Um prato indigesto

A cada dia que passa, o governo Lula vem nos mostrar o crescimento do tétrico espetáculo, coisa que o presidente vem alardeando desde que chegou à presidência da República. O governo Lula tornou-se uma pornô-chanchada, uma entidade surreal, onde todos fazem tudo e ninguém sabe de nada, tudo bem debaixo dos olhos néscios do presidente deslumbrado, que prefere viajar do que governar, legislar, presidir o país dos 180 milhões de enganados. O pior de tudo isso é constatar que os brasileiros votaram em quem confiavam, para governar suas vidas, os seus destinos, e, no poder, o presidente não quis, não foi capaz de governar o país, de ter ciência do processo em que estava inserido. E, depois de todo escândalo revelado, continua na mesma toada, viajando mundo afora e jogando palavras vencidas ao vento, blefando, como se fosse presidente de um país inexistente, de um mundo perfeito, de um país que não se vê por aqui.

Na noite do último domingo, no programa "Canal Livre", da Bandeirantes, o ex-guerrilheiro Cezar Benjamin, preso, exilado, anistiado, sociólogo e professor, coordenador das duas primeiras campanhas de Lula, em 89 e 94, revelou, com todas as letras, onde começou todo este processo que está aí: Em 93, para retomar o comando do PT que haviam pedido e que reassumiram em 95 com a eleição de Dirceu para presidente do partido, Lula nomeou um desconhecido professor primário de aritmética de Goiânia, Delubio Soares, para representante da CUT no Conselho do FAT. Era o começo de tudo. O FAT é o Fundo de Assistência ao Trabalhador, com mais de R$ 30 bilhões do FGTS. Com um Conselho, controlado pelo governo, do qual fazem parte as Centrais Sindicais, entre as quais a mais poderosa, a CUT, que é o braço financeiro do PT. O Conselho é quem decide os investimentos. No FAT nasceu Delubio e sua mafiosa forma de arrecadar dinheiro, cujas escusas virtudes financeiras só Lula e Dirceu conheciam. Na campanha de Lula em 94, Cezar Benjamin descobriu que o grosso do dinheiro do partido vinha criminosamente do FAT. Benjamin chamou Lula, Dirceu, o comando do PT, e disse que aquilo era um escândalo inaceitável. Lula e Dirceu mandaram que em nome do partido ele esquecesse tudo - Lula sempre faz isso. Benjamin não esqueceu, discutiu em reuniões internas e abandonou o PT. Já naquela época, Benjamin profeticamente disse a Lula, Dirceu e todo o grupo Articulação: "Isso aí é o ovo da serpente". Dez anos depois, Lula, Dirceu e o PT vêem o que o ovo da serpente gerou, este fantasma que assombra o governo o PT e o Brasil.

Apesar de tudo isso, Lula acredita piamente que será reeleito presidente da República. Em sua nova campanha veremos, no palanque, do seu lado direito o José Dirceu; do seu lado esquerdo, José Genoíno; atrás dele: Silvio Pereira, Marcelo Sereno e Delubio Soares. Nos bastidores: Duda Mendonça, Marcos Valério e Luiz Gushiken. Quando for perguntado como governará o Brasil em seu novo mandato, Lula lembrará a célebre frase do deputado petista João Magno, e dirá que fará na presidência da República exatamente aquilo que "todos os políticos fazem há 30 anos no Brasil". E todos nós teremos que engolir isso: haja estômago.

Lula, o primitivista, é uma Evita Perón às avessas, que chora em nossos ouvidos as mazelas do seu pobre Brasil que ele não foi capaz de mudar, de governar. Agora, estamos todos nós como ele: infelizes e com medo do que há de vir.

Petrônio Souza Gonçalves jornalista e escritor

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