O novo governo velho de Lula

A palavra crise parece estar plantada no centro do Planalto Central, na política nacional, e não faltam escândalos das mais variadas correntes.

A inércia do governo Federal, a falta de mudança na conduta política, o recrudescimento dos movimentos populares, as greves ganhando as ruas, a inoperância das políticas públicas, a organização das forças oposicionistas, os embates e disputas veladas dentro do próprio partido, a desmoralização dos chefes de governos por meio dos seus assessores, a pouca ou quase nenhuma visibilidade dos ministros e dos Ministérios, o aumento da criminalidade e do desemprego nos grandes e pequenos centros, a queda do desenvolvimento do País e do consumo, o aumento da inadimplência, a diminuição do poder aquisitivo da população, a burocratização do Estado, a tentativa de usurpação da Constituição Federal e das autarquias, o aumento da carga tributária e do distanciamento entre a parcela mais rica e a mais pobre da sociedade e o achatamento das classes sociais, são algumas das características que apontam e enquadram um governo velho, cansado, viciado e abatido. Dentro deste quadro pintado pela realidade brasileira, o governo Lula está no primeiro plano, em toda sua extensão.

Para um presidente que se elegeu com o argumento da mudança, da crença em um Brasil melhor, voltado para os interesses nacionais, olhar para este quadro revelado até agora é de uma total desesperança. É como se dentro de cada cidadão, o brando libertador fosse enterrado, engarrafado, para todo sempre.

A política econômica até agora serviu apenas para privilegiar o capital especulativo, aquele que não gera um só emprego e se multiplica com a alta dos juros mantida até aqui na estratosfera. Enquanto o setor produtivo vem há meses registrando baixas e contribuindo com o aumento do desemprego, alavancado pelo desaquecimento do consumo e de novos financiamentos/investimentos, o setor financeiro, os grandes bancos, divulgam lucros anuais nunca antes registrados. É a superação da produção, pela especulação. Uma constatação desta não era para ser feita em um governo que foi eleito com o apoio popular e que se diz ser do Partido dos Trabalhadores. Que descalabro.

Até agora, depois do panegírico anunciado com a divulgação de novas políticas públicas, o IBGE e a Fundação Getúlio Vargas vêm entregar a conta pela total inoperância das políticas sociais do governo. A constatação é que 1/3 da população vive com apenas R$ 79,00 por mês. É a miserabilização da Nação, do povo, do brasileiro. Hoje são aproximadamente 60 milhões de brasileiros vivendo com menos de R$ 3,00 por dia.

O problema é que dentro deste caminho assumido e seguido até aqui por este novo governo, não se vê dentro desta realidade nenhuma perspectiva de alteração neste quadro. Apenas o agravamento deste cenário, com o aumento progressivo de novos miseráveis a serem inseridos nestes números. É o Brasil decrescendo também nos seus índices sociais, do desenvolvimento humano.

Para um governo novo, com apenas um ano e quatro meses de governo, ou 1/3 do mandato, é triste e lamentável ver que ele já se revela contagiado pela febre do poder, cansado demais para realizar qualquer mudança dentro da nossa realidade brasileira. É por isso que figuras passadas da nossa política nacional começam a ganhar visibilidade novamente. Por que o que era para superar os erros e angustias dos governos passados fracassou no intento, revelando ser um pior condutor na busca por novos horizontes.

Assim, dentro desta realidade evidenciada e comungada em todo território nacional, o que era para ser o novo, tornou-se velho, cansado e abatido. Parece que os novos sempre se tornam velhos em Brasília. E nos olhos desesperançosos e aflitos dos brasileiros, que viram a esperança sendo vendida e vencida pelo medo da mudança, não se vê brilho algum, apenas o medo do dia seguinte ser ainda pior que o anterior...

Petrônio Souza Gonçalves jornalista e escritor. E-mail: [email protected]

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