QUAL É O ALGOZ?

O povo japonês está em tempo de lamentação estes dias relembrando os milhares de pessoas mortas pelos bombardeios atômicos dos norte-americanos, nas cidades de Hiroshima e Nagazaki, 59 anos atrás. Este ato forçou o Império Japonês a capitular e finalmente trouxe fim a Segunda Guerra Mundial com a rendição dos japoneses assim como já havia feito sua aliada, a Alemanha de Hitler. A questão é se o povo japonês acha que estavam errados desejando a posse da Ásia oriental?

De qualquer forma, o governo Americano deveria apresentar um pedido formal de desculpas ao povo japonês por este ato, a despeito do fato de haver uma guerra acontecendo. Ao contrário de fazer tamanha demonstração de grandeza, o governo americano decidiu restaurar o bombardeiro B-29 Enola Gay que jogou a bomba em Hiroshima e o colocou em um lugar de honra em um museu. Talvez seja demais pedir tal ato ao governo americano, mesmo porque, a guerra foi provocada pelos japoneses e, de certa forma, eles pediram por isto. O que realmente mereceria um pedido formal de desculpas foi o ato estúpido de reunir e confinar os descendentes de japoneses residentes no país, em campos de concentração. Talvez o gverno americano tenha sido inspirado nos campos de Hitler.

O povo japonês também deve se desculpar. No discurso feito em Nagazaki, que solicitou ao governo americano que refreie seu apetite nuclear, os japoneses deveriam também, pedir desculpas a todos os povos da Ásia oriental, principalmente os chineses pela invasão da Manchúria e a humilhação de seu imperador Pu Yi manipulado para ser um fantoche japonês. Também devem desculpas pelo bombardeio impiedoso das cidades chinesas de Shangai e Nanquim que causou sofrimentos inenarráveis a suas populações. E mesmo aos americanos são devidas desculpas, primeiramente, pelo covarde ataque aéreo a base naval americana, em Pearl Harbor, no Hawai e pelo fato de, durante o decurso da guerra, o exército japonês ter maltratado, humilhado e morto os prisioneiros militares.

Aparentemente, o povo japonês não pede desculpas, por não achar que estavam totalmente, errados em querer dominar a Ásia. Alguns japoneses também não esqueceram a humilhação da rendição., pois muitos estavam dispostos a continuar combatendo até o amargo fim. O exército alemão, na segunda guerra, era eficiente e cruel com seus inimigos, entretanto, a despeito da intransigência de seu comandante em chefe, Adolf Hitler, que se recusava a apoiar rendição voluntária, os militares das linhas de frente de seu exército, às vezes, desobedeciam suas ordens e se retiravam caso houvesse um obstáculo difícil de transpor. O exército japonês, contudo, era imbuído por uma cultura fanática de devoção a seu imperador que era considerado um deus. Rendição era considerada desonra. Tal fanatismo levava os combatentes a lutar por cada centímetro numa batalha, o que, invariavelmente, ocasionava muitas baixas de ambos os lados. Tal fanatismo ficou também comprovado nos ataques dos “kamikaze” aos navios americanos.

Supostamente alguma coisa desse fanatismo ainda perdura, o que faz alguns japoneses odiarem aqueles que derrotaram e humilharam seu país. È por essa razão que alguns japoneses poderosos começaram uma sutil vingança contra seus algozes, os americanos, invadindo o país, não com soldados ou armas, mas com dinheiro e produtos de fabricação japonesa que deveriam, por uma questão de honra, ser melhores que os americanos. Nas décadas de 70 e 80, o Japão quase comprou os Estados Unidos. Os japoneses compraram símbolos do poderio americano no mundo como, por exemplo, produtoras de cinema. A propósito, é em um filme, Robocop III, da produtora Orion, onde japoneses se tornam patrões de americanos, onde se pode constatar que, ao menos os japoneses que supervisionaram a produção daquele filme, odeiam e desprezam os americanos.

Felizmente, parece que, a medida que o tempo passa, o ódio vai se esvaindo e as marcas que ficaram no povo japonês, deixadas pelas bombas atômicas, que outrora pareciam indeléveis, também deverão se dissipar.

Jose Schettini Petrópolis RJ BRASIL

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