Pouco e demasiado tarde

Os Estados Unidos da América vão abrir contratos no valor de seis bilhões de USD no Iraque. No entanto, estes contratos serão para trabalhos que não sejam relacionados com o sector da construção, estes sendo limitados aos países que apoiaram a invasão daquele país.

Os contratos abertos hoje são para acções de formação, o fornecimento de equipamento e serviços. As firmas que prestam estes serviços terão de entrar num concurso público, o que não foi o caso com o Halliburton (ligado ao vice-presidente Richard Cheney), que ganhou bilhões de USD de contratos no Iraque sem qualquer concurso.

Estes duplos valores foram mais uma vez visíveis no discurso proferido por George Bush na Universidade Nacional de Defesa na quarta-feira, em que ele pediu melhor regulamentação pela Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), devido ao facto que esta agência não conseguiu impedir o lançamento de programas nucleares na Líbia e na República Democrática Popular da Coreia.

Eis um George Bush, o homem que desrespeitou a ONU e sua Carta, o homem cujo regime quebrou os termos da Convenção de Genebra no seu ataque assassina e selvática contra o Iraque, suas infra-estruturas civis e seu povo (dez milhares de mortos, dezasseis milhares de feridos e mutilados), que tem o descaramento para falar num organismo que pertence à organização que ele insultou tão flagrantemente.

Em pedir à ONU que passe legislação no Conselho de Segurança que impõe controlos mais estreitos sobre as exportações de todos os países para limitar a proliferação, George Bush tenta ganhar algum espaço de manobra e alguma autoridade perante a comunidade internacional, depois da humilhante descoberta que seu regime mentiu ao seu povo, mentiu à ONU e mentiu à comunidade internacional acerca das Armas de Destruição Maciça no Iraque.

Eis o presidente do regime que foi co-responsável pala apresentação de documentação forjada à própria AIAE, que afirmava que Bagdade estava a comprar urânio tipo “yellowcake” de Níger para seu “programa de armamento nuclear.” Foi o director da AIEA, Dr. Mohamed El Baradei, que notou que as assinaturas eram falsas, nem o governo de Níger utilizava aquele tipo de papel timbrado.

Que direito então tem o George W. Bush, o assassino em grande escala e criminoso de guerra, de falar em regulamentação?

Se George W. Bush passasse mais tempo a respeitar os fóruns da lei internacional e menos tempo em desrespeitá-los, teriam mais hipóteses de agir com eficácia. Se George W. Bush está tão preocupado acerca da regulamentação internacional, poderia começar por respeitar a ONU, entregar o controlo deste país total e imediatamente a esta organização, pagar reparações ao povo do Iraque, e apresentar-se ao Tribunal Penal Internacional para ser julgado pelos crimes de guerra que cometeu.

Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru

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