O Neo-Colonialismo da Era Moderna

Já se viu isso antes, no século XIX, quando as potências europeias, aproveitando o facto que eles detinham as rédeas de poder nas suas mãos, iniciaram um ciclo colonizador, chacinando os habitantes de terras alheias, o seu único crime sendo a não posse de armas, naquela altura, de destruição em massa.

Um século e meio mais tarde, temos um Estados Unidos da América a traçar linhas em mapas, a implantar regentes como qualquer Vice-Rei imperialista britânico na Índia, a usurpar os poderes e os recursos um pouco por toda a parte.

Como o Império de Roma, os Estados Unidos da América estabelecem colónias militares nas terras onde põe o pé, para vir depois outro exército de civis, economistas, financeiros, negociantes para ditar um pacote económico que visa estrangular qualquer independência de acção ou liberdade de expressão, que visa atar o futuro económico e político do novo colono ao do seu mestre, que visa estabelecer bases regionais poderosos que servirão mais tarde para novas conquistas.

Não só temos bases militares dos EUA nos países dos seus tradicionais aliados na Europa ocidental, mas também começa a haver uma considerável presença no Médio Oriente, na Turquia, na Arábia Saudita, no Qatar, no Bahrain e agora, no Iraque, além das bases já estrategicamente colocadas em Afeganistão, nos países potencialmente riquíssimos da Ásia Central e mais a leste, no Extremo Oriente.

O preceito utilizado para dominar as vastas regiões subjugadas ao poderio militar de Washington é, como foi na Pax Romana, “Divide et Impera”, eis a Pax Americana dos dias atuais, enquanto um padrão bem claro se forma.

Primeiro, há o plano de conquista formado não na Casa Branca mas um pouco por todo os EUA, formado pelas firmas que doaram o dinheiro para a campanha presidencial vitoriosa, neste caso, as que estão ligadas ao setor da energia, do aço e do armamento. Há que lembrar que o Pentágono só firma contratos com as empresas que podem produzir um certificado de garantia “testado em batalha”, o que significa que de vez em quando, há que haver uma guerra.

Segue-se as tentativas, a qualquer custo, de ganhar a aprovação da comunidade internacional. Há chantagem, há mentiras, há invenções, há ameaças, o nobre organismo que é a ONU sendo relegado ao papel de lacaio, de derrotado, humilhado e se não votar a favor dos desejos de Washington, é simplesmente ignorada. Eis a diplomacia à americana no século XXI. Powell, como Gaius Marius, o general romano, vencedor dos Teutones e Cimbri, foi eficiente militar mas é desastroso político.

O passo número três é escolher a vítima, preferivelmente, ou melhor, exclusivamente, aquele que não tem a capacidade de lutar de igual para igual. Tal como as legiões romanas bem treinadas, tal como os casacos-vermelhos britânicos, que com metralhadoras venceram populações inteiras armadas com lanças, escudos e boa fé, os Marines dos EUA avançam para o território só depois duma campanha devastador da força aérea, que chacina soldado e civil, homem de armas e criança indefesa nos mesmos termos e com a mesma impiedade. Um verdadeiro massacre à César, para os novos colonizados verem e temerem. Grandes soldados estes, até apontam armas para crianças de cinco anos, aterrorizados, e gritam “Mãos do ar!”

Passo número quatro, o último, é encontrar aliados. Alguns países, como prostitutas, fazem tudo a troca da quantia certa, alguns deles mais uma coisa ainda. Quando o país é governado por um falhado estrela de rock, como é o caso do Reino Unido, vence o protagonismo a razão. Como aqueles actores e actrizes de terceira que frequentam os bares dos teatros, sonhando com um protagonismo que nunca terão, rodeados por pederastas e proxenetas , Tony Blair lá está, pronto para fazer tudo...e mais uma coisa.

Que vergonha que a Humanidade não tenha atingido um grau de desenvolvimento superior no início do terceiro milénio. Que vergonha que tenha andado dois séculos para trás. A vergonha não é dos que fizeram esta violação de direitos humanos, da lei internacional, porque nem vergonha têm. A vergonha é do resto do mundo que deixa isso acontecer sem nada fazer nem nada dizer.

Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru

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