VIAGEM PELO MUNDO EM 2.004

Poluição, superpopulação, crescente número de carros, falta de tempo das pessoas de serem humanas, pelas dividas adquiridas por elas na nova ordem econômica européia, onde o seu credito não tem limite, mas que o tempo lhes indicará que NUNCA terão dinheiro para pagar o que devem. Tristeza de TODOS, depois de alguns anos dentro desse sistema, de saberem não poder continuar a possuir o que possuíam, e terem que devolver o que gostariam de ter. Sobre esses fatos, falo no meu artigo, “A economia capitalista dá o seu, último suspiro” Agora, vamos à narração da viagem em si.

Embarco no navio “Island Escape”, um transatlântico de bandeira de Bahamas, mas de propriedade de um armador norte-americano, no dia 20 de março, no Rio de Janeiro, depois de me despedir de minhas irmãs, Dalva e Delphina, que infelizmente não puderam me acompanhar. Dia virá em que poderei levá-las, mesmo não sendo para a Europa.

O navio, como todo grande navio, mostra a sua grandiosidade, aparentemente digna de acolher qualquer tipo de passageiro. Infelizmente, sinto, já no primeiro dia de viagem, que o apelido que deram ao navio, dado a classe de passageiros que leva, serve perfeitamente para mostrar o tipo de viagem que levei: “Piscinão de Ramos”.

A diferença entre esse navio e outros, em que atravessei o Atlântico, foi que, esse era um antigo ferry-boat norte-americano transformado adequadamente em um navio de passageiros e a segunda diferença, que, além dos outros restaurantes, existia nele um restaurante tipo self-service aberto durante 24 horas.

Depois de me alimentar e visitar todas as acomodações do navio fui dormir.

Como o restaurante onde fazia as refeições, ficava no quinto andar e o meu camarote no nono, terminei a viagem, com mais de 300 andares de subida, e 300 de descida.

Desta vez, estava saindo do Brasil, a caminho da Espanha (Ilhas Canárias) e Ilha da Madeira para seguir depois para a Lisboa em Portugal.

A viagem em si foi insípida, com alguns contactos obrigatórios, dado no momento, mesmo não querendo, estar vivendo no meio da sociedade. Tirando as mudanças dos pratos de comida, nada modificava essa viagem bastante tediosa.

Chegamos em Salvador a capital da Bahia, a nossa primeira parada, mas, eu e a minha esposa não descemos a terra por já conhecermos a cidade e por estarmos cansados dos companheiros de viagem.

A única novidade, no dia seguinte à parada em Salvador, foi o infeliz ataque do coração sofrido por um passageiro inglês! Será que o fato se deu porque o mesmo, como eu, estava com o saco cheio?

O navio fez uma escala de emergência em Maceió, a fim de que o inglês fosse levado para um hospital em terra.

Tirando os comentários sobre o infeliz (ou, feliz, por sair do navio) inglês, tudo no navio continuou na mesma.

Mudando quase continuadamente de roupa, os passageiros, hora com risos forçados, pose de auto-executivos, antipáticos como sempre são esses tipos de pessoas, passam por você, deixando um vazio inconfundível.

Entre a chegada e saída de Recife, onde alguns passageiros desembarcaram e outros embarcaram, como em Salvador, nada poderei acrescentar como novidade.

O ambiente continuou o mesmo, e eu, como nada tinha de importante para fazer, comia como um louco, fazendo assim as horas passarem, no que me parecia mais conveniente.

Principiei a ficar doente por muito comer. Tudo de mais, como já sabia, é prejudicial.

Entre os passageiros encontrei dois advogados paulistas, senhores de idade e irmãos gêmeos, que declararam serem amigos íntimos de Lula e Genoino, dizendo inclusive que as esposas dos dois visitavam suas casas a convite das esposas deles. Terminaram, informando que, nunca tinham visto maiores vigaristas! Mais tarde, quando pedi uma declaração gravada, negaram a fazer isso, pois não poderiam apresentar provas de que diziam a verdade.

Os dias foram passando, e eu tentando me conformar com o que o destino me tinha reservado. Pela primeira vez em dezenas de viagens, me encontrava na pior de todas.

Os brasileiros, a maioria absoluta dos passageiros, resolveram jogar “buraco”, e os dias, para eles, foram fantásticos, pois passaram a jogar o dia todo, só parando para comer.

Passagem do Equador, com toda a cerimônia obrigatória; e, tirando esse fato, a viagem continuava, e eu contando os dias que faltavam para chegar a Lisboa.

Um dia, um tripulante desmaiou, e o comandante resolveu deixar o doente em Cabo Verde, onde faria uma parada de emergência, dado o mesmo precisar de tratamento. Os passageiros já estavam assustados, até eu, pois para mim foi um recorde de pessoas passando mal na travessia do Atlântico.

Tento escrever, e fazer o tempo passar o mais rápido possível, mas não tem jeito; e eu continuo, como castigo (por que, não sei) a viver intensamente no meio social, se isso pode se chamar de vida!

A viagem continua, e eu agora cansado de comer e olhar para as pessoas que passam por mim, em ondas intermináveis. Às vezes passo muitas horas olhando para o mar, como a pedir socorro, depois de aproveitar profundamente os momentos.

Como é triste viver num lugar onde a pessoa não se sente bem! O tripulante que tinha adoecido, morreu, foi o aviso que o comandante deu pela manhã, pedindo um minuto de silencio e logo depois, dinheiro para dar à família do infeliz (ou feliz) defunto. Creio que para aproveitar o momento, fomos também avisados de que o passageiro inglês, desembarcado em Maceió, tinha também falecido. Nessa hora, falei com minha esposa, que se mais um passageiro ou tripulante morresse, se estabeleceria realmente o pânico no navio.

Por falta realmente de situações interessantes para contar vou ainda acrescentar que, o navio tinha uma tripulação bastante mista, com camareiras e garçons de diversas nacionalidades: filipinos, hindus, malaios e até pessoas do leste europeu como da Rússia, Ucrânia e a Polônia. A camareira do nosso camarote era da Rússia e se chamava Natalia.

O navio, por ser um ex ferry-boat, balançava bastante e fazia barulhos, completamente desconhecidos por mim nas travessias anteriores.

Depois dos 10 dias da viagem chegamos nas Ilhas Canárias em Lãs Palmas, ilha vulcânica e já minha conhecida, nos tempos em que não conhecia uma única viagem sem umas e outras (bebidas).

Visualmente a ilha estava com aparência de vestida com roupas novas, mas o conteúdo continuava o mesmo.

Eu e Renata saímos do navio para mandar algumas mensagens por e-mail para o “Pravda” e para a família. Os outros passageiros, mais de 90%, “marinheiros de primeira viagem”, saíram para passear pela ilha, e muitos deles chegaram depois da hora marcada, deixando por isso o comandante, muito aborrecido.

Depois de mais um dia de navegação com o ambiente o mesmo da saída, chegamos à ilha da Madeira. Isso querendo dizer, que saímos da Espanha, e agora estamos entrando em Portugal. A Renata e eu, ficamos interessados em conhecer essa Ilha, pois em nossas viagens anteriores, nenhum navio parou nela.

Compramos uma tolha de mesa, especialidade dos habitantes. Creio que uma pequena distração, nessa insípida viagem, não faz mal a ninguém. Depois de umas 5 horas de passeio, voltamos ao navio, certos de que a maioria dos passageiros ainda se encontrava na ilha.

Partimos novamente atrasados, devido aos “marinheiros de primeira viagem”.

A nossa próxima parada foi, graças a DEUS, em Lisboa e com isso chegamos ao fim da desagradável viagem.

Armando Costa Rocha PRAVDA.Ru BRASIL

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