Berlim - Metade dos prémios para o cinema chinês

Simplesmente impressionante: quatro dos prémios da competição internacional do Festival de Cinema de Berlim, ou seja a metade dos prémios, foram para filmes de realizadores chineses. Prémios justos, pois a grande parte dos filmes ocidentais apresentados, quase todos ligados a problemas de família, não possuíam qualidade superior.

Nunca houve tantos filmes com crianças e adolescentes, mostrando mães ausentes, pai exigente mas desinteressado, mãe autoritária e religiosa fanática. Inclusive no filme brasileiro havia um menino que se sentia abandonado pelo irmão.

Mostrou-se também muito sentimentalismo e, talvez (por enquanto simples impressão), estejam surgindo os primeiros sintomas de saturação em termos de violência e sexo. Embora tenha sido o Festival do filme Ninfomaníaca, de Lars von Trier, os bons filmes de Berlim se mostraram muito recatados com uma evidente diminuição de cenas de cama e de brutalidades.

Confirmando nossa crítica, o filme brasileiro não teve boa acolhida junto à crítica e ao público. Ficou a impressão do Festival ter errado ao colocar Praia do Futuro, de Karim Ainouz, na competição, pois o outro filme brasileiro Hoje eu Quero Voltar Sozinho (também com adolescentes e homossexualismo) conseguiu um premio da crítica independente e o Premio do Público da mostra Panorama.

Embora melhor que Praia do Futuro, o filme argentino La Tercera Orilla também não fazia parte dos filmes premiáveis. Porém, a situação não foi melhor para os filmes alemães. Um sobre o triângulo amoroso na vida do poeta Schiller e outro sobre a participação de soldados alemães no Afganistão, ambos ignorados nos prémios.

Os chineses chegaram com três filmes, dois deles foram premiados e levaram inclusive os Ursos de Melhor Ator e Melhor Atriz, perfeitamente merecidos. O Urso de Ouro foi para Carvão Preto e Gelo Fino ( ou Frágil, veremos com que título será distribuído no Brasil), de Diao Yinan.

É um filme policial, no qual, como nos filmes ocidentais desse gênero, existe um detetive, mau cotado entre os policiais, mas capaz de desvendar crimes misteriosos. É o caso de Zhang, um chinês bem típico de bigode, vivido pelo ator Liao Fan (premiado como melhor ator). O caso começa com pedaços e membros do corpo humano encontrados nos vagões de trens de carga, transportadores de carvão. A solução desses crime e de outro, surge numa pista de patinação no gelo, envolvendo a pessoa menos suspeita.

Hoje a China é o segundo maior mercado de filmes. Todos os filmes premiados em Berlim já possuíam distribuidores nos principais países europeus, antes mesmo de serem escolhidos como os melhores do 64. Festival.

 

Rui Martins

 

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