Desenvolvimento duma nave espacial nuclear?

A Rússia está pronta a empreender uma viagem pelo espaço sideral. Quer dizer, pelo menos na área de construção de modernos propulsores, a Rússia pode dar uma contribuição significativa para a exploração do espaço longínquo, ou seja, dos confins do Universo.

Moscovo considera neste sentido muito importantes os entendimentos aprovados por 21 países e 15 organizações internacionais, reunidos no final de Março nos EUA. No centros das atenções estiveram as propostas das agências espaciais referentes a viagens interplanetárias. Os resultados da discussão serão incluídos no documento especial a ser aprovado até Agosto de 2005.

De acordo com a declaração do vice-presidente do Instituto Kurtchatov, académico Nikolai Ponomarev-Stepnoi, anunciada no início de Março no âmbito da Conferência Internacional em Moscovo "Energia Nuclear no Espaço-2005", a "Rússia propõe aos participantes do voo a Marte utilizar as tecnologias de propulsores e unidades de potências nucleares russas".

"Se tomarmos agora a respectiva decisão a nível internacional e começarmos os trabalhos, então para 2017 poderemos fabricar um propulsor e o equipamento indispensável para enviar a Marte uma expedição tripulada", considera o projectista-chefe do Centro Científico Dolejal, Vladimir Smetannikov.

Na opinião de Ponomarev-Stepnoi, hoje em mundo há a compreensão de que as longas viagens espaciais são impossíveis sem propulsores e unidades de potência nucleares. Diga-se de passagem que os propulsores nucleares podem ser usados tanto na etapa de aceleração das naves espaciais como ainda servir de fornecedores de energia.

É de notar que o primeiro propulsor nuclear russo foi criado ainda em 1981 pela empresa Energomash, faltava apenas testá-lo. Mas os trabalhos foram interrompidos devido ao endurecimento das exigências na área de segurança ecológica das pesquisas espaciais. Os trabalhos análogos foram iniciados também nos Estados Unidos, mas as investigações nem sequer chegaram à etapa de testes. Mesmo assim, em termos teóricos o aproveitamento da energia nuclear em foguetões espaciais não é algo novo. Provam-no os resultados do Centro Científico de Sistemas Espaciais da região de Moscovo, cujos especialistas estão a construir o assim chamando propulsor eterno, que pode ser usado não só no espaço mas também na Terra. "Já lá vão vários anos que o Instituto está envolvido na criação de um propulsor sem emissão de massa reactiva" - declarou em meados de Março o director do Centro, Valeri Menchikov. - "A deslocação do aparelho é originada pelo movimento dentro do mesmo de um corpo líquido ou sólido de acordo com determinada trajectória, que se assemelha pela sua forma a um tornado. É muito possível que neste efeito de movimento venhamos a presenciar o fenómeno desconhecido de interacção de um corpo com os campos, cuja natureza é pouco estudada, como por exemplo, o campo magnético", explica Menchikov. O prazo de serviço de um tal propulsor é de 15 anos no mínimo, enquanto o número de ligações equivale a 300 mil. O propulsor é alimentado a energia eléctrica produzida por baterias solares. Na opinião dos especialistas do Centro, o propulsor pode ser usado não só para o comando e a correcção das órbitas de aparelhos espaciais e estações orbitais, mas também nos meios de transporte aéreos e rodoviários.

No entanto contar com um propulsor seguro durante o voo espacial não é suficiente. O maior perigo para a tripulação de uma nave espacial advém da radiação. Neste contexto, o Instituto de Problemas Médico-Biológicos (IPMB) da Rússia levou a efeito uma experiência especial, cujos resultados poderão ajudar os cientistas de proteger as tripulações de futuras naves espaciais do efeito da radiação durante as viagens aos confins do Universo.

De acordo com um investigador do IPMB, Vladislav Petrov, este ano planeia-se iniciar na EEI uma experiência de estudo do impacto sobre o organismo humano da radiação secundária, à qual podem vir a ser submetidas as tripulações de voos interplanetários, por exemplo, a Marte. De acordo com o cientista, para tal serão transportados para a EEI aparelhos de registo de neutrões, elaborados pelo Instituto de Pesquisas Espaciais. "Esta aparelhagem funciona com base no mesmo princípio que o do aparelho montado na sonda americana Odyssey, que hoje circula em torno de Marte. Um aparelho irá registar a radiação de neutrões dentro da estação e um outro - fora da mesma. Durante a análise de dados será ainda levada em conta a informação referente ao meio ambiente marciano obtida pela Odyssey", assinalou Pekhtin.

Andrei Kisliakov observador política RIA "Novosti"

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