Kasparov, o Peão

Garry Kasparov, preso hoje perto da Praça Pushkinskaya em Moscovo por actividades subversivas, é um belo exemplo do peixe grande num charco pequeno que, através da sua imensurável ambição, se tornou um peixinho entre tubarões no Oceano. Garry Kasparov, o Grão-Mestre do xadrez, é o peão político que vendeu a sua alma aos traidores que planeiam a derrota da Rússia e que por sua vez irão deixá-lo encalhado quando ele falhar.

Poder-se-ia acrescentar só mais um parágrafo, curto, e terminar aqui, referindo que esta questão da “Outra Rússia” é uma fantasia, nada mais do que uma frente que representa os interesses dos oligarcas que tinham as mãos nos recursos da Rússia, que se preparavam para gerir o desmantelamento da Federação Russa, a troca de fortunas e ao mando dos inimigos da Rússia – entre os quais os EUA. Estes oligarcas criminosos, traidores e fraudulentos que foram removidos das suas posições por Putin e seus Patriotas Chequistas, planeiam agora na eleição em Março de 2008 – já sem o Putin – posicionar-se para fazer mais do mesmo. Sem terem a capacidade de fazerem o trabalho sujo, viram-se para a energética, incisiva e brilhante mente de Garry Kasparov, utilizando-o como seu homem de frente.

Frente, pois. Kasparov é líder da Obyedinyonniy Grazhdanskiy Front, ou Frente Unida dos Cidadãos/Civil. Contudo, hoje, este azeri, apoiante de Berezovsky, com olhar de doido, não foi além de uns berros no carro da polícia, chamando o (democraticamente eleito, por duas vezes) Governo da Rússia “criminoso” e depois “medroso”, parecendo qualquer vândalo apanhado a riscar automóveis com um prego. Ele sabia o que fazia, pois a sua manifestação era ilegal.

Mas o quê esperar de alguém que participa num movimento que inclui o Boris Berezovsky, que esta semana declarou que “a liderança na Rússia só pode ser removida pela força”? Mas que grande representante de democracia, esta “frente”! Kasparov, de facto, se tornou vítima das suas ambições, que lhe serviram bem na tabela de xadrez, mas no mundo político, há forças que engendram os que gozam o sucesso e os que são relegados ao fracasso.

Putin, um sucesso

Quer que o Kasparov goste ou não, Presidente Vladimir Putin, no mínimo, para a vasta maioria do povo russo (embora ele não saiba isso, pois nem é russo, nem sequer tem vivido na Rússia) providenciou estabilidade e segurança económica, criando um clima em que as pessoas podem ter esperança. E ponto final.

Primeiro, Presidente Putin foi democraticamente eleito, duas vezes. Sua política inteligente mas firme, rectificou uma situação potencialmente volátil nas regiões fronteiriças. Sua política externa, sublinhando a necessidade para um mundo multipolar, usando abordagens multilaterais na gestão de crises e seguindo os preceitos da lei internacional, é aprovada quase unanimemente na comunidade internacional. Sua política económica trouxe estabilidade e riqueza a uma classe média crescente e dinâmica. Empresas russas são hoje intervenientes de destaque no palco mundial. A inflação foi controlada, os professores russos hoje em dia recebem seus salários no final de cada mês, as lojas estão repletas da maior variedade de bens visto em qualquer parte do planeta, o PIB cresce de forma constante e a Rússia já pagou uma parte substancial da sua dívida externa. Acresce-se o facto que voltou um estado de lei e não a lei da rua, e vimos que o Vladimir Putin conseguiu arrancar o país da crise profunda que enfrentava sob a tutela do náufrago humano, Eltsin, e colocou a Rússia outra vez na linha de frente de desenvolvimento, reafirmando-a como potência mundial.

É por isso que o povo russo votou por Vladimir Putin, não uma vez, mas duas, e com maiorias claras. Isso é um processo que se chama “Democracia”. Além disso, não se pode esquecer que os eleitores russos iriam votar em Putin pela terceira vez se ele pudesse ser candidato.

Kasparov, o peão

Mas será esta a Rússia que o azeri, Kasparov, quer? Parece que não, pois ele representa tudo que não seja o Governo democraticamente eleito da Rússia, mesmo que isso signifique ter comunistas e fascistas no seu circo, talvez até o Demónio, quem sabe? Comunistas, tudo bem. Fascistas – não são a chávena de chá preferida de toda a gente, mas a Democracia providencia uma escolha, supostamente baseada em coerência, para apresentar ao eleitorado. Mas como se pode rotular de “coerente” o Kasparov, quando ele, um estrangeiro, como a cara da “A Outra Rússia”, representa qualquer coisa ou pessoa, até opostos políticos, que possam promover sua agenda pessoal (visto que nunca produziu uma agenda política)?

O quê é que representa o Kasparov? Quais são as suas políticas? Qual o seu manifesto? Não tem. Simplesmente, é anti. Anti quê? Tudo, e sempre foi. Os que seguem o xadrez lembrar-se-ão do caos que esse indivíduo trouxe a esse jogo até então calmo e conservador. A Federação Internacional do Xadrez, FIDE, nunca foi a mesma depois de Kasparov tentar revolucionar o sistema e estabelecer uma federação alternativa, com ele no lugar do protagonista, claro, tornando um jogo respeitado com imagem profissional numa briga de taberna.

As únicas questões de política em que o Kasparov é citado são referências obscuras ao Governo da Rússia, queixando que a Rússia está nos G8, dizendo que os EUA deveriam ter dominado o mundo nos anos 1990, e pouco mais. Se facto, com esse amante azeri de tudo Made in USA, que serviu como membro do Conselho de Parecer da Segurança Nacional dos EUA, estabelecendo regimes pró-Washington em espaços pós-Soviéticos, quem precisa da CIA?

O quê é “A Outra Rússia”? O quê é o Kasparov?

Precisamente isso: a “outra” Rússia – e Kasparov. A “Outra Rússia” é constituída por traidores que foram varridos do poder pelo Vladimir Putin, tirando das suas mãos os recursos da Rússia e devolvendo-os aos seus donos – o povo russo – e não ao Berezovsky, Guzinsky e Khodorkovsky, seus mestres anti-russos e seu peão, o azeri Kasparov.

A Outra Rússia é o maior bando de inadaptados, excluídos e lunáticos que qualquer cenário político em qualquer país do mundo alguma vez presenciou – o (banido) Partido Nacional Bolchevique, completo com a sua insígnia estilo Nazista, criminosos fraudulentos como Berezovsky, o que se senta em Londres com o terrorista checheno Zakaev, cujas forças chacinaram as crianças de Beslan; políticos falhados pró-Washington, como Kasyanov (União Patriótica do Povo), nacionalistas, socialistas…e Kasparov. Ah sim, e de acordo com este, os Comunistas também, até ao fim do ano.

Qualquer agenda que poderia possivelmente unir esse exército de criminosos e mercenários políticos, naturalmente não existe. Por isso eles mancham o nobre preceito da democracia com suas diatribes e fazem figura de palhaços, tentando marcar pontos com os elementos russofóbicos na comunidade internacional.

Mas quem foi o primeiro Presidente russo a estabelecer um sistema de conferências de imprensa livres e abertas? Quem foi o primeiro Presidente russo a aceitar perguntas colocadas por cidadãos comuns nas sessões telefónicas públicas? Quem foi o responsável por definir e proteger o papel dos ONG na Rússia, separando-as de agências de espionagem? E quem foi eleito, democraticamente, por duas vezes?

E quem é o Kasparov? Enquanto o povo da Rússia se esforça a construir um país melhor com condições melhoradas (depois dos líderes da Outra Rússia terem destruído o estado nos anos 90), esse azeri, com os seus costumes ocidentais caríssimos, se sente no seu apartamento de luxo em Manhattan, Nova Iorque, e fala com jornalistas estrangeiros acerca de “desmantelar” o Governo (democraticamente eleito) da Rússia.

Felizmente, esse exército de criminosos, políticos falhados de ontem e os desejosos de serem políticos amanhã, fraudulentos e gangsters, nas margens da sociedade russa, só conseguirão ver o Kremlin a partir do Jardim Aleksandrovsky. Alguns deles, através de um nevoeiro alcoólico, outros na neblina dos seus sonhos.

No caso de Kasparov, será a partir de um banco com tabela de xadrez a frente, onde ele exerce a sua tremenda inteligência nos 64 quadrados e 32 peças. Sim, 32 peças, porque devido ao facto de não conseguir arranjar ninguém para se sentar com ele, terá de jogar sozinho. Ou então ficar em Nova Iorque a candidatar-se para a presidência de Azerbaijão? Ou quem sabe, Israel?

Timothy BANCROFT-HINCHEY

PRAVDA.Ru

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey
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