Comentário do nosso leitor português

Meu caro e bom amigo;

De facto, este pessimismo é quase como que uma forma de estar. Mas não é “genético” nem uma fatalidade. Pode crer.

Se ler Eça, nas soberbas páginas da sua “Uma campanha alegre” já ele punha a “nu” toda esta teia compromissos, compadrios e amiguismos que os nossos governantes, desde há muito utilizam como forma de distribuir benesses para colher apoios.

Isto não é de agora. O nosso amado Eça de Queiroz já o denunciava em 1871 e 1872!

E antes disso, Gil Vicente, Camões e tantos outros grandes vultos das nossas letras o fizeram também.

De facto, Portugal é um País com características muito particulares.

Soubemos consolidar a nossa independência em 1143 e mantê-la até hoje intocável e sem separatismos.

Temos uma cultura homogénea num País uno.

Somos, assim, a Nação mais antiga da Europa.

Também tivemos a epopeia dos descobrimentos marítimos, coisa que, na época em que ocorreu, foi um facto científico e de audácia digno de registo.

Fomos dos primeiros Povos do Mundo a acabar com a pena de morte e a prisão perpétua no seu Código Penal.

Desde 1856 que tal coisa não existe para crimes civis e, para os crimes de natureza militar a última execução ocorreu durante a 1ª Grande Guerra!

Tivemos muitas coisas más, infelizmente, como aliás outros países têm ou tiveram também.

Mas sabe, meu bom amigo, de facto o meu amigo tem razão.

Fizemos a EXPO 98 com uma eficiência digna de qualquer País dos mais avançados.

Estamos a meses do Euro 2004 e temos os Estádios prontos, concluídos e de altíssima qualidade.

Não sei mesmo se, neste momento, algum País europeu tem tantos Estádios “topo de gama” como nós.

Temos aeroportos bons, modernos, funcionais e bem equipados.

Como diz você, e muito bem, estamos bem apetrechados.

Não teríamos, portanto, razões de maior para “barafustar”.

O facto, infelizmente, é que temos. E muitas!

Os nossos governantes continuam a gerir mal e a ocupar o aparelho de estado com amigos, membros do seu partido e pessoas comprometidas com o regime.

O “sistema” está montado de tal forma que convencem as pessoas, através de uma máquina de “media” bem montada, que não há alternativa a não ser as “alternativas” oficiais – sempre as mesmas - que se apresentam a votos.

E, assim, os políticos são praticamente os mesmos desde o 25 de Abril de 1974…

E, assim, o sistema funciona proporcionando bons “tachos” e até boas reformas aos amigos, correligionários e demais compadres…andando o Pais mal gerido e entregue ao oportunismo mais primário.

E, por esta mesma via, ele, o sistema, vai apodrecendo. Por dentro.

Por isso é que os portugueses andam tristes, pessimistas e com um “amargo de boca” permanente.

Por estranho que possa parecer, é mais fácil as pessoas protestarem por tudo aquilo que não acham bem do que descobrirem como sair da “asneira” em que se atolam.

Lá virá o tempo em que poderá constatar que os portugueses não são pessimistas geneticamente.

Eu tenho esperança que assim seja.

Otchin priatnu!

Poka!

Jorge Russell

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