A alienação da arte

A percepção do senso histórico constitui a diferença entre a criação artística original e sua banalização. Muitas exposições em museus e galerias apresentam trabalhos de altíssima alienabilidade. É como se o artista fosse um personagem estranho, exótico, capaz de transformar qualquer coisa em arte, através de alquimias inconseqüentes e casuais.

Existe pouca controvérsia na consideração da arte como expressão de cultura. A discussão se reacende na identificação da arte original, importante, verdadeira, representativa e a pseudo-arte, vaga, dispersa, sem pé nem cabeça.

A dificuldade em compreender a manifestação da arte é facilmente argüida como um mito. As pessoas que não compreendem as peças expostas devem permanecer caladas por conta da suposta genialidade dos artistas.

Infelizmente, os gênios são poucos. O reconhecimento e fama momentânea nem sempre é comprovado pela história. As próximas gerações serão capazes de distinguir novos movimentos, novos avanços, novas conquistas, novas sensibilidades.

Às vezes parece que os artistas têm medo de pensar. Querem ser compreendidos apenas pela capacidade de sentir. Muitos defendem o nascimento da grande obra como um acontecimento do acaso. Pode até ser.

É bem provável que a obra genial venha à luz depois de um parto extenso, difícil, conflituoso, extenuante. O artista interpreta seu meio ambiente, exponencia seu senso histórico, e na frente de todos, procura compreender novas dimensões, novas cores, novas formas, novas manifestações.

Cada criação requer uma melhor. Cada parto é muito mais difícil. Cada obra genial é permanentemente superada.

A arte marcante perdura por todos os séculos e séculos. Atinge o máximo nível de agradabilidade. Comunica. Expressa sentimentos verdadeiros e ricos. É compreendida por todos, sem distinções, sem homogeneidades, sem pressupostos.

A arte mascarada, fantasiada, normalmente acaba junto com sua exposição. Logicamente faz parte do processo. Como o erro faz parte do acerto. Constitui tentativa ao léu, seja o que deus quiser.

É incrível a quantidade de obras sem nome, sem pai nem mãe, forçando qualquer leitura. O artista não é um filósofo, não é um pensador, não é um sábio. Não precisa dar nomes sofisticados. Fundamentalmente precisa sinalizar o caminho, o partido, o rumo até para contrapor banalidades gritantes. A arte não cai do céu. Resulta da manifestação de pessoas integradas com seu tempo, dramas, dores, desafios, oportunidades, sensibilidades.

O abstrato ficou em moda. É uma fuga. Um vazio. Puro caos. O mundo está cercado de abstratos casuais. Grande parte das expressões neste sentido ficou distante dos desafios de Kandinski, Tatlin, Malevitch. Eles perseguiam a composição das cores e formas, em busca de uma compreensão nova, maior, angustiante. Pode refletir a doença do vazio, a doença do sentimento de solidão e perda, a doença caracterizada pelo medo de pensar.

O mundo precisa de artistas geniais. Eles conseguem alavancar a humanidade. Percebem os limites na frente de todos. Revolucionam.

Orquiza, José Roberto escritor e-mail: [email protected]

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