A Guerra que só os Falsificadores Lutaram

A respectiva operação tinha o nome código de "Overlord" e tinha como objetivo militar, reintroduzir as forças anglo-estadunidenses no continente europeu, já que as mesmas tinham sido expulsas de forma humilhante na Batalha de Dunquerque em 1940.

Todo o dia 6 de junho o Ocidente, liderado pelos anglo-estadunidenses comemoram o Dia "D", isto é, o desembarque das tropas Aliadas nas praias francesas em 1944.

A respectiva operação tinha o nome código de "Overlord" e tinha como objetivo militar, reintroduzir as forças anglo-estadunidenses no continente europeu, já que as mesmas tinham sido expulsas de forma humilhante na Batalha de Dunquerque em 1940.

No aspecto político, o Desembarque da Normandia, era a contramedida anglo-estadunidense a ameaça de colapso social que levasse França, Itália e Grécia a se tornarem países dirigidos por seus movimentos de libertação, hegemonizados pelos comunistas.

O que deve ser ressaltado no aspecto militar sobre o referido desembarque é o seu planejamento, a logística e a determinação dos combatentes. Mas em hipótese alguma pode ser considerada a ação "que marcou o fim da Segunda Guerra Mundial".

Já que as forças Aliadas (cerca de 200.000) encontraram nas praias francesas tropas alemãs de segunda linha e mal aparelhadas e mais, no espaço percorrido do litoral francês até Berlim, os Aliados se opuseram a um contingente alemão bem inferior ao que combatia os soviéticos na Frente Soviético-Alemã.

Em junho de 1944 as principais forças nazistas já tinham sido desmanteladas pelo Exército Vermelho, a capacidade industrial alemã já tinha sido comprometida com os territórios liberados pelos soviéticos e boa parte de seus satélites já tinham perdido o ímpeto combativo. O "Dia D" não teve serventia tática no rumo da Guerra.

No momento que tropas Aliadas desembarcavam na França, os soviéticos estavam na Polônia desenvolvendo a "Operação Bagration", responsável pelo aniquilamento de forças nazistas várias vezes maiores e mais poderosas do que as enfrentadas pelos anglo-estadunidenses na Itália, França, Bélgica e Holanda juntas.

O "Dia D" não pode ser visto de maneira isolado e descontextualizado da "Operação Bagration" desenvolvida pelos soviéticos, a mesma foi responsável pelo desmantelamento dos Exércitos Sul e Centro dos alemães, causando aos soviéticos mais de 170.000 mortes e mais de 500.000 feridos, isto é, só de baixas o número soviético superava o contingente Aliado no "Dia D".

Por várias vezes o Alto Comando nazista alertou que a guerra estava sendo perdida na Frente Soviético-Alemã, em outros momentos Roosevelt e Churchill saudaram Stálin pela "Operação Bagration", reconhecendo a importância da mesma.

Durante a Guerra Fria, o esforço soviético tem sido omitido no Ocidente. Muito hábil em superestimar as ações dos Aliados e subestimar a participação soviética, a mídia Ocidental tem ao logo dos últimos 70 anos produzido obras que dão ao "Dia D" uma importância que ele não teve.

Um exemplo claro dessa falsificação é que no Monumento aos Mortos da II Guerra Mundial no Aterro do Flamengo, na cidade do Rio de Janeiro, tremulam as bandeiras da Inglaterra, Estados Unidos e da França, mas não tremula a bandeira da URSS/Rússia.

 

João Claudio Platenik Pitillo.

Professor de História e Historiador Militar.

Membro do Laboratório de Estudos do Tempo Presente - UFRJ.

Foto: Marechal Zhukov

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