Iraque: O ponto de vista simplista, para débeis mentais

Para George Bush, a guerra no Iraque não poderia ser mais simples. Se o regime Ba’ath de Saddam Hussein não está a favor dos EUA (adquirir por procuração os recursos naturais do seu país), então está contra Washington e sendo assim, terá de ser destruído porque é uma ameaça à segurança nacional. É este o ponto de vista simplista, para débeis mentais.

De facto, na prática, as coisas estão bem mais complexas. Para eliminar o regime em Bagdade, precisava-se dum pretexto. Não houve. Por isso, foi necessário inventá-lo, e inventaram. Primeiro tivemos as “provas duras” de Powell, que não eram mais do que uma cópia dum texto escrito 12 anos antes feita pelos Serviços de Inteligência britânicos e depois, tivemos os documentos apresentados à ONU, que insinuaram que o governo de Niger vendia urânio “yellowcake” ao Iraque, contra a lei internacional, documentos que Mohamed El-Baradei classificou como falsificados.

Na frente diplomática, as coisas também não corriam bem, pois o Conselho de Segurança tinha feito a sua posição bem clara, nomeadamente que não iria apoiar qualquer acção bélica.

Uma decisão inteligente teria sido reconhecer que não havia pretexto, nem estava certo o momento no palco diplomático para um golpe de teatro. Contudo, quando pessoas com o calibre de Bush e Rumsfeld estão envolvidas, a decisão inteligente é talvez o que menos se espera e neste caso, tomaram a pior possível decisão.

Os EUA cometem crimes de guerra no Iraque, as forças armadas dos EUA estão a assassinar civis, estão a deitar bombas sobre hospitais, matando crianças, mulheres. Milhares de iraquianos estão a tentar entrar no país para combater o invasor. Será este o povo tão oprimido?

As forças dos EUA não são libertadores, são os agressores. Se o George Bush não usa os forums democráticos de debate, age como um ditador, embora critica o Saddam Hussein de o ser. Se as suas forças armadas cometem actos de assassínio num conflito ilegal, cometem crimes de guerra e Bush, como Comandante das Forças Armadas, é um criminoso de guerra, um assassino. Não é questão de opinião, é facto, baseado nos princípios da lei internacional.

Visto do ponto de vista simplista de Bush, se ele não está a favor dos princípios do direito internacional, então deve ser contra e por isso, é uma ameaça à segurança nacional dos outros países na comunidade internacional.

Se o Bush não usa os canais apropriados de debate, ele é tanto ditador quanto o Saddam Hussein e se Saddam Hussein já enviou pessoas para serem mortas, também o Bush, como governador de Texas.

Se a TV iraquiana mostra prisioneiros de guerra americanos, também o CNN mostra prisioneiros de guerra iraquianos. Se Bush se queixa que alguns soldados iraquianos não vestem uniformes, então também não os operativos da CIA trabalhando atrás das linhas do inimigo. São supostos colocar um alvo e uma seta, com um papel onde se lê “Perigo! Matem-me!” ?

No ponto de vista simplista do Bush, a Resistência Francesa era um bando de terroristas, lutando contra as forças do mal de Hitler e a política de terra queimada de Estaline era uma acção cobarde. Quando o povo é atacado no seu país, faz tudo o que pode para defendê-lo. E faz bem.

Bush, o débil mental, é uma insulto para a Humanidade, é um insulto para o seu povo e é um insulto para a história internacional que irá julgá-lo, com Cheney, Rumsfeld, Powell, Rice, Blair, Straw e Hoon como um grupo de assassinos, que tentaram destruir a autoridade da ONU como órgão de lei e forum de debate, desrespeitando os princípios fundamentais da diplomacia e quebrando as normas da lei internacional, numa campanha criminosa e assassina.

Todos os piores medos partilhados por milhões de pessoas à volta do mundo acerca dos planos da administração Bush foram afinal totalmente e muito bem fundadas. A administração Bush, na sua visão simplista, criminosa e assassina da gestão de crises, assegurou que os Estados Unidos da América será considerado, no melhor, com desconfiança e desgosto e no pior, com um profundo e sentido ódio, desprezo e sede de vingança.

Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru

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