Color de Melo “colorupção”

®

Fahed Daher

Um dia o povo vibrou

Por um moço

que falava com bravura,

que colosso,

condenando a tirania,

muita garra,

contra o roubo e os marajás,

contra a farra

dos trenzinhos de alegria

e bem sei,

condenando de corrupto

o Sarney.

Povo à procura da vida,

depois do militarismo,

vendo o futuro no abismo,

vendo a esperança falida,

no anseio de um novo guia

viu raiar das Alagoas

notícias tantas, tão boas,

nova luz de um novo dia.

Tanto mais foi a fé, quando , elegante,

assumindo os destinos do país

comandou com vigor tonitruante

um governo sem rumo e sem raiz.

Povo angustiado, povo maltratado

pela mentira gananciosa e vil

do atroz fisiologismo descarado

que enegrecia a cara do Brasil...

Blasfemava a sagrada condução

que do bojo da Bíblia a gente bebe

e transformando a fé em corrupção,

insistindo no “dar que se recebe...””

E o moço trouxe a voz das Alagoas,

o povo o recebeu e na emoção,

cantando hinos e tecendo loas

amorteceu o fel do coração.

Um sonho que surgia cheio de altivez

na busca de caminhos novos e seguros

tropeça em Alcenis, em Magris, em “pecês”,

em “canapis”, rosanes, e outros mais, impuros.

Na sociedade onde há justiça

se espanta o mau político e o ladrão.

Quando a lei e a moral entram na liça

não se busca o recurso do canhão.

No parlamento japonês, um dia,

um ministro suspeito em sua honestidade,

sentindo que seu ato comprometeria

seu país, apressou a sua eternidade.

Na Alemanha, também, o velho governante

quando se viu suspeito, não se acovardou;

entre o tumulto estéril de um país vibrante

e a paz da sua gente, pronto, renunciou.

Nos Estados Unidos, Nixon, na espionagem

política foi pego na ilegalidade.

Poderia lutar, mas cheio de coragem

preferiu renunciar ao bem da sociedade.

Getúlio, enredado em trágico atentado.

quando viu envolvido o mano Benjamim,

maldisse o mar de lama e deu-nos o legado

de hombridade e coragem se apressando o fim.

Povo à procura de vida,

depois do militarismo,

vendo o futuro no abismo,

vendo a esperança falida,

no anseio de um novo guia

viu raiar das Alagoas

notícias tantas, tão boas,

nova luz de um novo dia.

“Basta de covardia, a hora soa,

voz ignota e fatídica ressoa,

que vem de onde”?

Do alem.

A nova geração rompe da terra

E qual Minerva armada para a guerra

Toma a espada, olha os céus.

É que de longe, das raias do futuro

Parte um grito, para os homens surdo, obscuro,

Mas para os moços não “

( Castro Alves)

Clame o povo pela lei, a praça é sua.

Clame a lei pela justiça e pela fé.

O lugar de protestar é em plena rua

onde o povo descontente está de pé.

A coragem e a bravura

não se medem pelo murro

que se dá sobre uma mesa;

nem se medem na destreza

de brigar, de soltar urros

nos acessos de loucura.

A coragem é olhar com lealdade

os próprios erros e enfrentar consciente

suas fraquezas, suas fealdades,

seus males e aleijões inconseqüentes.

Evitar causar mal à sociedade,

mantendo altivez e dignidade.

Egoísmo é desordeiro,

corrompe o amor e a moral,

nunca será companheiro

da Pátria e do ideal.

Não leve a pátria, de novo,

ao sacrifício do povo.

Parlamento, C.P.I.,

fantasmas de Canapí...

E a mazela se repete

no cento e quarenta e sete...

E a coisa prossegue ainda

nos jardins da dona Dinda,

nas viagens triunfais.

É hora de dar um basta

neste lero que se arrasta,

antes que o povo descrente

vire fera e de repente

faça uma nova Bastilha,

ou traga a tropa na trilha

de uma nova ditadura.

Deputados, senadores,

percebam todas as dores

que sofre o povo sem guia.

Pois basta de covardia!

Ou existe a culpa e a lei

seja imposta como um rei.

Ou existe a falsidade

e então basta de maldade,

FAÇA-SE JUSTIÇA JÁ.

Fahed Daher

- 05/09/1992- Apucarana.

Sociedade Brasileira de Médicos Escritores.

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