Rússia irá ratificar o Protocolo de Kyoto

O processo da adesão da Rússia ao Protocolo de Kyoto ganhou inesperadamente força e entrou na sua etapa final. Pelo menos a máquina burocrática começou a tratar do assunto, tendo o primeiro-ministro da Rússia, Mikhail Fradkov, já assinado a respectiva circular. Agora o documento está na mesa do Presidente.

Ao mesmo tempo os peritos vêm debatendo as versões e os pormenores das causas que fizeram retirar do ponto morto este assunto problemático.

De acordo com uma das versões, trata-se de alguns entendimentos entre dois influentes grupos de lobby - o sector energético e o metalúrgico. Os primeiros eram a favor da adesão ao Protocolo de Kyoto desde o início, enquanto os últimos eram contra. Por outras palavras, criaram-se dois grupos opostos.

O Protocolo de Kyoto foi assinada pela Rússia a 11 de Março de 1999, mas a sua ratificação tem estado sob questão ao longo destes anos.

O primeiro grupo afirmava que a adesão ao Protocolo de Kyoto iria dar à Rússia um impulso suplementar, aproximando-a da União Europeia, da qual receberá os respectivos dividendos. Foi esta a argumentação do sector energético, liderado pela RAO "EES Rossii" (Sistemas Energéticos Unificados da Rússia"), cuja política tarifária tem sido motivada precisamente pela perspectiva de adesão, pois o cumprimento das condições do Protocolo de Kyoto implica a modernização do sector. Sendo assim, todas as despesas são incluídas de antemão nas tarifas energéticas.

O segundo grupo, formado na sua maioria por influentes representantes do sector metalúrgico, consideraram toda esta argumentação como infundamentada e mesmo destrutiva. Acontece que algumas indústrias (produção de alumínio, metais ferrosos, produção de energia, entre outras) irão vir a sofrer sanções em resultado da entrada em vigor do Protocolo de Kyoto.

A indústria de alumínio corre o risco de ser a primeira vítima. Um dos produtos colaterais desta indústria, o gás inerte CF4, figura no Protocolo de Kyoto entre os gases de efeito estufa, cujas emissões implicam os respectivos pagamentos. A produção de cada tonelada de alumínio implica a emissão de 50 a 100 kg do CF4.

Para além disso, a indústria metalúrgica consome muita energia eléctrica e, tendo em conta o aumento das tarifas energéticas de acordo com os artigos do Protocolo de Kyoto, os produtos desta indústria de fabrico nacional deixarão simplesmente de ser competitivos no mercado mundial.

Ao que parece nos últimos anos o sector metalúrgico havia apresentado uma argumentação bastante convincente contra a adesão da Rússia ao Protocolo. Esta posição, em particular, era ainda partilhada pelo conselheiro económico do Presidente da Rússia, Andrei Illarionov.

Mas de repente o balanço foi alterado. Considera-se que a decisão da Rússia de ratificar o protocolo e Kyoto deve-se à posição mais construtiva da União Europeia em relação à adesão da Rússia à Organização Mundial do Comércio (OMC). Quer dizer, o protocolo de Kyoto é uma espécie de moeda de troca na solução de muitas questões. A Rússia aproveitou a ratificação para "arrancar" aos europeus algumas condições a seu favor. Há quem diga que no âmbito da adesão ao Protocolo de Kyoto foram prometidas certas preferências para o sector metalúrgico russo, cujas vantagens ultrapassam as eventuais perdas. Seja como for, mas os representantes do sector deixaram de bloquear a aprovação desta decisão, muito importante para a União Europeia.

Yana Yurova observadora política RIA "Novosti"

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