A posição da UNESCO quanto ao Monte do Templo

Senhor Presidente, Senhores Deputados, Senhoras Deputadas,
Venho hoje aqui falar do perigo da deterioração de órgãos antes conhecidos por sua importância, mas hoje reféns de grupos ideológicos que deturpam o próprio cerne das organizações, especificamente a ONU e suas agências.


A Organização das Nações Unidas é uma organização internacional fundada em 1945 após a Segunda Guerra Mundial por 51 países comprometidos com a manutenção da paz e da segurança internacionais, desenvolver relações amistosas entre as nações e promover o progresso social, melhores padrões de vida e direitos humanos.


Desde a sua criação o mundo tem a ONU como o baluarte da razão e do consenso mundial. É fato. Podemos lembrar quando os judeus, emocionaram-se ao lembrar a data de 16 de setembro de 1947 quando, sob a batuta do brasileiro Oswaldo Aranha, foi aprovado o plano da Partilha da Palestina, possibilitando a criação do Estado de Israel.


A ONU é responsável por incontáveis ações humanitárias, educacionais, de desenvolvimento sustentável e justiça social e tem buscado ajudar populações mais vulneráveis deste planeta.
Em sua história, a ONU foi fórum de debates importantes para a preservação da paz mundial e foi fundamental para o final de crises importantes como a da Baía dos Porcos, nos anos 60 e particularmente da Guerra Fria. A ONU teve papel protagonista também durante a fatídica Guerra do Vietnã. Foi importante para acabar com a crise da Sérvia e muitos outros conflitos na história moderna.  
Desde sua formação, a Organização criou agências especializadas em áreas específicas de atuação, como a UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, a OMS Organização Mundial da Saúde, a AIEA Agência Internacional de Energia Atômica, entre tantas outras, para melhor servir o povo dos países afiliados no que tange às tantas questões que afligem as gerações deste nosso século.


No entanto, hoje estamos aqui analisando uma grande vulnerabilidade desta nobre organização. Nos últimos tempos, a ONU tem fracassado em implementar planos de paz que impeçam massacres ignóbeis como este que têm virado rotina na Síria.
Sua capacidade de ação diante de ditadores assassinos é quase nula. Negociadores hábeis e dignos como os secretários gerais U Thant, Javier Perez de Cuellar, Kofi Annan e Ban Ki Moon não conseguem avaliar o tamanho do mal e da sede de poder que residem na alma de cada líder sanguinário que comanda ou comandou tropas em, Ruanda, Somália, Sudão e, atualmente, na Síria.
Não é só este fator que inibe e impede uma ação mais efetiva de polícia e de controle das forças de paz da ONU. A Organização, quando se vê diante de problemas eminentemente políticos, territoriais, não consegue obter consenso de seus membros, que obedecem suas próprias agendas e esquecem os valores básicos de integridade humana. Assim, tanto em votações dos países com direito de veto, quanto todos os outros membros, cada qual busca seus interesses e alianças locais convenientes e isto pode inviabilizar uma ação mais coerente da ONU.


Notadamente, podemos citar a última votação da UNESCO referente à condição de Jerusalém e alguns de seus lugares sagrados.
Historicamente em 1945, a UNESCO foi criada, a fim de responder à firme convicção de nações, forjada por duas guerras mundiais em menos de uma geração, que os acordos políticos e econômicos não são suficientes para construir uma paz duradoura. A paz deve ser estabelecida com base na solidariedade intelectual e moral da humanidade.
A UNESCO se esforça para construir redes entre as nações que permitem esse tipo de solidariedade, através da mobilização para a educação, de modo que cada criança, menino ou menina, tenha acesso a uma educação de qualidade como um direito humano fundamental e como um pré-requisito para o desenvolvimento humano, através da construção da compreensão intercultural: através da protecção do patrimônio e apoio à diversidade cultural. A UNESCO criou a idéia do Património Mundial para proteger os sítios de valor universal excepcional, e protegendo a liberdade de expressão: uma condição essencial para a democracia, desenvolvimento e dignidade humana.


Hoje, eis que uma agência com esta nobreza de espírito se curva a interesses políticos regionais e resolve emitir uma resolução tão insana como a de 18 de Outubro, quando ignorou toda a História do mundo e qualificou Jerusalém e especificamente o Monte do Templo como sagrados unicamente aos muçulmanos.
O monte do Templo, em alusão ao antigo templo conforme é conhecido pelos judeus e cristãos, também chamado Nobre Santuário pelos muçulmanos, é um lugar sagrado para judeus, cristãos e muçulmanos também um dos locais mais disputados do mundo. Lá se encontram a Mesquita de Al-Aqsa e o Domo da Rocha construídos no século VII e que estão entre as mais antigas estruturas do mundo muçulmano. Por essa razão, o lugar é também referido pela imprensa como Esplanada das Mesquitas.


Trata-se do local mais sagrado do judaísmo, já que é no monte Moriá que se situa a história bíblica do sacrifício de Isaac. Para os muçulmanos, lá teria ocorrido o sacrifício de Ismael. O lugar da "pedra do sacrifício" (a Sagrada Pedra de Abraão) foi eleito pelo rei David para construir um santuário que albergasse o objeto mais sagrado do judaísmo, a Arca da Aliança. As obras foram terminadas por Salomão no que se conhece como Primeiro Templo ou Templo de Salomão e cuja descrição só conhecemos através da Bíblia, já que foi profanado e destruído por Nabucodonosor II em 587 a.C. dando início ao exílio judaico na Babilônia. Uns anos depois foi reconstruído o Segundo Templo, que voltou a ser destruído em 70 d.C. pelos romanos, com a exceção do muro ocidental, conhecido como Muro das Lamentações, que ainda se conserva e que constitui o lugar de peregrinação mais importante para os judeus. Segundo a tradição judaica, é o sítio onde deverá construir-se o terceiro e último templo nos tempos do Messias.


Quanto à Jeusalém, a cidade tem uma história que data do 4º milênio a.C., tornando-a uma das mais antigas do mundo. Jerusalém é a cidade santa no Judaísmo e o centro espiritual dos judeus desde o século X a.C contém um número de significativos lugares antigos cristãos, e é considerada a terceira cidade santa no Islão.
A primeira vez que a Bíblia cita Cristo em Jerusalém foi quando este tinha 12 anos e peregrinou à Jerusalém com seus pais para participar da Pesach, a Páscoa Judaica, como era de costume de todo judeu àquela época.


Nesse período, Jesus ia ao Sagrado Templo aprender com os judeus e acabou ficando para trás quando seus pais partiram. Quando Maria e José retornaram, encontraram o filho entre os mestres e espantando a todos com sua sabedoria.
Os acontecimentes relativos à morte de Jesus aconteceram todos em Jerusalém e a Via Crucis mostra sua caminhada final com a cruz.
Mas, há mais de 3.300 anos, Jerusaém foi a capital judaica.


Jerusalém é mencionada mais de 700 vezes na Bíblia. Os judeus do mundo rezam voltados para Jerusalém.
Todos estes fatos reais atestam para importância de Jerusalém como cidade sagrada do judaísmo, do cristianismo e do islamismo.
Negar a sacralidade de Jerusalém para as outras duas religiões monoteístas do mundo é negar a própria História do Mundo e a Bíblia.
Por tudo isso, só podemos inferir que a UNESCO e a ONU têm se caracterizado como elemento de manobra de alguns países, majoritariamente muçulmanos, e cria suas resoluções com um parti-pris absolutamente não condizente com suas histórias e seus propósitos.
Justificadamente, as comunidades judaicas e cristãs do mundo ocidental repudiaram esta nefasta resolução da UNESCO e expressaram contundentemente sua revolta.
No Brasil, a entidade guarda-chuva de todas as organizações judaicas, a CONIB, Confederação Israelita do Brasil fez circular um documento citando este desvio de propósito da UNESCO.
Este é um capítulo vergonhoso de uma entidade outrora criada com princípios tão nobres.
A realidade é que todos nós devemos estar alertas e denunciar a deturpação destas entidades que deveriam pensar o mundo como um todo e promover o entendimento e a paz entre nações.
 

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