Quem é Gertrude Mongella?

A escolha de Gertrude Mongella como Presidente do primeiro Parlamento Pan-Africano na semana passada não foi por acaso, foi um sintoma do empenho deste continente em lançar-se na implementação da igualdade de género e o primeiro passo na direcção do Continente africano aparecer como parceiro em termos de igualdade no palco das relações internacionais. Uma nova imagem para uma Nova Parceria para o Desenvolvimento Africano.

Nasceu em 1955 na Ilha de Ukewere, Lago Vitória, Tanzânia (então Tanganika). Gertrude Mongella celebrou seu 50º aniversário como Presidente da IV Conferência Mundial da ONU sobre a Mulher em Beijing, após a qual recebeu a alcunha “Mama Beijing”.

Depois de deixar sua ilha com 12 anos para ir estudar numa missão, Gertrude foi a University College em Dar-es-Salaam, Tanzânia, onde se licenciou em estudos educativos e em 1975, entrou na política como membro da Assembleia Legislativa da África Oriental. Depois de ser nomeada Ministra de Estado para os Assuntos da Mulher, ela tornou-se Ministra das Terras, Recursos Naturais e Turismo de 1985 a 1987 e durante os seguintes quatro anos, trabalhou no Departamento da Presidência da Tanzânia como Ministra sem Pasta. Entre 1982 e 1991, foi Directora do Departamento dos Serviços Sociais na Sede do partido do governo em Tanzânia e em 1991, foi nomeada Alta Comissária na Índia.

Gertrude Mongella representou a Tanzânia em numerosas conferências dedicadas aos direitos da mulher e ao meio-ambiente durante a década dos anos 80 e a primeira metade dos anos 90, sendo nomeada Vice-presidente da Conferência Mundial para Fiscalizar e Avaliar os Resultados da Década da Mulher da ONU, entre outras acções dentro do âmbito desta organização antes da sua nomeação para Beijing em 1995.

Em 1996, foi Presidente do Fórum de Liderança da Mulher no Mundo em Joannesburgo, que resultou na constituição da Comissão da Mulher Africana para Paz e Desenvolvimento e em 1997, participou na Conferência Pan-Africana sobre Paz, Género e Desenvolvimento, pedindo às mulheres de Rwanda para que fizessem uma intervenção no sentido de parar a violência.

Em 1998, foi convidada a voltar a Beijing pelas Mulheres da China para falar outra vez sobre os direitos da mulher neste país e desde então, assumiu várias posições como conselheira dentro da ONU.

Sua ênfase permanente em debate e diálogo e a necessidade de ter princípios claros foi exemplificado na sua afirmação no Fórum da Mulher Africana (1997), cujo Presidente foi Graça Machel, em que disse: “Tem-se de dizer claramente o que se quer e aquilo que representa. Temos de representar princípios. Os princípios nunca nos deixam mal…Tem-se de ter a capacidade de escolher quais os princípios pelos quais vale a pena morrermos”.

Por este empenho e dedicação a Princípios, aos direitos da mulher e ao debate, discussão e diálogo, Gertrude Mongella foi escolhida como a primeira presidente do Parlamento Pan-Africano em Addis Abeba na semana passada.

Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru

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