O mundo mudou

O ataque às torres gêmeas pôs em cheque o sistema de vida adotado pela humanidade. De um segundo para outro foi possível perceber a gravidade do quadro atual: os excluídos são duas vezes maiores que os incluídos. E dentro do universo dos incluídos, o um por cento dos mais rico ganha mais que uma quarta parte destes incluídos.

O universo dos ricos começa a se desmoronar. A única premissa válida foi o enriquecimento a qualquer preço. A mesma melodia se repete na invasão ao Iraque.

A riqueza conquistada é o petróleo que deixou de pertencer aos iraquianos. Agora é propriedade particular da Halliburton onde trabalhava anteriormente o vice-presidente norte-americano Dick Cheney.

Enquanto a concorrência vende petróleo do Oriente Médio por U$ 1.20 o galão, a Halliburton vende para os próprios norte-americanos por U$ 2.64. Motivo: o risco em função da reação à ocupação encarece o processo. Na verdade, o jogo econômico exige grandes retornos em curto espaço de tempo.

Essas artimanhas estão com os dias contados. São insustentáveis, indecentes, desleais. Pertencem ao universo da corrupção branca, que utiliza informações privilegiadas. É a pior das piores corrupções.

Qual é a contrapartida da Halliburton para o governo norte-americano? Garantir a reeleição da dupla Bush e Cheney? Determinar os preços do negócio do petróleo?

Não é agradável imaginar essas hipóteses. Uma série imensa de posicionamentos esdrúxulos tem sido muito mais devastadora que a colisão dos aviões contra as torres.

É inadmissível o tratamento dado aos prisioneiros de guerra no Campo de Concentração de Guantânamo. É inadmissível alegar que as leis norte-americanas não alcançam este pedaço da ilha de Cuba por se tratar de território fora dos Estados Unidos. É inadmissível a invasão ao Iraque sob a alegação de suspeitas infundadas: não existiam as armas de destruição em massa, não existiam programas nucleares, não existiam armas químicas e biológicas.

O mundo despertou para outros valores. O principal deles é que todos podem ganhar qualquer universo de dinheiro, desde que promovam o desenvolvimento social e ambiental. De nada adianta 2 bilhões de incluídos sitiados por 4 bilhões de excluídos, famintos e conhecedores de seus direitos. É elementar meu caro Watson, como diria Sherlock Holmes.

A questão do terrorismo é muito mais ampla que as visões limitadas dos senhores da guerra desde Bush, Blair, Aznar até Sharon. Ninguém vai consertar o terror se não abordar de frente, com responsabilidade, o direito de participação da vida econômica, social e política por parte de todos humanos.

Definitivamente, o mundo mudou. E muito.

Orquiza, José Roberto

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