Saga dos Explanetados

Não é suficiente a dor do mundo para as pessoas perceberem a realidade. Ninguém se preocupa com o outro. Cada um busca seu próprio prazer, sua própria satisfação, seus próprios interesses.

Mesmo assim as pessoas rezam pela salvação na pós-vida: “Deus, pai todo poderoso, me salve deste inferno”.

Ensinam-nos de geração em geração a espezinhar as pessoas. No fundo existem apenas dois tipos de relacionamento: as amizades úteis e as más. É o trigo e o joio, analogia largamente ultrapassada pela tecnologia moderna. Os mata-matos acabaram com tudo.

Na cabeça de muita gente, deveriam sobreviver apenas os incluídos liderados pelo grande Bush, senhor dos senhores, dono da guerra e do extermínio, pirata moderno, predestinado a salvar o planeta da imundície dos pobres, sujos, atrasados, fedidos seres humanos.

Os incluídos vivem muito bem. Servem ao deus dinheiro. Comparam-se uns com os outros para descobrir quem é mais vazio, oco, fútil. Gostam deste jogo. Segregam, discriminam, vivem protegidos em seus mundos imundos. Borram-se de medo. Na verdade temem a revolta dos famintos capazes de estragar os paraísos conquistados.

Nestas e em todas as festas vão beber muito. Possuem o direito adquirido do gozo e do prazer intenso. Não se importam se lá fora humanos semelhantes morram aos montões, doentes e famintos. Não se importam se lá fora o lixo contamine a natureza. Não se importam se lá fora as crianças choram de desespero, procurando se proteger da maldade humana, terrível, bárbara, ignorante.

Defendem a economia de mercado. Cada um é livre para ganhar o quanto quiser. Parece um princípio encantador. Não funciona assim. Simplesmente quem pode mais, manda mais. É a desastrosa teoria de economia responsável pelo fantástico empobrecimento da humanidade.

Ninguém consegue imaginar um sistema melhor, justo e equilibrado. O empobrecimento enriquece as igrejas. Os pobres contribuem muito mais que os ricos. Entregam tudo que tem. Os ricos entregam com uma mão e tiram o dobro com a outra. Na frente, elogiam. Por trás, criticam. São fariseus, hipócritas, atores despudorados.

O mundo precisa praticar a economia participativa. Todos, sem exceção, devem integrar a vida social, política, econômica, humana. O direito de participação, o direito de preparação, o direito de bem-estar, o direito de representação e o direito de justiça são fundamentais.

O desafio é integrar todos os humanos no seio da comunidade. Hoje, a maioria está explanetada. Fisicamente consta no planeta terra. Humanamente representa um lixo incômodo.

A terra de Bush faz festa para confrontar a desgraça humana. O natal não é feliz nem o ano novo descreve prosperidade. As festas comemoram o fracasso da humanidade explanetada. Graças ao diabo.

Orquiza, José Roberto escritor [email protected]

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