Igreja Ortodoxa Russa preocupada com o futuro do país

"Já estamos perante uma opção: existirá ou não a nossa Pátria no futuro", - declarou o Patriarca de Moscovo e de toda a Rússia, Aleksi II, ao intervir no fórum "Bases Espirituais e Morais do Desenvolvimento Demográfico da Rússia".

Há quase 15 anos que a taxa de mortalidade na Rússia ultrapassa a taxa de natalidade. A população constitui hoje apenas 144,2 milhões de pessoas, muito pouco para um país com enorme território. Os especialistas do Centro de Demografia e Ecologia do Homem (CDEH) da Academia das Ciências da Rússia comparam as perdas da Rússia em resultado do aumento da taxa de mortalidade em todos os grupos etários com as perdas militares. A mortalidade cresce entre a população em idade activa - no ano passado morreram prematuramente 233 mil pessoas.

Em resultado, a esperança média de vida dos homens na Rússia é apenas de 58-59 anos (134º lugar no mundo) e das mulheres - 72 anos (100º lugar). As principais causas de mortalidade são o alcoolismo e a toxicodependência, assim como as doenças e acidentes ligados a estes fenómenos. Contudo, Vladimir Putin considera que estas causas são "apenas derivadas da recessão económica, degradação da esfera social, baixo nível de vida e grandes diferenças de desenvolvimento entre a província e os principais centros políticos, económicos e culturais do país". Na sua opinião, para fazer frente à redução da população é necessário em primeiro lugar "desenvolver a economia e a esfera social".

O Patriarca referiu como principal causa da crise demográfica "a degradação espiritual da nação, o esquecimento de altos valores morais". "A Rússia já viveu tempos ainda mais difíceis do ponto de vista económico, mas, sendo moralmente sãs, as pessoas viam na família o valor absoluto e, apesar das dificuldades, tinham muitas crianças e educavam-nas com responsabilidade", - disse Aleksi II no fórum.

A Igreja, os sociólogos e líderes sociais consideram que um dos "remédios" para a "doença" demográfica são os sólidos valores de família, que na Rússia foram muito desacreditados pela "segunda revolução demográfica" importada do Ocidente no início dos anos 90. As suas "conquistas" foram a crise da família, o crescente número de uniões de facto e de abortos. As mulheres preferem cada vez mais fazer primeiro carreira e só depois ter filhos. Em resultado, a taxa de natalidade na Rússia é uma das mais baixas na Europa: a uma mulher correspondem apenas 1,22 nascimentos, em vez dos 2,2 necessários.

"Podemos chegar a um ponto irremediável, quando já é impossível repor a população", - diz o vice-dirigente do Comité da Câmara Baixa para Associações Sociais e Organizações Religiosas, Aleksandr Tchuev. Entretanto, referem os representantes da Igreja, os "mass media" pregam "o desregramento, egoísmo, o culto do lucro e a moral livre" e uma parte dos casais, escolhendo o "conforto de momento", prefere não ter filhos. O chefe da Igreja Ortodoxa Russa destaca: não deve haver crianças abandonadas, é necessário apoiar as famílias numerosas e que adoptam crianças e inculcar nos jovens a "vontade de criar família". "Tudo o que contribua para o reforço da família deve tornar-se uma esfera de atenção especial da Igreja, Estado e Sociedade", - está convencido o Patriarca.

Nas palavras do ministro da Saúde Pública e Desenvolvimento Social, Mikhail Zurabov, a situação demográfica deve ser melhorada, em particular através do programa de créditos hipotecários para a construção de casas. Algumas regiões, por exemplo, a Bachquíria e a Udmúrtia, já amortizam em parte a jovens famílias os empréstimos contraídos para compra de casa em caso de nascimento de filhos e prevêem facilidades fiscais.

Algumas regiões - no centro do país, no Volga e Sibéria - tentam estimular economicamente a natalidade e, além dos subsídios federais de nascimento (da entidade empregadora e por local de residência - 4500 e 2000 rublos, respectivamente, e o subsídio mensal de 500 rublos; 1 dólar equivale a 29 rublos), pagam aos jovens casais subsídios familiares adicionais. Em Moscovo, os pais até 30 anos recebem 16 mil rublos pelo primeiro filho. Pelo terceiro filho já recebem 32 mil rublos. Em São Petersburgo, as jovens famílias recebem por cada filho um subsídio único de 8 mil rublos. Em muitas cidades, os jovens casais são ajudados na procura de emprego. Tudo isso - sem contar os programas federais "Crianças da Rússia" e "Criança Saudável".

Em São Petersburgo, Kostroma, Vologda, Tiumen, Sakhalinsk, Ekaterinburgo, Perm e Surgut este apoio levou ao aumento da taxa de natalidade em 7% em média. O governo já elaborou um programa para os próximos quatro anos, que inclui medidas para assegurar o crescimento económico e melhorar a esfera social e a situação demográfica, declarou ainda em Junho o vice-primeiro-ministro Aleksandr Jukov.

Os especialistas do Centro de Demografia e Ecologia do Homem acrescentam que para garantir o crescimento demográfico é necessário aumentar sensivelmente as despesas com a saúde pública, a protecção do meio ambiente e a divulgação de hábitos de vida saudáveis. É necessário também alterar "todo o clima social do dia-a-dia", resumem os cientistas. Olga Sobolevskaia correspondente RIA "Novosti"

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