Desaparecerá a Rússia como grande potência?

De acordo com o cenário desfavorável, em meados deste século ficarão no país apenas 77 milhões de pessoas e na melhor das hipóteses - 123 milhões.

A causa principal da continuada redução da população é a baixa taxa de natalidade. As estatísticas testemunham que em 1989 havia no país 147 milhões de pessoas. Nos anos ulteriores, a população começou a diminuir por causa da redução da taxa de natalidade. E se na década de 90 o decrescimento natural era quase em 40% compensado pelo fluxo de imigrantes, nos últimos anos esta fonte ficou praticamente esgotada. Nas palavras de peritos, a crise demográfica é evidente, só sendo possível ultrapassá-la aumentando a taxa de natalidade.

Mas na Rússia isso é difícil, porque o Estado se distanciou dos problemas da família. Eis como a dirigente da Comissão da câmara baixa para os Assuntos das Mulheres, Família e Crianças, Ekaterina Lakhova, avalia a situação demográfica. Falando à RIA "Novosti", a deputada reconheceu que a sua tentativa de tirar do ponto morto o problema do apoio à família sofreu um fracasso. Ekaterina Lakhova, em conjunto com o seu colega Andrei Issaev, preparou um projecto de lei que prevê uma ajuda real às pessoas que decidam ter filhos. Em particular, foi proposto pagar um subsídio único de 20 mil rublos depois do nascimento de uma criança e aumentar os subsídios às mães solteiras, cujo número no país se aproxima de 900 mil, etc. Mas o governo rejeitou estas propostas. "O poder ainda não se deu conta da iminente ameaça para a nação", - constata Ekaterina Lakhova.

É interessante a visão deste problema do conhecido demógrafo russo, director do Centro do Estudo de Problemas da População junto da Universidade de Moscovo, Valeri Elizarov. "Nem quero pensar nos prognósticos tão distantes, porque se deduzem a partir da fórmula "Que será, se...?". Este "se" é praticamente impossível de considerar, - diz o demógrafo. - Hoje podemos prognosticar com exactidão os processos laborais dos anos 20 do nosso século. Hoje já nasceram aqueles que atingirão nessa altura a idade activa e reprodutiva". Nas palavras de Elizarov, as realidades na Rússia são tais que a redução da população irá continuar. Os ritmos deste processo dependem de múltiplos factores, inclusive da situação sócio-económica no país e da capacidade do Estado de apoiar a família. Hoje em dia, ainda se sentem as consequências da crise económica. Mas, será que se, suponhamos, dentro de dez anos a situação económica no país melhorar, crescerem os rendimentos da população e o Estado estimular a natalidade, a tendência mudará substancialmente?

"Na Rússia, as autoridades preocupam-se por enquanto com a solução dos problemas sociais urgentes", - continua Valeri Elizarov. Contido, mais cedo ou mais tarde, terão de dedicar-se ao problema da natalidade. E quanto mais cedo o fizerem tanto menos dramática será a realidade em comparação com os cenários hoje previstos de desaparecimento de uma Rússia forte do mapa geopolítico do mundo", - ressalta o demógrafo.

Vassili Kononenko observador político RIA "Novosti"

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