As sandalhas do pescador

O homem que será o chefe do Estado do Vaticano que administrará a Igreja Católica durante seu pontificado, representará o Vaticano como qualquer outro líder do mundo, mas também é o líder espiritual de um sexto da população do planeta. Escolheu-se o alemão Joseph Ratzinger que, conforme as características inerentes a posição, deveria ser obsequioso com os menos favorecidos;, observador dos preceitos bíblicos; tolerante com os que não concordam com a doutrina católica;; competente na administração da Igreja; estar sempre pronto a mediar conflitos e tentar, por todos os meios, evitá-los ou seja, ser uma boa alma. A eleição de Joseph Ratzinger, agora, Bento XVI, foi a menos de 30 dias do falecimento de João Paulo II que foi um papa realmente amado pelo povo católico em razão de sua personalidade forte e posições firmes, além de um grande carisma. Foi amado pelos católicos e respeitado pelos povos de outras religiões pois demonstrou pelas mesmas, grande respeito. Foi chamado de Papa Peregrino, pois sabia a importância que representa para a sustentação da fé católica, a presença do Papa. Foi o primeiro, a propósito, a visitar a maior nação católica do mundo, o Brasil. João Paulo II também foi o primeiro papa da era da Internet e das TVs por assinatura, sendo assim, seu rosto podia ser visto em todas as partes do mundo, simultaneamente e o mundo inteiro pode também acompanhar a agonia de seus últimos dias de vida. Tudo isto, fez com que a memória de João Paulo II ainda esteja muito viva nos corações do povo católico e é inevitável que se façam comparações entre Bento XVI e João Paulo II mas isto somente durará por algumas semanas quando, naturalmente, as lembranças de João Paulo II se enfraquecerão e a atenção do povo irá se concentrar no novo pontífice, quanto mais forte for sua personalidade. Quanto às comparações, é improvável, por exemplo que Bento XVI empreenda como seu antecessor, o mesmo número de viagens, em vista de sua idade já avançada que aparentemente também foi considerada pelo colégio de cardeais na eleição, eis que não desejam um pontificado longo, talvez pelas conveniências da Igreja Católica. A eleição de Bento XVI foi rápida, o que significa que os cardeais já estavam convictos em suas opiniões, A escolha talvez tenha sido fomentada pelas fortes ligações entre João Paulo II e Joseph Ratzinger. Quanto ao povo, alguns aceitaram o resultado como normal e até com algum entusiasmo, mas uma grande parte, aceitou, mas com reservas, uma vez que a maioria dos católicos do mundo desejava um papa de um país latino ou de grande tradição católica, o que não é o caso da Alemanha, além disso, muitos já conheciam alguns traços da personalidade de Bento XVI, bem como de suas posições quanto às inovações na Igreja e com relação a outras religiões. Também já conhecem alguns elementos de seu passado. Foi um militar alemão e integrante da Juventude Hitlerista, embora os judeus que poderiam, porventura, objetar com relação a este fato, já declararam seu apoio à escolha, mesmo porque Ratzinger já havia condenado abertamente o anti-semitismo, mas não o anticomunismo. O fato de Bento XVI possuir um alto índice de rejeição em seu próprio país é algo que deveria ser considerado pelo colégio de Cardeais no Vaticano por ocasião da eleição, pois se faz necessário que o Papa, entre outras qualidades, seja uma figura carismática entretanto é a rigidez de pensamento de Bento XVI, voltado para o conservadorismo que mais deve preocupar os católicos, embora João Paulo II e seus antecessores fossem igualmente conservadores. É muito pouco provável que questões internas da Igreja Católica que necessitam serem modificadas em razão da evolução do pensamento e da própria sobrevivência da Igreja Católica, como a ordenação de mulheres e o fim do celibato, sejam adotadas a curto ou médio prazo, no entanto, torna-se irrelevante que a Igreja apóie ou não o uso de preservativo nas relações sexuais, o casamento entre homossexuais, ou a pesquisa com células-tronco embrionárias, eis que tais questões independem de tal aprovação, como o que está ocorrendo em vários países. O catolicismo vem perdendo fiéis consistentemente, ao longo dos anos principalmente para o islamismo. Também as igrejas protestantes têm conquistado fiéis católicos, principalmente em países subdesenvolvidos onde grande parte da população tem problemas financeiros. A razão pela qual isto ocorre é simplesmente porque estas igrejas dão mais substancia à busca pelo divino, além disso, os cultos nas igrejas católicas, dependendo do celebrante, são quase automatizados, pois durante todo o tempo, há leituras de textos, orações maquinadas e alguns cânticos. Mas há um sopro de esperança no ar: Bento XVI declarou que seu alvo são os jovens e são principalmente os jovens católicos que estão promovendo em alguns países, como o Brasil, por exemplo, a Renovação Carismática que consiste basicamente, em se trazer alegria aos cultos e está tendo resultados efetivos na busca por fiéis, pois os templos estão ficando repletos novamente inclusive com reflexos na vocação sacerdotal, mas este movimento, é óbvio, não está sendo apoiado integralmente, por alguns setores da igreja e é bem provável que Bento XVI, esteja entre estes. Não se pode exigir bom humor de todos os que celebram cultos, não é mesmo?

Jose Schettini Petrópolis BRASIL

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