Rússia é rejeitada pelo Ocidente e pelo Oriente

Depois do colapso da URSS, o último império na Europa, o Estado Comunista com Rússia no seu centro, a Rússia entrou na época da diminuição do seu poder, que poderá reduzir ainda mais.

Entre dois gigantes

A nossa fraqueza será causada pelo aumento de poder dos outros países. O espalhar da civilização Ocidental inevitavelmente enfraquece os países ocidentais. Quem diria que a minúscula Países Baixos poderiam qualquer dia anexar a Indonésia ou que uma mão cheia de britânicos pudesse conquistar a Índia?

Há 100 anos atrás, os vizinhos da Rússia a leste e a oeste não poderiam ser considerados países fortes. Hoje não é o caso. Se a China é já mais forte que a Rússia, no futuro mais distante ficará cada vez mais, até atingir a rácio de forças correspondente à diferença populacional: de 1:10. No caso de conflito militar, como conter um gigante destes? Embora seja pouco provável, poderia ocorrer. Ainda tem de passar pelo colapso do regime Comunista e isso cria agressão.

Outro gigante é a Europa Ocidental. No caso de sucesso económico, a Rússia poderá ser o país mais forte da Europa mas não poderá ultrapassar a Europa Unida. Mesmo que consigamos obter o crescimento médio europeu, a Rússia ainda estará várias vezes mais fraca do que a União Europeia que tem três vezes a população da Federação Russa. Também ficamos atrás da OTAN em termos de poder militar.

A Europa está a unir para aumentar a velocidade do seu desenvolvimento mas por assim fazer, cria uma barreira maior que a separa dos outros países na região. Estar dentro quer dizer desenvolver. Estar fora quer dizer ficar por trás. A Rússia fica com o papel de fornecedor de energia e estado-almofada entre o mundo muçulmano e a Europa. Não podendo unir com a China, só poderemos unir com a Europa, aumentando a segurança, perspectivas para o desenvolvimento e ganhando voz na resolução de problemas mas perdendo a soberania.

No entanto o Ocidente não está interessado em integrar a Rússia. Basta ser um fornecedor de energia e ficar com seus problemas internos.

Às vezes vale a pena bater às portas fechadas

Para o Ocidente, vale a pena apoiar a ideia dum estatuto diferente da Rússia, fora da União Europeia. No entanto, daqui a 20 anos, quando a população da Rússia pensa como europeus e quando a população da União cresce e a população da Rússia diminui, poderá ser assimilada sem dramas; tal como a União irá aceitar a Turquia não irá fechar a porta na cara da Rússia no futuro.

A grande questão é que a Rússia é diferente da Europa. Só os estados com instituições parecidas às da União poderão caber nela. Daqui a 20 anos a situação será diferente.

Parece uma utopia mas será uma utopia tão grande como era o colapso da URSS em 1970?

Prof. Dr. Dmitry FURMAN Professor de História Director de Pesquisa e Desenvolvimento Instituto da Europa da Academia de Ciências da Rússia

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