A traição de Lula

No cenário econômico mundial, sempre estivemos em situação excepcional. Basta lembrar que, desde o final da Guerra do Paraguai, em 1870, até 1979, durante mais de 100 anos, foi o país que apresentou o maior desenvolvimento do Produto Interno Bruto de todo o mundo.

Com esse potencial de criação de riqueza, não deveria ter precisado da ajuda do Fundo. O que não significa que não deveríamos usar o capital externo que para aqui viesse a fim de nos ajudar.

Esse capital cobra apenas juros financeiros. Já o FMI, ao lado de juros financeiros, cobra juros políticos, que representam a entrega da nossa soberania.

O que não deveríamos nunca é nos socorrer do Fundo, que é o instrumento de que se utilizam os Estados Unidos para colonizar os outros países. O Fundo é um departamento da ONU mas, na verdade, foi transformado pelos Estados Unidos numa espécie de Secretaria do Departamento de Estado.

Controlando o Sistema Financeiro Internacional, usando o poder, que lhe foi dado pelo Tratado de Bretton Woods, de emitir a moeda internacional, o Fundo Monetário Internacional cria crises artificiais que obrigam os países dependentes a solicitar empréstimos. Ao conceder esses empréstimos, o Fundo faz exigências que, na prática, os transformam em colônias.

Exemplo de como funciona essa engrenagem: durante o crash da Bolsa de Hong Kong, muitos países da América Latina foram obrigados a aumentar os juros: a China, a que Hong Kong pertence, nada sofreu. A Argentina pagava juros de 6% e continuou a pagar 6%. O Chile, cujo único produto de exportação é o cobre, foi obrigado a aumentar os juros de 6,5% para 7%, embora a sua economia fosse mais que o dobro da argentina. Nessa ocasião, o Brasil já pagava 15% de juros, embora a sua economia fosse mais de duas vezes o dobro da argentina e chilena juntas.

O povo brasileiro percebeu que deveria substituir o sórdido governo de FHC por um outro, comprometido com os interesses nacionais. Quem, pelo seu passado de luta, estava mais afinado com um projeto nacional, era Lula, criador do Partido dos Trabalhadores. Uma grande mobilização nacional tornou possível ao nosso povo eleger, contra a imprensa vendida e o poder financeiro, o candidato dos Estados Unidos. Mas, para grande decepção de todos, Lula ao ser eleito, já se havia acumpliciado com os inimigos da pátria, dando seqüência ao mesmo projeto neoliberal de Fernando Henrique.

De inimigo do FMI, Lula, de repente, passou a ser seguidor de sua política suicida, levando o Brasil, rapidamente, a uma situação de caos. Enquanto a situação de miséria e desemprego se amplia no País, o nosso novo rei se diverte na corte européia, feliz por ter mandado de presente 150 bilhões de reais para os banqueiros, nacionais e internacionais.

Foram necessários vários anos para que a UDN revelasse o que, verdadeiramente, era: um partido de oportunistas, em busca do poder, a qualquer preço. Foi necessário muito menos tempo para que o PT revelasse a falta de convicção dos seus integrantes, sempre prontos a trair a palavra empenhada e a esquecer os compromissos com a pátria.

Uma coisa vamos lhe ficar devendo: a demonstração da força do povo que, mobilizado, foi capaz de levar à Presidência da República um simples operário. Essa mesma força , agora novamente mobilizada, poderá exigir que esse presidente cumpra as suas promessas, para que se realize a democracia.

E para que voltemos a acreditar nos homens.

in Jornal Diário da Tarde, página 2, dia 13 de fevereiro de 2004.

Celso Brant Jornalista,

Professor de Direito e presidente do Movimento "A Nova Inconfidência" www.novainconfidencia.com.br

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