EUA, PAÍS DA MENTIRA

Não é apenas o governo de George W. Bush, cujas mentiras e desonestidades são bem conhecidas: ganhou a eleição mesmo tendo 500.000 votos populares a menos do que seu adversário, mentiu sobre as armas químicas do Iraque, sobre as ligações de Saddam Hussein com o terrorismo, e agora se questiona se também não teria mentido sobre a captura de Hussein (como noticiado no Pravda.Ru, sua esposa, ao visitá-lo na prisão, afirmou que não era ele, mas um de seus inúmeros sósias) e se poderia ter evitado os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 (parece que relatórios de inteligência indicavam a iminência de um ataque da rede de Osama bin Laden, e o uso de aviões seqüestrados para colidir contra alvos importantes).

Enfim, nem vale a pena determo-nos nas mentiras de Bush, que são sobejamente conhecidas, e apenas um pequeno grupo de fanáticos ou interesseiros ainda tenta justificá-las.

A mentira também está espalhada nas grandes corporações dos Estados Unidos, como a gigante de energia Enrom e a de telecomunicações WorldCom, que falsificaram dados contábeis, mostrando lucros que não existiam, pagaram a empresas de auditoria para endossar esses balanços falsos, e assim convenceram muitos a investir em empresas que, longe de serem rentáveis, estavam afundando. Mais cedo ou mais tarde, obviamente, a fraude tinha que terminar: as empresas faliram, muitos perderam seu dinheiro (inclusive fundos de pensão, comprometendo a aposentadoria de muitos trabalhadores), e os diretores e grandes executivos da Enrom e da WorldCom, depois de terem passado por um processo fajuto, estão livres e soltos, tranqüilos da vida.

Mas, para ser justo com os EUA, é preciso dizer que este tipo de comportamento corporativo não é exclusivamente seu: basta ver o escândalo da Parmalat, que fez exatamente o mesmo.

Por fim, a mentira contamina os grandes órgãos de comunicação dos EUA. Isso já se sabia há muito, pois fizeram todo o possível para confirmar as mentiras de Bush relativas ao Iraque, e despedindo, até mesmo ao vivo, jornalistas que mostrassem qualquer tipo de criticismo ou independência. Porém, o caso é ainda mais grave: já há dois casos de falsificações grosseiras, notícias completamente inventadas, por jornalistas renomados de dois grandes diários dos Estados Unidos, o New York Times e o USA Today.

Em maio do ano passado descobriu-se que Jayson Blair, um dos mais renomados periodistas do New York Times, que por sua vez é um dos mais prestigiados jornais dos EUA, escrevia seus artigos afirmando haver estado no locais de acontecimento de fatos importantes, mas na verdade permanecia sossegado em casa, e compunha seu artigos ou copiando as matérias de outros jornalistas, ou simplesmente inventando.

Algumas das matérias de Blair foram sobre assuntos de imensa importância, como os atentados de 11 de setembro de 2001. E o que aconteceu ao jornalista Blair? Foi despedido, claro, mas lançou um livro contando como ele inventava suas matérias, e recebeu de uma editora um adiantamento de 150 mil dólares. Bela punição para um rematado mentiroso!

Agora, outro escândalo estoura: um dos principais jornalistas do USA Today (o diário de maior circulação nos EUA), Jack Kelley, cinco vezes candidato ao prêmio Pulitzer (o principal prêmio periodístico norte-americano), simplesmente inventou histórias em 720 artigos, publicados de 1993 e 2003.

Alguns deles são histórias bombásticas: Kelley afirma ter sido testemunha de um ataque de homem-bomba palestino em Israel, e dá vívidos detalhes sobre como as vítimas teriam sido decapitadas pela explosão; teria entrevistado um grupo de cubanos que pretendia fugir para os EUA em uma balsa, também teria presenciado sua partida, mas que eles teriam falecido no mar - inclusive mostrou a foto de uma mulher que estaria no grupo e também teria morrido, mas depois descobriu-se que ela é funcionária de um hotel, está viva e não tem nenhuma intenção de fugir de Cuba; e também teria entrevistado fanáticos islâmicos na fronteira do Afeganistão com o Paquistão, e um deles teria mostrado a foto da torre Sears, o edifício mais alto dos EUA, e dito: "Esta é minha!" Enfim, Kelley revelou-se ser um homem de grande imaginação, capaz de inventar histórias bastante interessantes e envolventes. Talvez os jornalistas norte-americanos estejam na profissão errada: já que estão se revelando melhores em inventar contos do que narrar fatos, deveriam tornar-se autores de best-sellers como os de Sidney Sheldon.

As informações sobre os jornalistas mentirosos foram tiradas da página na internet do jornal argentino Clarín (www.clarin.com.ar), do dia 21 de abril de 2004.

Uma acusação feita por leitores norte-americanos ao sítio em inglês do Pravda.Ru é a pretensa parcialidade e mentira dos meios de comunicação russos, inclusive nosso jornal. A melhor maneira de responder a tal acusação é dizer que não se pode confiar em quem confia na imprensa estadounidense. Note-se que Blair e Kelley foram descobertos inventando suas histórias, e os jornais para os quais eles trabalhavam reconheceram o fato.

Quantos ainda não foram pegos, ou então não se admitiu sobre suas invenções? Talvez essa prática seja mais comum do que parece, na imprensa norte-americana.

Longe de serem punidos, os mentirosos levam uma ótima vida nos EUA, e são largamente recompensados: Bush tem boas chances de ser reeleito, apesar do caos no Iraque, mantendo junto a si gente reconhecidamente abjeta como Donald Rumsfeld, Condoleeza Rice e Dick Cheney; um jornalista escreve um livro contando como enganou a centenas de milhões de pessoas, e recebe um polpudo cheque (e é bem possível que o jornalista do USA Today também siga o mesmo caminho); e os diretores e executivos da Enrom e da WorldCom estão livres, gastando o dinheiro que ganharam deslealmente, enganando inúmeros investidores. É um sinal inconfundível e inegável de decadência da tão louvada "única superpotência do mundo". Carlo MOIANA Pravda.Ru Campinas - SP Brasil

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