Guerra: Deixem o povo decidir

Neste momento na história do mundo, onde a Diplomacia e o Diálogo enfrentam a sua mais grave crise de sempre, onde um país tenta dominar o planeta, implantar a sua “cultura” e usurpar poderes em regiões geográficas que nada têm a ver com os seus confins, a decisão de lançar uma guerra ou não está em quinze pares de mãos.

Cabe aos membros do Conselho de Segurança da ONU fazerem uma decisão histórica, que transcende o Médio Oriente: no limiar do terceiro milénio, medem-se outra vez as forças do Bem e do Mal, há que escolher entre o que está certo e o que está errado.

Que o povo do mundo não quer a guerra, está claro. Como então argumentar, que se a vasta maioria da população não quer que o Iraque seja atacado e quando não restam dúvidas que esta maioria acredita firmemente que a crise deveria ser resolvida por diplomacia, seria aparente que a ONU, nomeadamente o seu Conselho de Segurança, seria o Fórum apropriado para tal decisão.

Porém, é mais complicado do que isso. Se a votação fosse realmente livre, se se baseasse em termos de diplomacia, de diálogo aberto e de debate livre, seria. Mas não. As forças exercidas e as ameaças feitas directa ou indirectamente aos países votantes são enormes.

O diálogo aberto na ONU é do tipo “Se não votarem a favor duma moção de guerra, iremos cancelar o apoio que recebe e a sua população irá morrer”. A diplomacia é do tipo “Ou votam connosco, ou são terroristas e serão atacados mais tarde”. O debate livre não o é, simplesmente: Os EUA conseguiu criar um Império do Mal, fundamentado no USD e não necessariamente, mas não é de excluir, nas armas, império este que tem tanto poder que até interfere activamente no único fórum de discussão legalmente comprometedor no Mundo.

O argumento que a ONU é inútil é um insulto ao muito trabalho feito por milhares de pessoas a volta do planeta, melhorando as vidas de inúmeras pessoas, muitas vezes pondo as suas em risco.

No entanto, é este modelo da ONU, sedeado em Nova Iorque, que tem de acabar porque já está defunto. Os EUA tornaram-no incapaz de formular as políticas para os quais foi instituído.

Esta cúpula de democracia, na terra de quem brada aos céus que é o grande defensor dos direitos do homem e a seguir, emprega munições químicas ou rádio-activas contra civis, está reduzido a negociações em que os membros pedem aos EUA como devem votar, para preservar os preciosos subsídios e programas de apoio, em vez de debaterem livremente os grandes princípios que enfrentam a Humanidade, como tantas prostitutas a tentar não dar todo o negócio da noite ao chulo.

É uma vergonha o que os EUA fizeram à ONU. Esta organização como tal, é um instrumento inútil, pintado com os Stars e Stripes, que canta God Bless America. Por esta razão, deveria ser retirada da Nova Iorque porque se os Estados Unidos são incompetentes ou irresponsáveis demais para serem o anfitrião a uma organização com uma missão, a priori, tão nobre, não merecem que esteja numa cidade deste país.

Retirem a ONU do controlo norte-americano e já que os países que constituem o júri fazem a sua deliberação pressionados e ameaçados por fora, como em qualquer tribunal de lei, até nos EUA, esta votação não pode ser aceite porque a deliberação não foi totalmente livre.

Os Estados Unidos da América pregam a liberdade mas praticam o fascismo. O Eixo do Mal é constituído por este país e a mão-cheia de sicofantas que passam a vida a correr atrás de Washington. Se os cidadãos do Mundo estão contra a guerra, têm o direito de serem ouvidos, num processo de plebiscitos.

Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru

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