INSTITUTO DE MOSCOVO CONFERE DIPLOMAS DE POETA

O próprio Instituto é fruto da Revolução Socialista de 1917, quando as pessoas viviam dominadas por uma utopia apaixonante, isto é, transformar o seu país num exemplo a ser seguido por toda a Humanidade. O Instituto foi fundado em 1933, por iniciativa do célebre escritor russo Máximo Gorki, que não chegara a terminar o ensino secundário e sempre sonhara em tirar um curso superior. Até escreveu uma vez que gostaria de andar na Faculdade mesmo se, em troca, fosse castigado com varas todos os dias, de manhã e à noite.

Este grande desejo de adquirir novos conhecimentos, não obstante todas as dificuldades, era partilhado por todos os jovens soviéticos daquela época, quando as pessoas estavam convencidas que pela educação era possível criar um homem novo. Muitos pensavam na altura que o entusiasmo era suficiente para transformar uma pessoa em bom engenheiro, bom médico e até em grande escritor ou poeta.

Por mais paradoxal que pareça, esta ideia chegou a ser parcialmente realizada. Durante os 70 anos da existência deste Instituto, licenciaram-se centenas de jovens que vieram a ser escritores, entre os quais se contavam também alguns grandes talentos, nomeadamente o celebre poeta e escritor soviético Konstantin Simonov e o ilustre poeta Serguei Mikhalkov, que escreveu muitas poesias para crianças e também a letra de dois hinos nacionais - da URSS e da Federação Russa.

O Instituto de Literatura é um dos estabelecimentos de ensino superior mais prestigiados da Rússia. A admissão é feita através de concursos muito selectivos e disputados, havendo, normalmente, dez candidatos por cada vaga. Nestes concursos participam milhares de jovens de todo o país, enviando os seus manuscritos. Só são admitidos os melhores. O ensino nesta escola é gratuito. Nos últimos anos, a profissão de escritor na Rússia deixou de ser tão prestigiosa como era antigamente. Nos tempos que correm, é considerado melhor trabalhar num banco do que tentar tornar-se um novo Dostoevski. Apesar disto, os professores do Instituto, na sua maioria escritores e poetas de renome, não abandonam a sua profissão, continuando a dar aulas como de costume.

O Instituto de Literatura "Máximo Gorki" tem sido sempre um Templo da Arte. É um local onde são organizados serões da poesia e toda uma espécie de eventos ligados às letras. Por exemplo, o Instituto acolheu recentemente uma conferência internacional de professores de literatura inglesa. Contudo, a vida dos escritores fora deste Parnaso está longe de ser fácil. Escrever livros sérios já não é um negócio lucrativo, enquanto os poetas dificilmente conseguem ganhar o pão de cada dia.

O elitismo do Instituto está em vias de terminar, o que é confirmado, por exemplo, por anúncios publicados na sua página na Internet. "Quem quiser aprender a escrever policiais pode inscrever-se no nosso seminário de policiais e literatura de aventuras", lê-se num deles.

Ultimamente, o Instituto até passou a orgulhar-se dos seus licenciados que se especializaram em literatura de cordel.

O ensino no Instituto é presencial ou por correspondência. Os estudantes não só aprendem a escrever romances, contos e poesias, como também estudam as técnicas de tradução, o jornalismo e a crítica literária. A biblioteca da escola possui 200 mil volumes. A sede do Instituto é uma moradia decorada com um pórtico sustentado por colunas coríntias. Em frente da entrada principal há um pequeno jardim com uma estátua do escritor russo do século XIX, Guertsen, que nasceu nesta casa.

No período soviético, esta moradia foi residência de outros dois grandes escritores russos - do poeta Ossip Mandelchtam, que morreu nas masmorras estalinistas, e do romancista Andrei Platonov, que trabalhava no Instituto como empregado de limpeza e morava num quarto minúsculo, onde escreveu quase todos os seus romances geniais. Nos tempos de Estaline, Platonov não conseguiu publicar nenhum dos seus manuscritos, tendo sido esse modesto trabalho a única fonte de rendimentos do escritor. Nos seus romances, Andrei Platonov desmistificava a utopia do colectivismo dos soviéticos. À semelhança dos seus personagens, o escritor levou até à morte uma vida solitária e individualista. Mikhail Bulgakov escolheu a moradia como palco do seu romance "Margarida e o Mestre", ridicularizando o ambiente que reinava nas associações artísticas da União Soviética nos anos trinta do século passado. Pelos vistos, os grandes mestres da Literatura tinham muitas dúvidas quanto às hipóteses de ensinar alguém a ser génio. Na sua opinião, qualquer talento é uma dádiva de Deus.

© RIAN

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