MULHERES DE VERGONHA

Nos 30 conflitos internacionais que revelam as irracionalidades da humanidade, boa parte das mulheres é estuprada sem qualquer punição. Os homens funcionam como animais reprodutores, brutos em total conformidade com a barbárie da mortandade.

Neste campo, os norte-americanos possuem uma história trágica. Estão acostumados a estas práticas. As prisões similares a Abu Graib mostram uma pequena parte da realidade. São crimes permitidos, aceitos e liberados pelos generais e comandantes. Depois rezam, choram e pedem perdão pelos pecados cometidos. E quando algum soldado é morto, cobrem seu corpo com a bandeira do país.

As mulheres, frágeis, sentem vergonha. Muitas desaprendem a chorar.

Na Colômbia os guerrilheiros marcam as mulheres que pertencem a todos combatentes, logo após seus estupros. Tornam-se propriedades. Levam um símbolo da desumanidade, do desrespeito, da ignorância, da vergonha.

Enquanto tudo isto continua acontecendo neste exato momento, ninguém faz nada. Todos fingem que está tudo bem. Todos comemoram o natal e ano novo enquanto o planeta se explode em vergonha.

Os organismos internacionais tipo Nações Unidas cumprem suas aparentes imbecilidades, preservando a isenção dos problemas. São organismos farisaicos.

O mundo está muito bem. Dos 6,3 bilhões de viventes, 2 bilhões, ou menos que uma terça parte leva uma vida boa, com direito a comprar os bens de consumo.

Esta parcela de prosperidade se protege como pode dos que ficam de fora. A segurança moderna nada mais é que distanciar, segregar, limitar a interconexão com os excluídos, neste caso homens, mulheres, idosos, crianças, todos desgraçados.

A humanidade está obrigada a reverenciar o deus do ocidente. Um deus construído de dólar e interesses. Um deus que estabelece o preço da falsidade. Um deus que esconde a vergonha das mulheres. Um deus que apenas parece digno.

O deus do ocidente está mais para o diabo. Bush e Blair dominam a liturgia da grande religião ocidental.

Para o resto, não há escolha. Aceitam o domínio ou a exterminação.

Estou convencido que a raça humana possui um gene terrível de maldade e loucura. Estou convencido que a humanidade está dopada pela droga da alienação. Estou convencido que as esperanças são pequenas.

A tarefa essencial é romper a imobilidade e a crença que é impossível resgatar a humanidade.

Não é possível acatar os crimes cometidos contra as mulheres.

Mesmo com toda evolução, mesmo com tanta tecnologia, mesmo com importantes conquistas, o mundo não confere igualdade e liberdade para as mulheres.

Em dois cargos iguais, a mulher recebe trinta por cento a menos em relação ao homem.

Em boa parte do mundo, o assassinato continua sendo a terceira causa mortis das mulheres, logo após os acidentes cardiovasculares e o HIV.

Esta é a realidade da grande cidade de São Paulo, no Brasil.

A maioria das leis vigentes foi escrita pelos homens. Nas assembléias do mundo inteiro, a mulher é absoluta minoria.

Na Espanha, Zapatero formou um gabinete rigorosamente equilibrado entre homens e mulheres. Constitui um fato relevante.

Até quando as mulheres de vergonha nos causarão vergonha?

Orquiza, José Roberto escritor [email protected]

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