Sérgio Barroso: A obra de Lênin se volta para o novo

Nesta entrevista, feita pelo jornalista Osvaldo Bertolino para a página da Fundação Maurício Grabois , Sérgio Barroso, diretor de Estudos e Pesquisa da FMG e membro do Comitê Central do PCdoB explica a concepção e os objetivos do seminário sobre o pensamento de Vladimir Ilitch Lênin, que será realizado no dia 8 de maio de 2010, na cidade de São Paulo.

Fundação Maurício Grabois

FMG: Barroso, o que motivou a promoção deste seminário?
Sérgio Barroso: São duas motivações básicas. A primeira é a lembrança da passagem dos 140 anos de nascimento de Vladimir Ilitch Ulianov, mundialmente conhecido como Lênin, no dia 22 de abril. A questão não é bem a data, a efeméride. É que existe uma gigantesca campanha para omitir o papel do primeiro dirigente máximo da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). O fato de Lênin ter desempenhado esse papel é, por si só, extraordinário. Ao esconder esse fato e caluniar Lênin, procura-se apagar o que ele expressa como líder político de uma experiência que provou que os trabalhadores podem assumir efetivamente o poder e superar o capitalismo.


A segunda motivação decorre dessas considerações, porque recordar Lênin, para nós, nada tem a ver com coisas do passado. Lembrar Lênin é revisitar suas idéias para mostrar sua contemporaneidade e reafirmar o compromisso com as transformações revolucionárias e socialistas. Um dos objetivos centrais do seminário é exatamente mostrar a fecundidade da sua teoria. Ninguém mais expressa, por exemplo, o que está acontecendo atualmente com a crise econômica — particularmente nos Estados Unidos — do que Lênin em sua magistral obra Imperialismo, fase superior do capitalismo.


FMG: O que exatamente?
SB: Analistas dizem que os Estados Unidos atingiram o auge da noção do que seria um verdadeiro império belicista e opressor dos povos. A fecundidade das idéias de Lênin pode ser demonstrada nessa obra extraordinária, escrira em 1916. Como se sabe, todo clássico — como é considerado Imperialismo, fase superior do capitalismo — tem grande longevidade. Lênin era um gênio teórico e político, um excepcional pensador, que em sua trajetória não mediu esforços para a construção e desenvolvimento de uma teoria para uma nova sociedade.
Este livro é um exemplo que demonstra que a difusão para tornar conhecida a vasta obra de Lênin continua sendo fundamental. Mais do que isso: estimular o estudo da sua produção teórica é importante porque ela continua sendo um instrumento indispensável de luta pela superação da sociedade capitalista. A juventude brasileira, com largo histórico de combatividade e rebeldia, precisa conhecer Lênin e refletir sobre a sua obra, que se volta para o novo, para o caminho de uma nova sociedade.


FMG: Estudar Lênin exige uma metodologia especial?
SB: Estudar Lênin é indispensável. Marx dizia que o conhecimento científico exige percorrer íngremes escarpas para se atingir o cume brilhante. Obras clássicas como Que fazer?, Duas Tácticas da Social-Democracia na Revolução Democrática, o opúsculo que ele escreveu sobre as As três fontes e as três partes constitutivas do marxismo e Acerca das particularidades do desenvolvimento do marxismo são indispensáveis. Recomendo também uma biografia de Lênin, escrita por Gerard Walter, de excelente qualidade.


FMG: Em essência, o que o seminário pretende debater?
SB: Enumero duas questões básicas para este seminário. Primeira: o ineditismo do evento. Não conheço registro de outro seminário com essas características, metodologicamente organizado, que tenha sido realizado recentemente. Estarão presentes conferencistas de elevado teor intelectual. Além de intelectuais de prestígio, estarão presentes lideranças políticos de grande expressão.


A segunda questão é que o seminário se realiza em uma conjuntura de severa crise do capitalismo, com o neoliberalismo despedaçado. O momento é propício para se refletir sobre o desdobramento da crise, que, a rigor, está em seu começo — com a alta finança ditando a dinâmica do capitalismo. Esse tema também será abordado no seminário.


Fonte: Fundação Maurício Grabois

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