outros sinais de alerta são: dor de cabeça, náusea e pupila dilatada que podem estar relacionados ao glaucoma de ângulo fechado que sempre representa uma emergência médica. A forma mais segura de trocar a cor dos olhos é através de lente de contato desde que adaptadas por um oftalmologista. "Usar lentes mal adaptadas também pode causar sérios problemas" afirma. As recomendações para evitar a contaminação dos olhos pelas lentes são:

Lavar cuidadosamente as mãos antes de manipular as lentes.

Utilizar soluções limpadoras na higiene e enxágüe das lentes e estojo

Friccionar as lentes para eliminar completamente os depósitos

Não usar soro fisiológico ou água na higienização

Retirar as lentes antes de remover a maquiagem e quando usar spray no cabelo

Colocar as lentes sempre antes da maquiagem

Guardar o estojo em ambiente seco e limpo

Trocar o estojo a cada quatro meses

Respeitar o prazo de validade das lentes

Jamais dormir com lentes, mesmo as liberadas para uso noturno.

Retirar as lentes durante viagens aéreas por mais de três horas

Não entrar no mar ou piscina usando lentes.

 

Eutrópia Turazzi

LDC Comunicação

 

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey
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